Cerca de 10 mil foliões engrossam, em BH, o coro do bloco Baianas Ozadas

Bloco celebrou Caymmi e lavou escadarias em ritual, no Centro

por Juliana Ferreira 04/03/2014 07:13

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CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS
Da Praça da Liberdade o Baianas Ozadas, com 120 músicos na bateria, seguiu até a Praça da Estação arrastando a multidão (foto: CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS)
Quando os tambores rufaram pela primeira vez, o público foi ao delírio. Ao som arrepiante do axé, a Praça da Liberdade, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, encarnou o espírito do Pelourinho. O cordão humano na descida da Avenida João Pinheiro mais parecia uma das ladeiras da Bahia. O Bloco Baianas Ozadas iniciou o desfile às 13h30, com meia hora de atraso. A bateria carregava a cor tradicional no estado nordestino: homens e mulheres de saias e blusas brancas, com apetrechos coloridos. Foram cinco horas de peregrinação até a Praça da Estação. Antes, os integrantes, seguidos por cerca de 10 mil foliões, lavaram a escadaria do Edifício Sulacap, no cruzamento das ruas da Bahia e Tamoios, numa alusão ao mesmo ato realizado na escadaria do Senhor do Bonfim, em Salvador.

O bloco, fundado em 2012, apresentou ontem sua maior formação: 120 músicos na bateria, dois vocalistas, um guitarrista e um regente, além de um trio elétrico. A potência do trio, porém, era baixa e quem estava a uma distância razoável tinha dificuldade para identificar a canção executada.

Neste ano, o grupo homenageou o centenário do cantor e compositor baiano Dorival Caymmi. Suas músicas foram tocadas, além de timbalada, olodum e sucessos do carnaval baiano. “É inacreditável o acolhimento. É só alegria, com pessoas amáveis. Segui no ano passado e me apaixonei. Neste ano, estou na bateria”, contava o autônomo Gilson Reis, de 52 anos, que tocava o surdo, instrumento de marcação da percussão. “É isso que vale na vida. Assim que a vida flui”, disse, ao entrar na formação da banda.

À frente dos tambores estava o Grupo Requebra, formado no ano passado em um ensaio do bloco das baianas. “Nós percebemos que muita gente gostava mais de dançar do que tocar. Foi muito natural a formação”, relatou uma das integrantes, a massoterapeuta Daniela Modesto, de 26 anos, vestida a caráter. “Muitos querem usar o corpo e gostam de axé. Usamos passos simples para o público acompanhar”, diz. O que se viu foram foliões entregues à coreografia dos 70 componentes. De idosos a crianças, o bloco reuniu famílias, como a da publicitária Verônica Guedes Magalhães da Rocha, de 29 anos, que levou a sobrinha de apenas nove meses. A dupla estava fantasiada de Minnie. Os avós também seguiram a pequena. Com óculos coloridos, o engenheiro Wagner da Rocha, de 70 anos, entrou na dança com a netinha. Sua mulher, Vera Maria Guedes Magalhães da Rocha, de 64 anos, era só elogios à festa. “Está bem diversificado e não atrapalha o trânsito. Chegamos tranquilamente. Os pontos estão bem localizados”.

 

CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS
(foto: CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS)
Eu, folião

Domingos Medussa, de 36 anos, carpinteiro

O exótico porta-bandeira do Bloco Baianas Ozadas virou atração na Praça da Liberdade. Com uma saia branca longa, miçangas coloridas enroladas no peito e um turbante exótico, Domingos Medussa, de 36 anos, ganhou fãs. O carpinteiro esbanjava simpatia por onde passava. Muitos foliões, principalmente crianças, pediam para tirar fotos com ele, que se destacou em meio ao tapete branco do bloco de rua. “Conheci os meninos em 2012. Eu era da bateria, mas faltou um instrumento oficial e assumi o posto de porta-estandarte. Vim vestido de baiana”, brincou, antes de abrir alas para o grupo passar.  

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