E a ideia é justamente esta. Aberto, neste momento inicial, para apenas 500 visitantes/dia, o Inhotim do agora é um convite para passeios livres pelo jardim botânico, já que algumas de suas galerias e obras permanecem fechadas. Ainda que a maior parte da visitação seja a céu aberto, o uso da máscara é obrigatório.
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Ana Antonino, de 57 anos, veio de mais longe. Em sua segunda visita a Inhotim, a médica estava num grupo de oito recifenses que estão em férias em Minas Gerais. Visitaram Mariana, Ouro Preto e Congonhas e ainda vão à Serra da Canastra e Tiradentes. Inhotim não poderia faltar no roteiro do grupo.
“Não senti um volume grande de pessoas já na primeira vez que vim. Aqui estou bem tranquila”, comentou Ana, preparando-se para conhecer a Galeria Adriana Varejão. O espaço foi um dos que sofreu, no período de fechamento, restauração. A única diferença para quem for visitá-lo agora é que sua capacidade, de 30 pessoas, passou para 16. E o totem de álcool em gel na entrada – acessório onipresente no parque.
Um dos grupos mais animados era o de quatro senhoras, três delas estreantes em Inhotim. Ilsalena Queiroz, 60, hospeda em sua casa em BH Aníria de Souza Cintra, 72, e Adenar de Souza, 81, de Ituiutaba, e Elsa Souza, 73, de Uberlândia. O trio veio do Triângulo Mineiro passar uns dias na capital e daí aproveitou para conhecer Inhotim.
Várias obras de destaque de Inhotim impedidas de serem visitadas – aquelas que demandam alguma interação do público ou estejam em ambiente muito fechado, caso da Galeria Cosmococa, de Hélio Oiticica e Neville D’Almeida, e da obra Piscina, do argentino Jorge Macchi, um convite para um “tibum” nos dias quentes. O tradicional restaurante Tamboril também está fechado, mas pizzaria, café, hamburgueria e loja permanecem ativas.
Para almoçar, o Oiticica continua de portas abertas – com a capacidade de atendimento de 120 pessoas, metade do original. O serviço de bufê a quilo é feito pelos funcionários, que atendem atrás de proteção de acrílico.
“Desta maneira, garantimos o controle da visitação”, afirmou Antônio Grassi, diretor-presidente de Inhotim. Ele reconhece que a capacidade de público reduzida a 10% é “conservadora”. “Mas é importante neste momento, para não haver possibilidade de retrocesso e também para a gente se preparar.”
Grassi comentou que ao final deste mês haverá uma avaliação para ver se é possível aumentar o público em dezembro. E no final do ano para as férias de janeiro. Toda a programação cultural prevista para 2020 foi cancelada. O que é possível está sendo feito para ser exibido nos canais digitais de Inhotim.
Na segunda-feira (9), por exemplo, com o parque fechado, Jards Macalé grava um show na Magic Square (outra das obras que sofreu restauração). A exibição será até o fim deste mês.
Em maio, oInhotim dispensou 80 funcionários após enxugamento de sua estrutura – que atualmente tem 350 funcionários diretos e 150 terceirizados. Por outro lado, seus 14 patrocinadores continuaram ativos e renovaram as respectivas cotas de patrocínio para 2021. “Hoje conseguimos manter a folha (de pagamento). Não é que (o patrocínio) nos dê segurança, pois hoje tudo está difícil. Mas nos dá estofo para saber onde estamos pisando”, conclui Grassi.