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Dia de Finados: Como lidar com o luto?

O luto é um processo vital e natural que está ligado a dor de perder pessoas queridas e precisa ser sentida e tratada

Dia de Finados: Como lidar com o luto? Divulgação
Douglas Lima - Especial para o Uai clock 02/11/2023 08:22
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O Dia de Finados é celebrado nesta quarta-feira (02/11) e os cemitérios municipais de Belo Horizonte estarão com programação especial para receber as pessoas que irão visitar os jazigos de familiares e amigos. Lidar com a perda de um ente querido não é tarefa fácil. Nenhum ser humano quer lidar com o cessar completo da vida, da existência.

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O problema ocorre quando essa fase natural se torna mais difícil que o habitual, o que os especialistas chamam de "luto complicado". É preciso aprender a enfrentar a dor da partida seja de um amigo (a), familiar ou até de uma celebridade. É difícil imaginar um mundo sem essa pessoa querida, porque ele vai continuar existindo, só que ele ou ela não vai mais estar aqui, e é preciso reunir forças e seguir em frente... não é fácil, mas é necessário.

 

A morte certamente é pior para quem fica nesse mundo do que para quem parte dele. Para quem fica, a saudade aperta o peito, sobram as lembranças, o legado e o luto que precisa ser sentido e tratado. Luto é um sentimento de tristeza profunda pela morte de alguém, um conjunto de comportamentos e emoções, consequência de uma perda muito impactante.

 

Existe o luto pessoal, que é aquele sentido por uma pessoa, por exemplo, quando ele ou ela perde um ente querido como um avô, avó, pai, mãe, filho, filha, marido, esposa ou alguém muito próximo, e o luto coletivo, que é o que acomete comunidades, como o ataque a creche, na cidade de Saudades, no Sul do estado de Santa Catarina, o rompimento das barragens da mineradora Vale de Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte, a queda do avião com os jogadores da Chapecoense, o incêndio no Edifício Joelma em São Paulo, da boate Kiss na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul e do Ninho do Urubu no Rio de Janeiro.

 

Também ocorre quando os grandes ídolos morrem, como as cantoras Elis Regina, Rita Lee e Cássia Eller, o piloto Ayrton Senna, os integrantes da banda Mamonas Assassinas, a atriz Daniella Perez, o apresentador Gugu Liberato, a apresentadora Hebe Camargo, o humorista Paulo Gustavo, os sertanejos Cristiano Araújo, João Paulo e Leandro e a cantora e compositora Marília Mendonça.

 

O ato de velar um corpo, conhecido como velório é uma cerimônia bastante tradicional em nossa cultura. Por meio dele, as pessoas se despedem dos entes queridos.  No entanto, por causa da pandemia, foi preciso inserir nesse ritual alguns protocolos de segurança, e centenas de famílias se viram obrigadas a passar pelo processo de morte e luto de um ente querido à distância ou em cerimônias solitárias.

 

Desta forma, a tecnologia se tornou aliada na hora da despedida, através de participações de parentes via chamada de vídeo. "Os rituais diante da morte são muito importantes, porque regularizam as experiências, fornecem um lugar seguro, desde um lugar físico, até um lugar afetivo importante para expressão das emoções, para que as pessoas possam enfrentar este momento juntas. Com a Covid-19 esses rituais, que tinham função apaziguadora, organizadora, não estão acontecendo, e isso representa um risco para o luto complicado após a morte, porque não foram feitas as despedidas", afirma a professora  Maria Helena Pereira Franco, coordenadora do Laboratório de Estudos e Intervenções sobre Luto da PUC-SP.

"As pessoas que apresentam um luto complicado vão ter algumas demandas que precisarão ser atendidas, como por exemplo, buscarão mais os serviços de saúde, pois ficarão mais atentas a algum sintoma, terão mudanças no sistema imunológico, ficando mais suscetíveis a adoecer. Haverá impacto também no âmbito social, na relação com grupos maiores, nas relações familiares. Inclusive, por não terem a oportunidade de se despedir, podem ficar com a expectativa de que aquela morte não aconteceu, porque não tiveram a concretude da morte que os rituais proporcionam".

Maria Helena Pereira

Luto é algo que acontece ou vai acontecer ao menos uma vez na vida de todas as pessoas, de qualquer parte do mundo. Não existem fórmulas mágicas ou receitas infalíveis para lidar com a morte de alguém. O luto é para ser vivido, mas você não pode viver do luto.

 

O processo de luto é totalmente individual, cada um tem a sua própria maneira e tempo de interpretar esse vazio e a dor, que pode ser minimizado por ações conjuntas, como os  rituais fúnebres, missas e  homenagens.

 

A expressão do luto pode se dar por manifestações físicas, como o choro, palpitações, insônia, dores, falta de apetite e emocionais, como a raiva, o medo, a culpa, o choque, a tristeza e a ansiedade. No entanto, há quem se comporte de maneira silenciosa. Ou seja, não há um estereótipo ou uma regra a ser seguida para expressar a morte.

 

Entretanto, apesar de muito doloroso é necessário sentir o luto. É importante o enlutado viver esse momento de modo a conseguir superar a perda, afirma a psicóloga Marilene Kehdi. O principal conselho da profissional para tornar esse momento desolador é ter uma rede apoio, pessoas que ofereçam acolhimento, conforto e um espaço seguro para o enlutado se sentir confortável para desabafar.

 

Marilene garante que o desabafo ajudará a amenizá-la a dor da perda. Ela explica que quanto maior for o vínculo do enlutado com o ente querido, maior e mais intenso será o luto e, dependendo do caso, é necessário procurar auxílio de um profissional.

"Quando a tristeza é intensa e persistente e surgem sintomas, como apatia e desinteresse pelas coisas, alterações no apetite e distúrbios do sono, por exemplo".

Marilene Kehdi

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