Programa 'Sexo e as negas' estreia nesta terça sob denúncias de racismo

Protagonistas da atração comentam acusações, e afirmam que não estávamos esperando a repercussão negativa

por Diego Ponce de Leon 16/09/2014 09:07

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TV Globo/Alex Carvalho
As atrizes Karin Hils, Corina Sabbas, Maria Bia e Lilian Valeska vivem as protagonistas de 'Sexo e as negas' (foto: TV Globo/Alex Carvalho)
Antes mesmo da estreia, prevista para esta terça-feira à noite, 'Sexo e as Negas' já deu o que falar. Pela imprensa, redes sociais e fóruns virtuais, a discussão está armada em torno do novo programa da Globo. O título e o suposto conteúdo geram indignação em uma parcela do público. No enredo, quatro moradoras de uma favela encaram as dificuldades do cotidiano com humor e uma afiada língua. Falam sobre sexo, preconceito e outros tabus sem qualquer pudor ou hesitação, a exemplo de 'Sex and the city', que serviu como inspiração (embora, no seriado americano, as protagonistas fossem brancas e ricas).

A abordagem foi criticada por alguns espectadores (mesmo antes da exibição), que se dizem ofendidos. Eles acreditam que a atração possa reforçar o estereótipo do negro pobre ou ainda da mulher negra como objeto sexual. Até o fechamento desta edição, eram 11 denúncias de racismo protocoladas junto à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da República.

O ator e dramaturgo Miguel Falabella, responsável pela concepção e roteiro de 'Sexo e as negas', não gostou das alegações e desabafou em uma página pessoal na internet. “Elas podiam ser médicas e morar em Ipanema, mas não é esse meu universo na essência, como autor”, afirmou. “Sou suburbano, cresci com a malandragem. Portanto, as minhas personagens são camareiras, cozinheiras, indicadoras de mesas, operárias. E desde quando isso diminui alguém?”, indaga.

Corina Sabbas

Foi uma surpresa essa reação antecipada do público, que define o seriado como racista, principalmente por conta do título?

Não estávamos esperando. Principalmente, antes de estrear. Espero que as pessoas se permitam assistir ao programa. Nossa intenção é justamente o contrário do que andam dizendo. Vamos exaltar as mulheres e a cor da pele…. Vivemos essa dificuldade de chamar o outro de negro. Muitos não conseguem usar a palavra “negro” em um contexto positivo, pois ainda assim acham que é ofensa. Há um receio constante no ar. Se eu sou chamada de “moreninha”, aí sim eu fico triste.

Maria Bia

O programa não reforça uma imagem do negro pobre, que mora sempre na favela… ?

Não vejo assim. Outro dia, uma mãe me parou e disse que queria que a filha tivesse o meu cabelo. E eu pensei: “Caramba, essa é uma chance de mostrar que o cabelo crespo é lindo, que não precisa alisar. De mostrar que uma negra pode ser protagonista de um seriado”. Se uma criança negra nos vir na tela e o olho dela brilhar, terei cumprido minha missão.

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