Uai Entretenimento

Inhotim recebe 500 visitantes em sua reabertura; turistas já voltaram

Família paulista viajou 750km para conhecer Inhotim - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.APressInhotim reabriu neste sábado (7) em um modelo quase privê.  Se levarmos em consideração que o público médio diário do instituto em Brumadinho é de 5 mil pessoas, o primeiro dia de visitação desde 18 de março, com apenas 10% deste número, deixou os 140 mil hectares com muito espaço livre, sem a menor possibilidade de aglomeração.

 

E a ideia é justamente esta. Aberto, neste momento inicial, para apenas 500 visitantes/dia, o Inhotim do agora é um convite para passeios livres pelo jardim botânico, já que algumas de suas galerias e obras permanecem fechadas. Ainda que a maior parte da visitação seja a céu aberto, o uso da máscara é obrigatório.



 

A instituição é mineira, mas Inhotim é do mundo. E os turistas, do interior de Minas e de outros estados, já estão de volta. O casal Marilda e Luís Fernandes, ambos de 60 anos, chegou na sexta (6) a Belo Horizonte depois de 750km de viagem a partir de Borborema, São Paulo. Com uns dias de férias, viajaram 12 horas com a filha Ruana, 32 e o genro Agnaldo Poloni, 33, para conhecer o parque. 

 

Aníria Cintra, 72 anos, e Adenar de Souza, 81, em primeira visita a Inhotim - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.APress“Era um sonho meu desde que vi uma reportagem”, conta Luís, que impedido de visitar antes em decorrência da pandemia da COVID-19, pegou o carro logo que soube da reabertura.

 

Ana Antonino, de 57 anos, veio de mais longe. Em sua segunda visita a Inhotim, a médica estava num grupo de oito recifenses que estão em férias em Minas Gerais. Visitaram Mariana, Ouro Preto e Congonhas e ainda vão à Serra da Canastra e Tiradentes. Inhotim não poderia faltar no roteiro do grupo.

 

“Não senti um volume grande de pessoas já na primeira vez que vim. Aqui estou bem tranquila”, comentou Ana, preparando-se para conhecer a Galeria Adriana Varejão. O espaço foi um dos que sofreu, no período de fechamento, restauração. A única diferença para quem for visitá-lo agora é que sua capacidade, de 30 pessoas, passou para 16. E o totem de álcool em gel na entrada – acessório onipresente no parque.



 

Um dos grupos mais animados era o de quatro senhoras, três delas estreantes em Inhotim. Ilsalena Queiroz, 60, hospeda em sua casa em BH Aníria de Souza Cintra, 72, e Adenar de Souza, 81, de Ituiutaba, e Elsa Souza, 73, de Uberlândia. O trio veio do Triângulo Mineiro passar uns dias na capital e daí aproveitou para conhecer Inhotim.

 

Entrada a Inhotim agora é feita no estacionamento - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.APressApesar do pé quebrado, Aníria estava adorando. Ainda mais porque o grupo, que não havia levado cartão bancário, ganhou de brinde um passeio de carro elétrico por uns dos trajetos do parque. Adenar, a despeito de ser do grupo de risco, afirmou que com “precaução, nada te pega”. “O que não pode é abusar, e aqui não vai ter aglomeração”.

 

Várias obras de destaque de Inhotim impedidas de serem visitadas – aquelas que demandam alguma interação do público ou estejam em ambiente muito fechado, caso da Galeria Cosmococa, de Hélio Oiticica e Neville D’Almeida, e da obra Piscina, do argentino Jorge Macchi, um convite para um “tibum” nos dias quentes. O tradicional restaurante Tamboril também está fechado, mas pizzaria, café, hamburgueria e loja permanecem ativas.



 

Para almoçar, o Oiticica continua de portas abertas – com a capacidade de atendimento de 120 pessoas, metade do original. O serviço de bufê a quilo é feito pelos funcionários, que atendem atrás de proteção de acrílico. 

 

Antônio Grassi, diretor-presidente de Inhotim - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.APressA venda de ingressos é realizada unicamente pela plataforma Sympla (https://bileto.sympla.com.br/event/63910). E o acesso começa no próprio estacionamento, com entrega de pulseira.

 

“Desta maneira, garantimos o controle da visitação”, afirmou Antônio Grassi, diretor-presidente de Inhotim. Ele reconhece que a capacidade de público reduzida a 10% é “conservadora”. “Mas é importante neste momento, para não haver possibilidade de retrocesso e também para a gente se preparar.”

 

Grassi comentou que ao final deste mês haverá uma avaliação para ver se é possível aumentar o público em dezembro. E no final do ano para as férias de janeiro. Toda a programação cultural prevista para 2020 foi cancelada. O que é possível está sendo feito para ser exibido nos canais digitais de Inhotim.



 

Na segunda-feira (9), por exemplo, com o parque fechado, Jards Macalé grava um show na Magic Square (outra das obras que sofreu restauração). A exibição será até o fim deste mês.

 

Em maio, oInhotim dispensou 80 funcionários após enxugamento de sua estrutura – que atualmente tem 350 funcionários diretos e 150 terceirizados. Por outro lado, seus 14 patrocinadores continuaram ativos e renovaram as respectivas cotas de patrocínio para 2021. “Hoje conseguimos manter a folha (de pagamento). Não é que (o patrocínio) nos dê segurança, pois hoje tudo está difícil. Mas nos dá estofo para saber onde estamos pisando”, conclui Grassi.