Calor não desanima e foliões tomam conta de BH

Com o carnaval batendo às portas, blocos reúnem centenas neste domingo. A partir de amanhã (22), ambulantes receberão credenciais e orientações do Conselho Tutelar sobre trabalho infantil

por Elian Guimarães 21/01/2018 14:00
Edésio Ferreira/E.M/D.A Press
Ana Andrade, uma das criadoras do bloco Charanga das Padês (foto: Edésio Ferreira/E.M/D.A Press)
Sol forte, calor intenso e os blocos de carnaval atraindo centenas de pessoas para ruas e praças em Belo Horizonte. Nem a criançada escapa. Na Savassi, o bloco Charanga das Padês, formado por uma bateria de 47 mulheres, um dos únicos da capital dedicado aos baixinhos, fez seu ensaio pré-carnavalesco recheado de músicas infantis intercaladas com marchinhas de carnaval, samba e axé, entre outros repertórios.

É o quarto carnaval do grupo que começou por meio de redes sociais, espaço em que reunia em torno de quatro mil mães. “Tivemos a ideia de criar um bloco carnavalesco e convocamos todas elas. Apenas 15 se dispuseram a sair no primeiro ano, mas agora já somos 47”, conta Ana Andrade, uma das fundadoras. A bateria é formada por advogadas, médicas, engenheiras, donas de casa e os ensaios começam em julho. Aos domingos pela manhã a praça Diogo de Vasconcelos (Savassi) é fechada ao tráfego e a criançada fica solta e se diverte.
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Bloco Charanga das Padês (foto: Edésio Ferreira/E.M/D.A Press)

Para este ano, a expectativa é de que o bloco atraia 10 mil participantes já no pré-carnaval do dia 4 de fevereiro. "Reunimos em torno de 500 participantes por ensaio. Neste ano, a homenageada será Clara Nunes uma vez que sempre homenageamos mulheres empodeiradas”, revelou Ana. Nos anos anteriores o grupo destacou Frida Kahlo e Carmen Miranda.

Sapucaí de BH

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Bloco Ziriggydum Stardurst, na rua Sapucai, bairro Floresta (foto: Edésio Ferreira/E.M/D.A Press)
 

Na rua Sapucaí, bairro Floresta, região Central, o rocksamba tomou conta da moçada com o bloco Ziriggydum Sapucaí, com o repertório de rock in roll em rítmo de bateria de escola de samba empolgando os participantes. O casal formado pelo microempreendedor Thiago Henrique Silva e a estudante de Letras Marina Medrado encontrou um motivo a mais para sair este ano. Thiago que já participou do bloco no ano passado trouxe a namorada, que toca tamborim no bloco “Vou ali e volto”, do Padre Eustáquio, para curtir o samba rock. Fiel ao seu bloco de origem, Marina disse estar encantada com “a moçada e a bateria”.


Segundo Mônica de Paula, jornalista e produtora de imagens, uma das fundadoras do bloco que sai desde 2016, a bateria é formada por 70 integrantes. O bloco nasceu em homenagem a David Bowie, que faleceu naquele ano. Posteriormente foram incorporados outras homenagens a roqueiros famosos. 

Ambulantes recebem credenciais e orientações

Túlio santos/E.M/D.A Press
Ambulantes receberão credenciais (foto: Túlio santos/E.M/D.A Press)

 
Os ambulantes que trabalharão no carnaval de Belo Horizonte recebem da Belotur suas credenciais a partir de amanhã (22), no Largo da Saideira. No local também serão repassadas orientações sobre trabalho infantil durante a folia. Agentes dos Conselhos Tutelares estarão presentes e prometem orientar os vendedores sobre como lidar com crianças e adolescentes durante o trabalho nas ruas em todo o período momesco.

As informações repassadas aos ambulantes serão relativas à exploração e ao abuso sexual de menores, trabalho infantil, venda e consumo de bebidas alcoólicas por crianças, adolescentes e jovens. Dez mil panfletos com informações e detalhes sobre as questões serão distribuídos aos vendedores nos três dias de credenciamento.

“Essa orientação tem o objetivo de sensibilizar esses profissionais, informando-os de que o trabalho para pessoas menores de 18 anos é proibido e destacando as consequências negativas de expor esse público a situações de riscos relacionados à atividade laboral, principalmente em megaeventos”, afirmou Andréa Passos, gerente de ações estratégicas da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania.

A gerente destaca que o desgaste físico e emocional, os desaparecimentos, a exposição à violência sexual e a exploração do trabalho são as principais consequências da presença de crianças acompanhando seus responsáveis durante o trabalho. “Por isso, é importante que os menores não estejam presentes. Caso eles queiram participar da festa, é necessário que haja um adulto responsável exclusivamente pela criança, que não esteja trabalhando nas barracas”, completa.

Os vendedores ambulantes serão também orientados sobre a venda e o consumo de álcool por menores de idade. Mais de 10% dos atendimentos realizados pelo SAMU no Carnaval de 2017 foram de pessoas menores de 18 anos, boa parte relacionada ao consumo de álcool e outras drogas.

Denúncias - Vale lembrar que denúncias de violações de direitos podem ser feitas para a Guarda Municipal ou no Disque 100. O plantão do Conselho Tutelar, que funciona das 18h às 8h, aos finais de semana e feriados, também receberá denúncias durante o carnaval pelo telefone: (31) 3277-1912. 

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