De 31 de outubro a 8 de novembro, Belo Horizonte recebe a mostra O Labirinto da Origem, evento gratuito que reúne debates, conferências, filmes, oficinas, performances e lançamentos de livros. As atividades acontecem na Academia Mineira de Letras e no Museu da Moda, além de centros culturais da cidade.
O projeto parte da ideia de que a origem não é um ponto fixo, mas um processo vivo, múltiplo e aberto a novas leituras. &ldquoPensamos a origem como movimento e multiplicidade. Ela pode ser entendida tanto na cosmogonia de diferentes culturas, quanto na maternidade, na infância ou na memória que carregamos. O evento é um convite a olhar para essas muitas formas de começo&rdquo, explica a idealizadora Mônica de Aquino, poeta e pesquisadora que há anos investiga o tema em sua obra.
A programação traz nomes de destaque da literatura e das artes, como Leila Danziger, que abre o evento com a conferência A origem no turbilhão, o poeta Edimilson de Almeida Pereira, a escritora Marília Garcia, e a artista visual Aline Motta, que encerra o encontro com a performance A Filha Natural. Também participam Prisca Agustoni, Laura Belém, Anna Cunha, Edith Derdyk, Virginia Barros e Sabrina Sedlmayer, entre outros.
O projeto contará, ainda, com duas apresentações online: a live de abertura do evento, no dia 27/10, às 17h30, &ldquoO começo do Mundo&rdquo, com Kátia Maciel, seguida de conversa com a escritora e idealizadora do evento Mônica de Aquino, e uma palestra de encerramento no dia 13 de novembro. Com o título "Dupla Escuta. A disputa pelo audível na literatura contemporânea&rdquo o professor e pesquisador da Universidade de Nova York, Gabriel Giorgi, apresentará, na palestra, algumas das linhas de força da sua pesquisa atual.
Segundo Mônica, a diversidade da programação busca criar conexões inesperadas entre áreas distintas do saber. &ldquoO Labirinto da Origem não é um espaço de respostas, mas de perguntas. Queremos cruzar vozes, linguagens e perspectivas para pensar de onde viemos e como seguimos nascendo, no corpo, na arte, na vida coletiva&rdquo, afirma.
PROGRAMAÇÃO
O evento se divide em duas semanas. Nos dias 31/10 e 1/11, as atividades acontecem na Academia Mineira de Letras. De 4 a 6/11, oficinas e rodas de conversa ocupam centros culturais de diferentes regionais de Belo Horizonte, ampliando o alcance da mostra. Nos dias 7 e 8/11, o Museu da Moda recebe mesas de debate, painéis, filmes e performances.
Academia Mineira de Letras
Na primeira semana, a programação acontecerá na Academia Mineira de Letras, localizada na Rua da Bahia, 1466 &ndash Centro, Belo Horizonte. Na sexta-feira, 31/10, às 16h30 acontece a aula aberta de Jacyntho Lins Brandão, presidente da AML, professor emérito da UFMG e doutor em Letras (Letras Clássicas) pela USP, abordando a cosmogonias da zona de convergência cultural do Oriente Médio (sumérios, babilônios, hititas, hebreus, gregos).
Em seguida, às 17h30, será exibido o curta-metragem documental A era de Lareokoto (2019), com direção da antropóloga e cineasta Rita Carelli, que explora o cotidiano da aldeia Enawenê-Nawê, no Mato Grosso, durante a Copa do Mundo, e traz narrativas míticas de origem a partir do olhar desta.
Logo após a exibição às 18h15, teremos a mesa de debate &ldquoO começo, o meio e o começo&rdquo, que irá debater a origem como narrativa e circularidade com um olhar sobre a ancestralidade tendo a frase icônica de &ldquoA terra dá a terra quer&rdquo, de Nego Bispo, como ponto de partida. Entre os convidados para esse debate estarão Edimilson de Almeida Pereira, poeta, ficcionista, ensaísta, professor e pesquisador da cultura e da religiosidade afro-brasileiras Adalberto Muller, professor, tradutor e escritor que atualmente desenvolve projeto sobre tradução de textos das cosmologias tupi-guarani (sobretudo Mbyá e Kaiowá) e com a mediação de Fernanda Regaldo que é editora da revista Piseagrama e autora de 'A Natureza Mora ao Lado', que liderou o processo de edição do livro &ldquoA terra dá a terra quer&rdquo, de Nego Bispo.
Fechando a programação na sexta-feira às 20h, acontece a conferência de abertura &ldquoA origem no turbilhão&rdquo com Leila Danziger, professora Associada do Instituto de Artes da UERJ, pesquisadora e poeta. A artista que tem origem judia pesquisa em seu trabalho registros documentais impressos partindo muitas vezes das negociações entre a memória familiar e as construções das memórias coletivas, além da maternidade.
No sábado, dia 1/11, a programação inicia às 10h, com a mesa &ldquoNo mundo flutuante&rdquo que trará um debate da criação artística a partir da natureza, não só como tema mas como modo de pensar e matéria prima. São convidadas para esta mesa a artista Laura Belém que produz trabalhos nos campos da instalação, da escultura, da fotografia e do desenho Prisca Agustoni escritora e poeta suíça radicada no Brasil, que ganhou prêmio Portugal Telecom com seu livro de poesias &ldquoO Gosto Amargo dos Metais&rdquo, escrito a partir dos crimes ambientais de Mariana e Brumadinho. A mediação da mesa será do arquiteto e urbanista Roberto Andrés, autor do livro A Razão dos Centavos.
Em seguida, às 11h30, será uma conversa com a poeta, artista, tradutora e editora Marília Garcia sobre a influência da maternidade no seu processo criativo, seguida da última performance da artista, &ldquoLia, Mira, Maria&rdquo.
Finalizando o sábado, às 12h45 o evento realiza o lançamento de livros dos autores: &ldquoPorte Étoile&rdquo (Editora Cobalto) de Edimilson de Almeida Pereira&rdquoQuimera&rdquo (Círculo de Poemas) Prisca Agustoni e &ldquoPensar com as mãos&rdquo (WWF Martins Fontes) e &ldquoEscolha uma palavra&rdquo (Companhia das Letras) de Marília Garcia.
Centros Culturais
Entre 3 a 6/11, o projeto realiza ações descentralizadas nos centros culturais municipais, com oficinas voltadas principalmente ao público feminino, que pensam a origem sempre com suas perspectivas a partir do processo criativo. Para participar os interessados poderão se inscrever pelo link disponível no Instagram do projeto (@dizer.sim) .
Na oficina &ldquoNo princípio era o corpo&rdquo, a artista multifacetada Ludmilla Ramalho explora as fronteiras entre performance, dança, teatro, e convidará as participantes a explorar a expressão corporal a partir desta ideia de origem. A oficina acontecerá no dia 4/11, das 14h às 17h, no Centro Cultural Venda Nova.
Na oficina &ldquoNo princípio era o desenho&rdquo, com a artista Bela Righ, os participantes são convidados a pensar o desenho como uma primeira expressão humana ainda na infância e também no campo macrológico, umas vez que os desenhos rupestres são uns dos primeiros registros da humanidade. A oficina acontecerá no dia 5/11, das 14h às 17h, no Centro Cultural Vila Marçola.
A ilustradora mineira Anna Cunha irá ministrar a oficina &ldquoNo princípio era a Infância&rdquo, em que mostrará seu processo de produção de livros infantis, convidando as crianças para mergulhar na criação de ilustrações. A oficina acontecerá no dia 6/11, das 13h às 16h, no Centro Cultural Bairro das Indústrias.
Museu da Moda
No último fim de semana, o evento ocupa o Museu da Moda, localizado na Rua da Bahia, 1149. Na sexta-feira, dia 7/11, às 17h, a Mesa &ldquoReler o mundo a partir da infância&rdquo convida a uma pintora, desenhista, designer gráfico e escritora Edith Derdyk, e a artista plástica e ilustradora de livros Anna Cunha, com a mediação da pesquisadora Fabíola Farias atuante na política e na promoção do livro e da leitura, em especial nas infâncias.
Em seguida, às 19h, a Mesa &ldquoNadar no rumor dos filhos&rdquo trará como convidadas mulheres que abriram novos caminhos de interesses a partir da maternidade e da sua relação com os filhos. Entre as convidadas, estão a escritora e professora da Faculdade de Letras da UFMG Sabrina Sedlmayer que a partir de uma restrição alimentar do filho passou a pesquisar também a área da culinária a estilista e designer de sapatos Virgínia Barros, e a pesquisadora e pesquisadora Carolina Fenati que passa a trazer a temática da maternidade em suas obras após se tornar mãe. A conversa terá como mediadora Mônica de Aquino.
No último dia, sábado, 8/11, às 10h30, será exibido o documentário &ldquoYaõkwa&rdquo &ndash direção de Rita Carelli e Vicent Carelli, no filme que narra o emocionante reencontro dos índios Enauwene Nawe com imagens suas registradas em um grande ritual, há 30 anos, em que as diferentes gerações se reconhecem.
Em seguida, às 11h, a mesa &ldquoEmaranhar a memória&rdquo. Entre as convidadas estão artista Aline Motta que combina diferentes técnicas e práticas artísticas que de forma crítica, reconfiguram memórias, em especial as afro-atlânticas, criando novas narrativas com configuração não linear de tempo a artista e professora na Belas Artes da UFMG Isabela Prado, que tem como um dos trabalhos marcantes as intervenções urbanas pela cidade de Belo Horizonte sinalizando a existência de rios que foram ocultados da paisagem. O mediador será Gustavo Silveira Ribeiro, crítico, pesquisador e professor de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras da UFMG.
Finalizando a programação às 12h30, haverá a apresentação da performance &ldquoA Filha Natural&rdquo, de Aline Motta, em que a artista traça uma análise inédita de iconografia histórica e relatos orais de sua própria família, criando hipóteses possíveis sobre as origens de sua tataravó.
Sobre Mônica de Aquino
Idealizadora do O Labirinto da Origem, Mônica de Aquino é poeta e produtora cultural e nasceu em Belo Horizonte em 1979. Publicou Sístole (Editora Bem- te-vi, 2005), Fundo Falso (Relicário Edições, 2018), Continuar a nascer (Relicário Edições, 2019) e Linha, Labirinto (Edições Macondo, 2020), lançado também em Portugal (Não Edições, 2022). Fundo Falso venceu o Prêmio Cidade de Belo Horizonte em 2013 e foi finalista do Prêmio Jabuti em 2019. Participou de diversas coletâneas, antologias e eventos no Brasil e no exterior. É autora de cinco livros infantis, todos pela Editora Miguilim. Mônica é referência na literatura contemporânea mineira e atualmente prepara a antologia O Labirinto da Origem e seu quinto livro de poemas, que será publicado em 2026 no Brasil e na Argentina.
Labirinto da origem
O projeto O Labirinto da Origem é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. O projeto acontece também em parceria com a Academia Mineira de Letras, no âmbito do &ldquoPlano Anual Academia Mineira de Letras &ndash AML (PRONAC 248139)&rdquo, previsto na Lei Federal de Incentivo à Cultura, que tem o patrocínio do Instituto Unimed-BH &ndash por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e setecentos médicos cooperados e colaboradores.
Instituto Unimed-BH
O Instituto Unimed-BH completou 22 anos em 2025 e conta com o apoio de mais de 5,7 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio ambiente, através de projetos patrocinados em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.
Acesse www.institutounimedbh.com.br e saiba mais.
Serviço
O Labirinto da Origem &ndash Mostra literária e cultural
Data: 31 de outubro a 8 de novembro de 2025
Programação gratuita
Mais informações instagram: @dizer.sim
Programação completa
Local: Academia Mineira de Letras - Rua da Bahia, 1466 &ndash Centro, Belo Horizonte
31/10 (sexta-feira)
- 16h30 &ndash Aula aberta de Jacyntho Lins Brandão (presidente da AML). Tema: cosmogonias da zona de convergência cultural do Oriente Médio (sumérios, babilônios, hititas, hebreus, gregos).
- 17h30 &ndash Documentário A era de Lareokoto &ndash direção de Rita Carelli
- 18h15 &ndash Mesa &ldquoO começo, o meio e o começo&rdquo | Convidados: Edimilson de Almeida Pereira, Adalberto Muller | Mediação: Fernanda Regaldo
- 20h &ndash Conferência de abertura: Leila Danziger &ndash A origem no turbilhão
1/11 (sábado)
- 10h &ndash Mesa &ldquoNo mundo flutuante&rdquo | Convidados: Laura Belém, Prisca Agustoni | Mediação: Roberto Andrés
- 11h30 &ndash Conversa com Marília Garcia, seguida de performance (título a confirmar)
- 12h45 &ndash Lançamento dos livros de Edimilson de Almeida Pereira, Prisca Agustoni e Marília Garcia
Ações descentralizadas
- Dia 4/11, das 14h às 17h - Oficina &ldquoNo princípio era o corpo&rdquo, com Ludmilla Ramalho | Local: Centro Cultural Venda Nova (R. José Ferreira dos Santos, 184 - Jardim dos Comerciários)
- Dia 5/11, das 14h às 17h - Oficina &ldquoNo princípio era o desenho&rdquo, com Bela Righ | Local: Centro Cultural Vila Marçola (R. Mangabeira da Serra, 320 - Marçola)
- Dia 6/11, das 13h às 16h - Oficina &ldquoNo princípio era a Infância&rdquo Anna Cunha | Local: Centro Cultural Bairro das Indústrias (R. dos Industriários, 289 - Indústrias I / Barreiro)
Local: Museu da Moda - Rua da Bahia, 1149 &ndash Centro, Belo Horizonte
7/11 (sexta-feira)
- 17h &ndash Mesa &ldquoReler o mundo a partir da infância&rdquo | Convidadas: Edith Derdyk, Anna Cunha | Mediação: Fabíola Farias
- 19h &ndash Mesa &ldquoNadar no rumor dos filhos&rdquo | Convidadas: Sabrina Sedlmayer, Virgínia Barros, Carolina Fenati | Mediação: Mônica de Aquino
8/11 (sábado)
- 10h30 &ndash Documentário Yaõkwa &ndash direção de Rita Carelli
- 11h &ndash Mesa &ldquoEmaranhar a memória&rdquo | Convidadas: Aline Motta, Isabela Prado | Mediação: Gustavo Silveira Ribeiro
- 12h30 &ndash Performance Aline Motta &ndash A Filha Natural