Veja como foi o fim de semana de pré-carnaval em Belo Horizonte

Festa antecipada animou milhares de foliões em várias regiões de Belo Horizonte. Pelo menos 28 blocos se apresentaram ontem. De pagode a músicas infantis, a diversão foi garantida

Gladyston Rodrigues/EM/DA Press
Bloco Us Beethoven ocupou a Rua Pernambuco, no quarteirão fechado da Savassi (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Depois de a Banda Mole abrir o caminho para o carnaval de 2017 em Belo Horizonte, o domingo de sol forte e de folga para a maioria dos belo-horizontinos foi o cenário ideal para embalar a folia e manter o pique em vários pontos da cidade. Pelo menos 28 blocos se apresentaram ontem, dando espaço para diferentes ritmos e demonstrando o que vem por aí a partir desta semana, quando a festa de Momo entra no calendário oficial. Quem aproveitou o domingo para pular e dançar teve várias opções, passando pelo pagode do Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro, que arrastou uma multidão no Bairro Gutierrez, Região Oeste de BH, e também pelas músicas infantis, que abriram espaço para a criançada no Padecendo na Folia, que agitou a Praça da Savassi, na Região Centro-Sul de BH.

O quarteirão fechado da Savassi acabou virando palco para muitas princesas, super-heróis e personagens de desenhos animados. A criançada lotou a Rua Antônio de Albuquerque com muita animação para ouvir as músicas infantis, tocadas em ritmo de carnaval. As famílias saíram cedo de casa para curtir a folia.

Enquanto os pupilos aproveitavam a folia com algodão-doce e picolé, os pais se refrescavam com uma cerveja gelada. “Dá para curtir, sim, o carnaval com a criançada. Hoje, nem vou participar dos blocos adultos”, disse a empresária Karine Pires, de 33 anos. Acompanhada da mãe, Lúcia Pires, de 59, da irmã Flávia Couto, de 36, e das crianças Maria Luíza Pires, de 1, Guilherme Pires, de 8, Giovana Pires, de 11, e Manoela Pires, de 4, o grupo chamou a atenção com suas saias de filó, camisas de branca de neve e alegria contagiante. “Ontem, fomos de palhacinhas. Sempre combino com minha irmã e com minha mãe de irmos iguais”, disse Karina.

Os chilenos Francisca Garcia, de 36, e Patrício Hernandes, de 44, levaram a filha Emma, de 3, para curtir a folia. “Acho esse clima muito legal. É um momento que paramos de pensar nos nossos problemas, nos problemas do país, só para se divertir. Precisamos mais disso”, disse Francisca. Cinco anos em Belo Horizonte, ela conta que já é veterana na folia. “Acho que deveria ter carnaval no Chile também.”

Marcos Vieira/EM/DA Press
Lúcia Pires, Karine Pires, Maria Luíza Pires, Maria Clara, Giovana Pires e Guilherme Pires fizeram bonito na folia (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
Segundo a fundadora do bloco Padecendo na Folia, Bebel Soares, de 42, cerca de 6 mil pessoas compareceram ao quarteirão fechado da Savassi no ano passado e, ontem, o número bateu recorde. “Acreditamos que cerca de 8 mil pessoas estiveram aqui. Este momento é de muita emoção. Só quem participa sabe como é bom ver o resultado”, afirmou. É a quarta vez que o grupo se apresenta. Com a dispersão dos foliões do Padecendo na Folia entraram os animados do Us Beethoven, que se concentraram na Rua Pernambuco, também no quarteirão fechado da Savassi.

ANOS 1990
O domingo de pré-carnaval em BH também abriu espaço para o pagode. Milhares de foliões se reuniram na Avenida Francisco Sá, no Bairro Gutierrez, para acompanhar o bloco Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro, que seguiu em direção à Praça Leonardo Gutierrez. A festa foi voltada para aqueles que gostam de músicas de pagode dos anos 1990. Sob forte calor, os foliões se refrescaram como puderam. A preferência era para a cerveja, a catuaba e o açaí. As três amigas, Mariana Miranda, de 31, Jacqueline Dornas, de 31, e Luiza Hassen, de 27, deram largada à folia. “Esse é o primeiro bloco de muitos que iremos na próxima semana”, disse Mariana.

Criado em 2014 pelo músico Matheus Brant, em parceria com seu amigo de infância Leonardo Procópio, o bloco Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro surgiu na efervescência do carnaval de rua de Belo Horizonte e conta com um repertório de clássicos como Raça Negra, Katinguelê, SCP e Art Popular. Para compor o bloco, Matheus, que está ligado ao estilo dançante desde o tempo de estudos na UFMG, convidou os músicos Leonardo Brasilino e Rafael Matos do Chapéu Panamá, extinto grupo de samba do qual fez parte.
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Bloco Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro arrastou multidão ontem no Bairro Gutierrez. À noite, foliões foram dispersados pela Polícia Militar (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)

Já as irmãs gêmeas Rafaela Carvalho Bueno e Priscila Carvalho Bueno, de 34, decidiram homenagear a artista mexicana Frida. “Escolhemos Frida pelo que ela foi e por tudo o que ela significa”, disse Rafaela. O namorado Felipe Araújo, de 29, também entrou no clima e se fantasiou de Diego Rivera. “Nos conhecemos no carnaval do ano passado. Agora, comemoramos um ano juntos. Não é que tem como arrumar um namorado nesta época?”, brincou Priscila. As primeiras impressões do bloco foram ótimas: “Está ótimo! Muito bem organizado. Banheiros e muito policiamento”, observou.

Também teve festa na Pampulha, onde os foliões do bloco Deslumbradas cantaram e dançaram ao som de marchinhas de carnaval tomando a orla da lagoa. Eles saíram no Clube Belo Horizonte e passaram em frente a pontos turísticos importantes, como a Casa JK e a Igreja São Francisco de Assis.
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(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS )

Confusão no Gutierrez


A apresentação do bloco Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro, no Bairro Gutierrez, terminou em confusão na noite de ontem. A Polícia Militar (PM) utilizou bombas de gás e de efeito moral para dispersar os foliões que ainda estavam na Praça Leonardo Gutierrez, na Região Oeste de Belo Horizonte. Algumas pessoas alegaram que sofreram ferimentos por causa do uso de balas de borracha pelos policiais. Por meio da sala de imprensa, a PM afirmou que não houve feridos e que ninguém foi preso.    

A apresentação do bloco começou ainda de manhã na Avenida Francisco Sá. Porém, a festa foi estendida até a noite. Segundo a PM, o horário destinado para terminar o evento foi descumprido. Policiais se reuniram com os organizadores e pediram para anunciar que as vias no entorno da praça deveriam ser liberadas. Porém, de acordo com a PM, o pedido não foi atendido. A PM alegou que os policiais foram agredidos com garrafas e que várias brigas generalizadas começaram a acontecer no local. Por causa disso, segundo a corporação, foi feito o uso de bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para a dispersão da multidão. Ninguém foi preso.

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