Com homenagem a Moraes Moreira, Baianas Ozadas cantou de frevo ao axé das décadas de 80 e 90

A principal via e as ruas transversais foram tomadas por homens, mulheres de todas as idades e classes sociais, muitos deles vestidos com as tradicionais saias e turbantes das baianas

por Márcia Maria Cruz 28/02/2017 06:00

Ramon Lisboa/EM/D.A/Press
Cerca de 500 mil foliões tomaram a Avenida Afonso Pena e as ruas transversais ontem na maior animação já vista no carnaval deste ano (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A/Press)

O carnaval de Salvador é conhecido pelos circuitos Barra Ondina e Campo Grande, por onde desfilam os principais trios da cidade. Mas, ontem, a cidade soteropolitana se estendeu pela Avenida Afonso Pena, no Centro da capital mineira, graças ao cortejo do bloco Baianas Ozadas. A principal via e as ruas transversais foram tomadas por homens, mulheres de todas as idades e classes sociais, muitos deles vestidos com as tradicionais saias e turbantes das baianas.

Formado por mineiros e baianos, o bloco que traz a referência da Bahia no nome, neste ano também se mirou na grandiosidade da festa dos irmãos do Nordeste. Saiu com o maior trio da folia belo-horizontina: 6,20 metros de altura, 22 de comprimento e 100 mil watts de potência. “No ano em que o Baianas completa cinco anos, a gente espera fazer um grande carnaval para a cidade. A gente pensa um carnaval para toda a cidade, sem público específico. Este ano, muito especialmente, trazemos como tema Moraes Moreira, primeiro cantor de trio elétrico. Esse grande baiano que completa 70 anos de idade em 2017”, afirmou Geo Cardoso.

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Saias brancas e turbantes são a principal marca dos integrantes do bloco (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A/Press)

Além da sonorização, o desfile foi superlativo em outros quesitos: de acordo com os organizadores, 500 mil foliões atrás do trio elétrico, cinco horas de músicas que foram do frevo de Moraes Moreira aos axés dos anos 1980 e 1990, passando também pelo repertório dos Novos Baianos, Gilberto Gil e Caetano Veloso. No comando, o músico Geo Cardoso e o regente Bill Lucas na bateria. Com a dissidência de parte da diretoria, que fundou o Havayanas Usadas, que também desfilou ontem, foi convidado o cantor Wallison Rodrigues para dividir os vocais com Geo. Os dois agitaram o público do mesmo trio usado por blocos no Rio de Janeiro, como Cordão da Bola Preta, Bloco da Preta e AfroReggae. Na opinião do proprietário do trio, a folia belo-horizontina “está no caminho certo”, não devendo nada à cidade carioca.

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A ala infantil Os Baianinhas, composta por 30 crianças, fez bonito no desfile (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A/Press)

Pela primeira vez desde que começou como bloco no carnaval belo-horizontino em 2013, o Baianas não saiu da Praça da Liberdade, atendendo às solicitações do Corpo de Bombeiros referentes à segurança. O desfile teve início por volta das 10h, com a apresentação da ala infantil Os Baianinhas, composta por 30 crianças. Durante o trajeto, em função do tamanho do trio, os momentos de manobra na Avenida Afonso Pena para seguir pela Avenida Amazonas requereram muita atenção. Mas tudo transcorreu sem problemas. O público atendeu ao pedido de respeitar os limites estabelecidos pela corda que protegia o trio, a bateria e a ala de dançarinos. Apenas em dois momentos houve confusão entre os foliões. Em ambos, Geo pediu a colaboração dos foliões e a festa seguiu sem problemas. O desfile se encerrou às 16h30, na Praça da Estação.

Os integrantes do bloco saíram com camisa ilustrada pelo cartunista Duke e desenhada pelo estilista Ronaldo Fraga. “A verba será revertida para o Hospital da Santa Casa”, informou Geo, que aproveitou o cortejo para lançar a campanha “Abrace a Santa Casa”.

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