Uai Entretenimento

Artistas de épocas e linguagens distintas se encontram na ArteBH

Profissionais renomados e artistas plásticos das novas gerações dividem espaço neste fim de semana na ArteBH – Feira de Arte Moderna e Contemporânea. O evento reúne algumas das maiores galerias da capital mineira, além de importantes escritórios de outros estados. Será possível conferir a produção de aproximadamente 100 artistas – entre eles, Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, Cícero Dias, Amilcar de Castro, Burle Marx e Tomie Ohtake.

As obras poderão ser compradas diretamente com os expositores, que oferecem grande variedade de preços. Todas as casas que integram o circuito 10 Contemporâneo – AM Galeria de Arte, Beatriz Abi-Acl, Cícero Mafra, Celma Albuquerque, DotArt, Lemos de Sá, Manoel Macedo, Murilo Castro, Quadrum e Orlando Lemos – estarão presentes na feira e também vão realizar mostras paralelas em seus próprios espaços. O evento conta ainda com a participação das galerias e escritórios Hilda Araujo, AR, Fólio, Tato e Chroma, com sede em São Paulo, e RV Cultura e Arte, de Salvador. A Livraria da Rua, de BH, ocupará o espaço com venda de livros de arte.


À frente do projeto está a Parte Produções Culturais, responsável pela pioneira Feira de Arte Contemporânea, de São Paulo, que, desde 2011, reúne cerca de 12 mil visitantes a cada edição. “Estudamos o mercado de arte em Belo Horizonte há um bom tempo e vimos que existe aqui um mercado desenvolvido e integrado. A feira vem para completar esse cenário e catalisar as relações entre artistas, galerias, escritórios, colecionadores e público”, afirma a idealizadora Tamara Perlman.

INTERCÂMBIO A expertise paulistana, aliada ao trabalho de profissionais mineiros, visa ampliar e fortalecer o mercado de arte em BH.
“Há o lado comercial, para que as galerias possam conquistar novos colecionadores e otimizar o relacionamento com os antigos; e também o lado cultural, já que se trata de um evento que permite ampla visitação, em que será possível conferir o melhor da produção atual. O visitante poderá ver que é possível conviver com arte em casa mesmo não sendo multimilionário”, expõe a organizadora.

Tamara destaca algumas atrações imperdíveis para quem for ao local sem intenção de adquiri-las. Um dos ícones do Modernismo, o pintor Di Cavalcanti (1897-1976) terá duas obras no evento. Uma delas pertence ao AR Escritório de Arte, que tem ainda extenso acervo de Alfredo Volpi (1896-1988). “A galeria RV, de Salvador, traz grafites de qualidade absurda do baiano Zé de Rocha. Ele passa longe do óbvio e consegue ser tecnicamente impecável”, destaca Tamara.

Para ela, também é obrigatório conferir os quadros de Lorenzato (1900-1995), expostos pela galeria mineira Manoel Macedo. Já a Celma Albuquerque promoverá várias exposições ao longo dos três dias de feira, com destaque para trabalhos de José Bechara, José Bento e da fotógrafa Claudia Jaguaribe.

“O público poderá traçar um paralelo entre os artistas consagrados e os novos.
Cerca de 50 anos separam uns dos outros, mas é possível perceber histórias em comum, influências mútuas. Quem for à feira querendo ver os mais célebres vai descobrir que novos nomes estão fazendo arte de qualidade, em termos de técnica e relevância”, avalia Tamara.

MILENAR Em cartaz no CCBB, o artista plástico Christus Nóbrega também marca presença no evento. Duas fotomontagens da série Dragão Floresta Abundante, produzidas em residência artística na China, se integram à coleção apresentada pelo galerista Murilo Castro. “O Christus traz um entendimento e uma linguagem totalmente novos para a arte contemporânea. Com essa série, ele apresenta técnicas que correspondem às culturas chinesas e também fazem ligação com a sua trajetória. As fotomontagens, aliadas à delicadeza e à preciosidade chinesa, são adaptadas a uma temática que ele já desenvolve, resultando em um trabalho de extrema importância para sua carreira”, afirma Murilo.

Além de Nóbrega, o expositor levará à feira trabalhos de Abraham Palatnik, brasileiro pioneiro na arte cinética, com obras realizadas desde a década de 1950, além de peças inéditas de Arthur Luiz Piza, Gê Osthoff, Luiz Hermano e Camille Kachami. Esta última aborda a força da natureza em instalações feitas com objetos que, juntos, formam árvores. “É uma espécie de vingança do meio ambiente”, explica Murilo, “em que a artista paulista utiliza vassoura e martelo, entre outros materiais feitos com madeira”.

Contando com o sucesso nessa primeira edição, os organizadores pretendem que a feira seja realizada anualmente.
O evento em BH deverá ser referência para que a iniciativa seja levada para outras capitais, como Brasília e Curitiba. Murilo Castro afirma que a ideia poderia solidificar o circuito nacional, para além do polo concentrado na região Sudeste, caso se estendesse para outras cidades. Ele lembra que 52% dos negócios no mercado das artes plásticas advêm de eventos como a ArteBH.

“Em nível mundial, a feira é um componente de maior importância para o processo de difusão da arte e do próprio mercado. Eventos assim unem até 100 galerias, que aglutinam o que cada uma tem de melhor a apresentar. Os galeristas têm a oportunidade de conhecer o trabalho de inúmeros artistas, já o colecionador e o público interessado podem conferir o que realmente de melhor os expositores têm a oferecer”, afirma Murilo.

ARTEBH – FEIRA DE ARTE MODERNA E CONTEMPORÂNEA

Amanhã (4) e sábado (5), das 14h às 22h; e domingo (6), das 11h às 19h. Centro Cultural Minas Tênis Clube (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, (31) 3516-1000). Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Crianças de até 10 anos não pagam.

.