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Artistas se reúnem com o prefeito Alexandre Kalil e reivindicam apoio à cultura

Um mês após o segundo cancelamento consecutivo da quinta edição da Virada Cultural de Belo Horizonte (que ocorreria entre 4 e 5 de novembro deste ano) –, no mesmo dia em que dirigentes culturais de todo o país brigam pela manutenção do Ministério da Cultura, que deve ser extinto no próximo governo –, um grupo formado por 14 artistas mineiros se reuniu com o prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil
 
No encontro, realizado nesta segunda-feira (3), eles entregaram uma carta chefe do executivo, na qual reforçam o papel da cultura no desenvolvimento social e econômico do país. O documento pede política cultural “independente dos humores do mercado” e “dos processos sucessórios”, bem como o cumprimento do Plano Nacional de Cultura, que prevê a destinação de 1% dos recursos do município ao setor – em BH, esse percentual é de cerca de 0,5%.
 
Participaram da reunião os músicos Maurício Tizumba e Luiz Gabriel Lopes, o poeta e compositor Makely Ka, o ator Chico Pelúcio, o cineasta Cao Guimarães, o coreógrafo Tuca Pinheiro, o artista visual e escritor Renato Negrão, Israel do Vale, coordenador do Fórum Permanente de Cultura, a Rainha de Conga de Minas, Bela Cassimira, a bailarina Rosa Antuña, a artista visual Joana Meniconi, entre outros.
 
“A cultura, embora tenha pujança natural, é, contraditoriamente, muito frágil. Geralmente, ela sente a crise antes da sociedade, pois é a primeira a ser cortada de orçamentos em épocas de vacas magras. Nossa conversa com o Kalil foi, em primeiro lugar, no sentido de mostrar que as artes têm muito mais que valor simbólico. Elas fomentam diversas outras áreas da economia. Estamos falando de um setor que movimenta de 4% a 5% do PIB.  Isso equivale aos recursos gerados pela indústria automobilística, por exemplo. Ninguém questiona a relevância dos tantos incentivos fiscais, entre outros subsídios concedidos à fabricação de automóveis.
Por que questionar o fomento cultural, cuja potência econômica é semelhante?”, afirmou Makely Ka.
 
Segundo Israel do Vale, Kalil se mostrou receptivo às demandas e solicitou que artistas trabalhem junto à Secretaria Municipal de Cultura no levantamento de hábitos culturais da população de BH, entre outros aspectos. “Entendemos isso como uma tentativa de tornar as demandas culturais da cidade mais objetivas, bem como uma arma de defesa contra os ataques que a cultura vem sofrendo. É uma forma de demonstrar com dados  concretos que esse segmento não ‘mama nas tetas do governo’, como muitos pensam. Pelo contrário, ele movimenta a economia”, explicou Israel do Vale.

Makely Ka afirmou ainda que o prefeito se comprometeu a tentar ajustar os investimentos culturais ao patamar de 1% do orçamento municipal até 2020

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da PBH confirmou a realização do encontro, mas não comentou o assunto. 
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