Diretor do instituto, Ronald Rocha destacou a importância da reunião pela liberdade artística, diante dos protestos de grupos conservadores, contrários à realização da exposição. Depois de alguns enfrentamentos no Palácio na noite de quinta-feira, Ronald disse que não temia nenhum tipo de tumulto. "As pessoas a favor da democracia e da liberdade sempre são maioria, inclusive vários grupos religiosos também apoiam a liberdade de expressão", declarou.
Sem a presença de nenhuma manifestação contrária à exposição Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina do artista plástico mineiro morto aos 22 anos, em 1999, em cartaz desde o dia 1° de setembro no Palácio, o clima foi tranquilo na noite desta sexta. Enquanto os músicos realizavam o ato, uma longa fila se formava para entrar na galeria e conferir as obras.
Outra estudante, Maria Clara Rarez, 18, aguardava para visitar pela segunda vez. Depois de visitar a exposição por acaso, de passagem pelo Palácio, ela gostou e quis voltar depois das tensões dos últimos dias. "Vejo que as pessoas têm um pensamento muito comum, muito raso sobre isso, a arte tem que ser vista sob vários aspectos, com senso crítico, devemos nos aprofundar nela, não ficar com opiniões às margens do acontecimento", argumenta.
Tumultos pela manhã
Na manhã desta sexta-feira, houve outra manifestação em apoio à exposição, no entanto, o clima não foi pacífico. O grupo de manifestantes encontrou o vereador Jair Di Gregório (PP) no local e acabou expulsando o parlamentar do Palácio com ofensas e gritos de "fascista".
Na última quarta-feira (4/10), o vereador foi ao local e gravou um vídeo, publicado em seu perfil no Facebook, atacando a exposição, classificada por ele como "uma aberração" e um "crime", por conter imagens que relacionam símbolos cristãos e sexo.
Na quinta-feira, cerca de 30 pessoas de grupos religiosos se mobilizaram e tentaram invadir a Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, do Palácio das Artes, na capital mineira, onde suas obras estão expostas desde 1º de setembro. Temendo depredação das telas, os seguranças do Palácio das Artes fecharam a galeria e passaram a permitir a entrada de grupos de 10 pessoas, sempre sob supervisão. O grupo então fechou a avenida Afonso Pena por cerca de uma hora provocando enormes congestionamentos na hora de pico.
A Polícia Militar foi chamada para evitar tumulto já que um grupo de estudantes também se dirigiu à exposição para apoiar a permanência da exposição. Temendo depredação das telas, os seguranças do Palácio das Artes fecharam a galeria e passaram a permitir a entrada de grupos de 10 pessoas, sempre sob supervisão.
Em resposta aos ataques do vereador Jair Di Gregório, Fundação Clóvis Salgado (FCS), responsável pelo Palácio das Artes, divulgou nota ressaltando que há placa indicativa na entrada da galeria desaconselhando que menores de 18 anos ingressem naquele espaço.
“Mesmo com a limitação imposta na entrada da galeria pela placa indicativa desaconselhando sua visitação para menores de 18 anos, a exposição recebeu, nesse primeiro mês, quase 6 mil visitantes, confirmando o grande interesse do público”, afirma o comunicado da FCS.