Dois blocos cancelam desfiles em BH e mais quatro estão em suspense

Com alvará negado pelo Corpo de Bombeiros, seis blocos buscam rotas alternativas para garantir cortejo na festa. Dois afirmam que corte é definitivo e temem reação de foliões

por Junia Oliveira 09/02/2018 06:00
Benedikt Wiertz/Divulgação
O Tico-Tico Serra Copo em desfile de 2015: um dos pioneiros da retomada do carnaval de BH, bloco promete ir à Justiça para manter trajeto escolhido (foto: Benedikt Wiertz/Divulgação)

Seis blocos de carnaval ainda estão com os desfiles na corda bamba em Belo Horizonte, sem definição do local de onde sairão. Hoje, o Corpo de Bombeiros dará o veredito final. Desde a semana passada, a corporação discute a situação de grupos que tiveram o alvará negado por terem proposto trajetos sobre viadutos, perto de rios ou em áreas de inundação. A Belotur afirma que todos os cortejos previstos estão garantidos para sair a partir de hoje, mas dois blocos afirmam já terem tido o cancelamento sacramentado.

A força-tarefa da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) conseguiu regularizar os desfiles de quase a totalidade dos 480 blocos que se inscreveram no maior carnaval da história da cidade, segundo o chefe de gabinete da Belotur, Glauco Carvalho. Ele afirma que as pendências foram geradas devido ao tamanho dos trios elétricos que serão usados pelos blocos. A Belotur não divulgou o nome dos blocos que estão nessa condição.

Ontem, mais um bloco teve o trajeto redefinido. O Carnafunk, que sairia do Bairro Buritis, na Região Oeste de BH, terá concentração na Avenida Deputado Álvaro Antônio, esquina com Avenida Olinto Meireles, no Barreiro. Outro que ainda está passível de negociação é o Tico-Tico Serra Copo, um dos blocos pioneiros da retomada do carnaval em Belo Horizonte. Ele teve seu trajeto de desfile vetado pelos Bombeiros na quinta-feira passada e promete ir à Justiça para tentar viabilizar seu cortejo. Anteontem, os organizadores do grupo encaminharam uma carta à corporação, na tentativa de negociar a viabilidade de seu 10º cortejo, mantendo o trajeto escolhido. O desfile tinha previsão de passar pelo túnel que liga a Avenida Cristiano Machado ao Complexo da Lagoinha, num trajeto de aproximadamente 40 minutos.

Os trabalhos para regularizar todos os blocos foram intensificados desde a última semana. No fim de janeiro, faltavam 100 trajetos para serem analisados. “Desde outubro, quando começa o cadastro online dos blocos, fazemos reuniões com todos eles e todos os órgãos, para justamente achar um itinerário, uma estrutura que caiba ao bloco, mas que também caiba a cidade, protegendo a área hospitalar, tentando garantir ao máximo o transporte coletivo”, disse Carvalho. “É um esforço muito grande em uma demanda de tempo muito curta. Então, é normal e natural que cheguemos a este momento ainda dialogando com os blocos para poder ainda enquadrá-los em uma operação mais redonda”, afirmou Carvalho.

Apesar de garantir que todos sairiam, dois grupos tiveram ontem a apresentação cancelada: Embriagalo, com desfile marcado para sábado, e Bloco do Puleiro, para segunda-feira. Ambos ficariam parados, no estilo concentra, mas não sai, na Avenida Francisco Sá, 76, entre as ruas Platina e Erê, no Bairro Prado, Região Oeste de BH. “Com menos de 48 horas nosso evento foi cancelado pelos Bombeiros”, afirma um dos organizadores, Geraldo Andrade. Com abadás vendidos e evento anunciado, o medo agora é de quebradeira no local, por parte de pessoas indignadas com a suspensão da festa. O local foi barrado por ser área sujeita a inundação.

“Se era para cancelar, que o tivessem feito na reunião que tivemos com a Belotur, em dezembro, ou com a BHTrans, em janeiro. Avisei sobre o bloco à Polícia Militar, ao Juizado da Infância e Juventude e a todas as autoridades. Nas reuniões, questionamos sobre a necessidade de ir aos Bombeiros, mas a Belotur informou que essa parte ficaria por conta dela”, conta. Informado à meia-noite de quarta-feira pela Belotur de que os blocos não poderiam sair, ele cobra providências: “Sugerimos a Rua Diabase, mas não pode ser por causa do Batalhão da PM. A essa altura, não consigo mais alugar trio para sair com os blocos. Quero agora garantia de segurança no local”.

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