Atrizes, figurinistas, diretoras, produtoras e outras funcionárias da Globo fizeram na manhã desta terça-feira, 4, uma campanha contra o assédio. A iniciativa é uma resposta ao caso envolvendo o ator José Mayer, que foi acusado de abusar de uma figurinista da emissora em um texto publicado por ela no jornal Folha de S.Paulo no último dia 31 de março. Personalidades como Mônica Iozzi, Taís Araújo, Fernanda Lima, Cleo Pires, Drica Moraes e Camila Pitanga estão participando da campanha, cujo mote é "Mexeu com uma, mexeu com todas. #ChegaDeAssédio".
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Tainá Muller, Alice Wegmann, Sophie Charlotte e Mariana Ximenes são apenas mais alguns dos exemplos das mulheres que aderiram à manifestação. Até as 10h20 desta manhã, já eram mais de 6 mil publicações com a hashtag da campanha. Depois que o assédio veio à tona, a Globo tomou algumas medidas após a grande repercussão do caso. A emissora confirmou que afastou José Mayer da próxima novela para qual estava escalado com a intenção de "não dar visibilidade a uma das partes envolvidas numa questão que é visceralmente contra tudo que a Globo acredita". Diz a nota da Globo:
“No que diz respeito à escalação, sim, a Globo decidiu não escalar José Mayer para a próxima novela das nove de Aguinaldo Silva, prevista para ir ao ar em 2018. Essa é uma atitude isenta e responsável da Globo de não dar visibilidade a uma das partes envolvidas numa questão que é visceralmente contra tudo que a Globo acredita. E não é uma atitude isolada. A atitude da Globo será sempre essa. A de defender que casos como esse devem ser apurados, ouvindo e oferecendo todo apoio às duas partes, dando possibilidade para que a verdade aflore e criando condições para que não se repitam. Foi isso que fizemos. E é isso que sempre faremos.”
O CASO
Na última sexta-feira, 31, a figurinista Susllem Meneguzzi Tonani, de 28 anos, publicou um texto no blog #AgoraÉQueSãoElas relatando como foi abordada pelo ator em um camarim. "Em fevereiro de 2017, dentro do camarim da empresa, na presença de outras duas mulheres, esse ator, branco, rico, de 67 anos, que fez fama como garanhão, colocou a mão esquerda na minha genitália. Sim, ele colocou a mão na minha buceta e ainda disse que esse era seu desejo antigo. Elas? Elas, que poderiam estar eu meu lugar, não ficaram constrangidas. Chegaram até a rir de sua 'piada'. Eu? Eu me vi só, desprotegida, encurralada, ridicularizada, inferiorizada, invisível. Senti desespero, nojo, arrependimento de estar ali. Não havia cumplicidade, sororidade", descreveu.
José Mayer se defendeu pedindo que as pessoas "não misturem realidade com ficção", comparando a situação com o personagem que interpretava na novela A lei do amor, o vilão Tião Bezerra. "Respeito muito as mulheres, meus companheiros e o meu ambiente de trabalho e peço a todos que não misturem ficção com realidade". Mayer também declarou que "as palavras e atitudes que me atribuíram são próprias do machismo e da misoginia do personagem Tião Bezerra, não são minhas!".
Em nota, a Globo afirmou que "repudia toda e qualquer forma de desrespeito, violência ou preconceito. E zela para que as relações entre funcionários e colaboradores da emissora se deem em um ambiente de harmonia e colaboração, de acordo com o Código de Ética e Conduta do Grupo Globo. Todas as questões são apuradas com rigor, ouvidos todos os envolvidos, em busca da verdade. Desta forma e tendo o respeito como um valor inegociável da empresa, esse assunto foi apurado e as medidas necessárias estão sendo tomadas. A Globo não comenta assuntos internos".