Em BH, duelo de vogue revive através da dança a cultura gay dos anos 1980

Competição tem como eixo movimentos criados nos EUA há mais de 30 anos

por Bossuet Alvim 09/05/2014 13:07

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Morgana Loren/Divulgação
Trio de vencedores do duelo de vogue em fevereiro; competição cresce em participantes a cada mês (foto: Morgana Loren/Divulgação)
Ícone da herança cultural deixada pela efervescência dos anos 1980, o vogue conquistou, desde o fim do ano passado, um lugar garantido na noite de Belo Horizonte. Nesta sexta-feira, 9, a Gruta recebe a 4ª edição da festa Dengue - Duelo de Vogue, a partir das 22h. "A ideia era fazer um evento específico para esta técnica e esta subcultura de rua", explica Guilherme Morais, fundador da plataforma cultural This is Not e criador da festa.

O vogue surgiu nos EUA há mais de três décadas, quando homossexuais, travestis e outras vítimas de segregação fomentavam um movimento de contracultura nas periferias das metrópoles. "Os gays e travestis eram expulsos pelas famílias e iam morar juntos em casas coletivas. A partir daí, as casas começaram a competir entre si, através da dança" conta Guilherme.

 

Batizada segundo a tradicional revista de moda, a dança simula, ao som de house music, as poses simétricas e expressões artificiais das modelos que estampavam os editoriais da época.

 

O organizador explica que as competições de vogue começaram "como um movimento no início dos anos 1980, quando foram criados os 'balls', grandes espaços de competição". Disseminada pelo mundo e alçada ao mainstream em 1990 — tanto pelo hit homônimo de Madonna quanto pelo documentário 'Paris is burning', premiado em Sundance—, a prática dividiu-se em pelo menos três vertentes e tornou-se símbolo de força da cultura gay.

 

Confira trecho do documentário 'Paris is burning' sobre o vogue:

 

Em Belo Horizonte, o duelo é aberto para quem quiser participar, independente de graduação ou técnica. "Qualquer pessoa pode duelar;  a gente conta tanto com profissionais, estudantes e professores, quanto com aquelas pessoas que se aventuram, que procuram vídeos de vogue na internet e aprendem, se montam, chegam lá e dançam", ressalta Morais. A "montagem" a que o organizador se refere é um dos pontos altos nas performances, uma vez que os gestos sensuais e fortes da dança são valorizados por visuais femininos e exóticos. "Não necessariamente ganha quem tem mais técnica. Ganha quem tem mais carão", ele aponta.

 

A princípio, Guilherme Morais encontrou dificuldades para arrebanhar os adeptos do vogue na capital mineira. "Não conhecia ninguém que fosse profissional no estilo. Conhecia professores que dançam todos os estilos de dança de rua, e eles me indicaram outras pessoas. Passei um mês em contato com elas", ele relata. "Na primeira edição, contamos com gente do teatro, muitos atores, e uma integrante do Trio Lipstick, formado por dançarinas especialistas em vogue".

 

A partir da estreia, Guilherme conta que "criou-se um movimento", e a festa mensal cresceu em popularidade. "Na última edição as pessoas já estavam mais cientes, conhecendo a técnica, e houve um jogo sobre expressão corporal e alguns aspectos da subcultura de rua LGBT, que a gente chama de travestismo ou pombagirismo", orgulha-se o fundador do evento. As inscrições para o duelo de vogue acontecem pela página da festa no Facebook. Quem decidir se arriscar em cima da hora pode entrar na disputa enquanto ela acontece, quando o DJ tocar a faixa 'Não se reprima'.

 

Dengue - Duelo de Vogue 

Com o MC Guto Lover e DJs Sosti Reis, Alexandre de Sena, Savannah Africana, Mary Poppers, Ravel Brasileiro, Laranja Lima e Roque Horror. Performances de Manuza Leão, Lipstick e Toda Deseo. Gruta Espaço Cultural (Rua Pitangui, 3613, Horto). Ingressos a R$ 15. 

 

Confira o clipe de 'Vogue', hit de Madonna:

 

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