Estudantes e artistas ligados ao Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado - Cefart temem que a situação de precariedade da instituição - que vem sendo apontada desde fevereiro deste ano - se agrave. Há o receio de que as três escolas que compõem a instituição - dança, música e teatro - fechem as portas.
O alarme veio em uma reunião realizada com os integrantes do Movimento Menos Palácio Mais Arte - formado por alunos e professores do Cefart - em que a direção da escola teria cogitado a possibilidade de não abrir edital para admissão de novas turmas para os cursos. O principal motivo alegado teria sido o de que a escola - que atualmente tem seu quadro de professores defasado com a aposentadoria e exoneração de pelo menos cinco profissionais - não estaria em condições de cumprir sequer as responsabilidades já assumidas com as classes em andamento.
“Embora a diretoria do Cefart reafirme ter realizado todos os trâmites para realização do edital, a aprovação dos recursos não foi pautada pela Câmara de Orçamentos e Finanças da Secretaria de Planejamento, o que evidencia a má vontade política de articulação de uma medida urgente para salvar o ano letivo dos estudantes”, afirma um documento divulgado pelo grupo (leia na íntegra).
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Precariedade
Em fevereiro deste ano, o Movimento Menos Palácio Mais Artes publicou uma carta denunciando o cenário de fragilidade enfrentado pelo Cefart. A defasagem no quadro de docentes é um dos maiores problemas apontados.
Segundo o estudante do 2º ano do curso de teatro Bremmer Guimarães, de 22 anos, a formação, que já contou com 23 professores, hoje reúne apenas quatro. A escassez teria sido provocada sobretudo pela Lei 100, que ocasionou a exoneração de vários docentes da instituição, e agravada pelos pedidos de aposentadoria de outros formadores. Temendo a reforma da Previdência atualmente proposta pelo Governo Federal e consequente perda de direitos, eles decidiram encerrar suas atividades. O baixo salário pago aos educadores - hoje, de R$15 por hora/aula - é outro motivo de preocupação.
A situação, que se estende aos cursos de dança e música, tem feito com que os alunos não cumpram a carga horária completa de seus programas.
“No curso de teatro, os alunos do 2º anos, que deveriam ter aulas todos os dias da semana, estão com dois dias inteiros vagos, por falta de professor. O 3º ano, que deveria estar se dedicando à montagem da peça de formatura, tem disciplinas do 1º e do 2º ano sem cursar. Queremos engajar as pessoas na luta pela recuperação do Cefart, que já formou milhares de artistas e é referência em todo Brasil. Não queremos que essa discussão fique restrita ao Palácio das Artes. É preciso estabelecer um diálogo político, ou seremos para sempre reféns da burocracia. Queremos pensar junto com a comunidade o futuro do Cefart”, explica Bremmer Guimarães.