Mateus Solano se identifica com figura paternal em 'O menino no espelho': ''respeitar a infância é respeitar o machucado''

Ator vive pai do protagonista em filme baseado no romance de Fernando Sabino, que chega aos cinemas em 19 de junho

por Bossuet Alvim 14/06/2014 07:00

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Gustavo Baxter/Alicate/Divulgação
Mateus Solano volta às telonas como pai de Fernando, personagem do jovem Lino Facioli, que já atuou na série norte-americana 'Game of thrones' (foto: Gustavo Baxter/Alicate/Divulgação)
Na casa dos trinta e com mais de uma década dedicada aos palcos e telas, Mateus Solano encarou a oportunidade de reconectar-se a um trecho da própria infância quando somou-se ao elenco de 'O menino no espelho', do cineasta mineiro Guilherme Fiúza. Inspirada no romance homônimo publicado por Fernando Sabino em 1982, a produção traz o ator na pele de Domingos, pai complacente e cúmplice do protagonista Fernando, vivido por Lino Facioli.

 

A experiência funcionou como uma ponte entre dois momentos na vida de Solano — leitor do livro, por volta dos 13 anos, e pai de primeira viagem desde a chegada de Flora, nascida em 2010. "Quando cheguei ao set fiquei emocionado, por sempre ter sonhado em ser o menino do livro e por agora estar no papel de pai dele", recorda o ator, consagrado pela atuação como Félix na novela 'Amor à vida'. Na pele de Domingos, o artista ganhou a responsabilidade de conduzir parte das fantasias do personagem principal.

 

O contato com o elenco infantil também evocou outras lembranças de Mateus. "Ver os dois meninos no espelho me lembrou da convivência com meu irmão, que é dois anos mais novo, assim como o Lino e o Ravi", afirma ele em referência ao jovem talento Ravi Hood, que interpreta Toninho, filho caçula de seu personagem.

 

Admirador declarado do desempenho de seus colegas mirins, o ator atribui à espontaneidade do jovem elenco o acerto do filme na tarefa árdua de retratar a infância sem recorrer a estereótipos. Para Solano, em frente às câmeras, "o que a criança tem a oferecer é a própria criança, e não um texto decorado e executado de uma forma adulta".

 

Ele atribui a conquista ao esforço da preparadora de elenco Laís Corrêa, que dedicou-se aos pequenos atores. "Ela foi fundamental para o sucesso do filme. Não tentava transformar a criança em um adulto; nada pior em um filme infantil do que ver mini-adultos", opina. "Para conseguir essa espontaneirdade, ela criava um clima lúdico no set. Eu me diverti muito com eles porque também viro criança", confessa.

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Solano é fã declarado da espontaneidade de jovens talentos como Lino Facioli e Ravi Hood: ''nada pior em um filme infantil do que ver mini-adultos'' (foto: Gustavo Baxter/Alicate/Divulgação)
 

De volta no tempo

O respeito à curiosidade e à energia características da infância também integraram a formação de Mateus Solano, que garante ter vivido muito bem seus tempos de criança. "Minha mãe sempre tentou manter um aspecto lúdico em nossa criação, apesar de morarmos em uma cidade grande como o Rio de Janeiro. Sempre nos incentivou a praticar muitos esportes, a produzir muita arte", ele se lembra. "Sempre tivemos muito espaço para colocar nossa energia de criança em diversos campos", orgulha-se.

 

Pai de uma menina com quase quatro anos, Solano conta ter visto em Domingos, uma versão ficcional do pai de Fernando Sabino, qualidades que faz questão de exercitar na vida real. Ele afirma que para entrar na pele do personagem, "o desejo de ser um bom pai" era suficiente. No filme, a relação dos pais de Fernando com seus três filhos explicita valores que o ator sempre prezou.

 

É mto complicado educar, mas sem dúvida se tem algum valor q o Domingos q eu gostaria de passar pra Flora é que a infância a gente tem que aproveitar com o que tem direito, mta energia, mta ludicidade, mta criatividade. Deixar a criança em contato o máximo possível com ferramentar q ela psosa botar isso pra fora

 

"O Guilherme [Fiúza, diretor] tirou da mãe o sentido lúdico e botou no pai. A mãe [interpretada por Regiane Alves] é mais séria e pensa no futuro, enquanto o pai ficou em uma função mais de moleque", detalha o ator. "Domingos diz que é importante o menino brincar, cair, se ralar e se machucar. Ele fica nesse meio termo, entre a época em que vive, muito rígida, e essa sabedoria de que a infância é uma só".

 

Mateus admite que "é muito complicado educar", mas acredita que "a infância a gente tem que aproveitar com tudo o que tem direito". E reflete: "hoje a gente vê as crianças presas em telas. O filme convida tanto os pais quanto os filhos para pensar sobre a infância", antecipa o ator. 'O menino no espelho' chega às telonas em 19 de junho.

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Mateus Solano e Regiane Alves são pais de Fernando, versão ficcional com toques autobiográficos de Fernando Sabino; ''o filme é mais sobre o menino que ele era'' (foto: Gustavo Baxter/Alicate/Divulgação)
 

Sobre a adaptação

Na parte de trás da edição [do livro] que tenho, há uma frase do Fernando Sabino que o Guilherme Fiúza usou no filme. "Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino". Acho que o filme pode se resumir nisso, porque traz para as crianças de agora esse tipo de infância, em um estado natural de energia, de ludicidade, de criatividade. São lugares construtivos.

 

Confira o trailer de 'O menino no espelho':

 



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