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Ministério Público Federal tem 30 dias para decidir se a denúncia será aceita ou não
Uma frente da liderança de religiões de matrizes africanas entrou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra a TV Globo e registrou uma denúncia de prática de intolerância religiosa nas novelas.Segundo eles, isso ocorreria especialmente por ordem do diretor da TV e dos Estúdios Globo, Amauri Soares.
Segundo o colunista Gabriel Perline, do portal IG, que teve acesso em primeira mão ao documento, Amauri teria orientado os autores da dramaturgia em não investir mais em tramas com temáticas espíritas e privilegiar as evangélicas. A denúncia foi realizada na PFDC (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão), no final do mês de novembro.
O motivo do pedido de investigação nasceu por conta de uma reportagem da colunista Carla Bittencourt, do site Notícias da TV, publicada em setembro, na qual relata que Amauri Soares quer conectar o conteúdo da emissora ao público evangélico e, para isso, deveria abrir mão de roteiros espíritas.
Segundo a publicação, o global promoveu uma reunião com os autores das telenovelas e explicou que o catolicismo vem perdendo força no Brasil, e em dez anos os evangélicos serão o maior grupo religioso, de acordo com suas estimativas. Portanto, o objetivo do canal é ter histórias que se conectem com essa parcela da população, esquecendo outras crenças. O fato teria revoltado novelistas e levou líderes de religiões de matriz africana a pediram uma investigação, para que a Globo explique sua decisão.
Vale destacar, que a TV Globo já rejeitou ideias de produções com temática espírita, como uma novela de Thelma Guedes para o horário das seis. Além disso, foram registradas a demissão de Elizabeth Jhin (especialista no gênero), o cancelamento do remake de A Viagem e a reexibição de tramas de sucesso com esta temática no Vale a Pena Ver de Novo.
A denúncia foi registrada em 27 de setembro. O Ministério Público já recebeu o material e está analisando o conteúdo. "É proibido que qualquer entidade faça acepção de credos ou agremiação de natureza religiosa em serviços que são regulamentados por concessões públicas, o caso do serviço de televisão por radiodifusão deve ser compartilhado entre a sociedade e o Estado brasileiro, considerando a pluralidade de ideias e de credos religiosos tão diversos e presentes em nosso país", diz a denúncia.
Os religiosos argumentam que a Globo é a maior emissora do país, operar mediante uma concessão pública e não deveria atender aos interesses religiosos de apenas uma parcela da população e deve se comprometer a dar espaço para a diversidade de crenças. Eles também pedem que, caso as informações sejam verdadeiras, a emissora responda judicialmente por intolerância religiosa. O MPF ainda aceitou a denúncia, mas tem o prazo de 30 dias para acatá-la ou não.
A coluna procurou a Globo pedindo um posicionamento sobre a denúncia, e na tarde desta segunda-feira (15/10) a emissora da família Marinho enviou um comunicado oficial: "Não há qual qualquer orientação neste sentido, como está publicado na matéria, os Estúdios Globo estão sempre abertos a receber as mais diversas propostas criativas de seus criadores. Vale reiterar ainda que a Globo apoia a liberdade religiosa e considera as diversas religiões professadas no país um patrimônio cultural da nação brasileira".