Prazer e morte: a escultura atemporal de Marco Aurélio R. Guimarães

DATA

  • 24/01/2017 à 02/04/2017

LOCAL / INFO

PREÇOS

  • Entrada Franca

Prazer e morte: a escultura atemporal

de Marco Aurélio R. Guimarães na Casa Fiat de Cultura

Expostas pela primeira vez, as peças em mármore retratam

temas universais e impressionam pela riqueza de detalhes

 

Aos oitenta anos de idade, Marco Aurélio R. Guimarães vai realizar na Casa Fiat de Cultura sua primeira exposição de arte. Nascido em Belo Horizonte, o artista já havia se aposentado do trabalho como engenheiro civil (graduado pela Universidade Federal de Juiz de Fora em 1961), quando decidiu dedicar-se ao ofício que cultivava desde a adolescência: a escultura.

Intitulada Prazer e morte: a escultura atemporal de Marco Aurélio R. Guimarães na Casa Fiat de Cultura, a mostra vai apresentar, de 24 de janeiro a 2 de abril, duas esculturas que retratam com impressionante fidelidade os corpos de um homem e de uma mulher. Como o nome sugere, a obra batizada de &ldquoLuxúria&rdquo representa uma mulher sensual, lânguida, que parece esconder &ndash e, ao mesmo tempo, revelar &ndash as formas de seu corpo. A obra, que foi a primeira das duas a ser esculpida, levou um ano para ser finalizada e foi feita a partir de um bloco de mármore de cinco toneladas. A figura masculina é o tema da segunda escultura, chamada de &ldquoProximus&rdquo: um homem igualmente nu, porém em posição introspectiva, reflexiva, e que apoia o braço esquerdo em um crânio de mármore preto. Esculpido propositalmente em escala maior do que a humana, o crânio simboliza a proximidade da morte, destino de todos os homens. O nome da obra, portanto, remete ao termo em latim que significa &ldquoaquele que está mais próximo&rdquo. O artista demorou cerca de quatro meses na produção de Proximus, que foi esculpido em um bloco maciço de aproximadamente 4,5 toneladas.

&ldquoMarco Aurélio não olhou em volta, não buscou tendências, não procurou sintonias. Descobriu-se um escultor em mármore e trabalhou a matéria para si, com paixão, como um tributo a si mesmo e a seu desejo&rdquo, diz o presidente da Casa Fiat de Cultura e curador da mostra, José Eduardo de Lima Pereira.

A exposição Prazer e morte: a escultura atemporal de Marco Aurélio R. Guimarães na Casa Fiat de Cultura é uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, da Casa Fiat de Cultura, com o apoio do Grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA), Banco Fidis, Fiat Finanças, CNH Industrial, New Holland, Banco Safra, Circuito Liberdade, Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha), Governo de Minas e Governo Federal.

 

A dualidade em Prazer e Morte

 

As obras fazem referência ao mito grego de Eros e Tânatos, divindades do amor e da morte, respectivamente. O relato serviu de metáfora para a teoria das pulsões de vida e de morte, estabelecida na psicanálise por Freud (1856-1939). A escultura Luxúria representa a chamada pulsão de vida (Eros), uma força libidinal, que motiva o indivíduo à vida e ao prazer. Já Proximus simboliza o desligamento, a ruptura com o estado natural, o retorno a uma espécie de inércia e, portanto, a pulsão de morte (Tânatos). Segundo Freud, essas duas forças vivem em permanente conflito na mente humana. Dessa dualidade, advém o título da exposição, Prazer e Morte. Segundo o relato, Eros, o mais belo dos deuses e que vivia a alvejar homens, mulheres e deuses com sua flecha do amor, adormeceu em uma caverna, embriagado por Hipno (deus do sono, irmão de Tânatos). Enquanto caía em sonhos, suas flechas se espalharam pela caverna, misturando-se às flechas da morte. Ao acordar, Eros recolheu as flechas do chão e acabou levando, sem perceber, algumas que pertenciam a Tânatos. Desde então, o deus do amor passou a portar também flechas de morte.

 

 

O artista Marco Aurélio R. Guimarães

Ainda jovem, como autodidata, produzia pequenos artefatos e presentes para os amigos, como porta-joias, anéis e pequenas esculturas feitas a partir de côco, madeira e ossos. Quando se aposentou do ofício de engenheiro, passou a estudar arte por conta própria, fazer cursos livres e aprofundar seu conhecimento nas técnicas de ourivesaria, escultura em madeira, marfim, pedra-sabão e, por fim, mármore.

Em 2011, Marco Aurélio procurou Cícero D&rsquoÁvila, importante escultor figurativo, que estudou o ofício na icônica cidade de Carrara, na Itália, e é conhecido pela &ldquovecchia maniera&rdquo de se talhar o mármore. Marco Aurélio encantou-se, então, pela arte em mármore e pela estética clássica, consagrada por grandes escultores, como o ícone do Renascimento italiano Michelangelo (1475-1564) e o expoente do movimento romântico na França Jean-Baptiste Carpeaux (1827-1875). Com a orientação de D&rsquoÁvila, o determinado aprendiz viajou três vezes à Itália para adquirir os dois blocos de mármore estatuário de Carrara, que pesavam cada um cerca de cinco toneladas e vieram de navio até o Brasil. No ateliê de D&rsquoÁvila, em São Paulo, Marco Aurélio desenvolveu e executou as duas peças que compõem a mostra.

 

A escultura em mármore

O trabalho de Marco Aurélio R. Guimarães guarda semelhança com a escultura clássica renascentista não só pelo caráter humanista, que enaltece a força e a beleza da anatomia humana, mas principalmente pelo aspecto técnico.

Não há esboço em croqui. O artista idealiza a peça com a participação de modelos vivos, que posam por cerca de três horas por sessão. O objetivo não é retratar feições ou expressões faciais idênticas às dos modelos, mas observá-los para ter o máximo de fidelidade ao gestual corporal, escala e outros aspectos básicos da anatomia. O escultor parte então para um primeiro modelo em plastilina, um composto de ceras, pigmentos e óleos que resulta em uma massa flexível e moldável. Nessa primeira peça, que mede cerca de 10 centímetros e é chamada de bozzetto, Marco Aurélio testa a estrutura do corpo, a posição e as proporções.

Em uma segunda modelagem no mesmo material, já medindo aproximadamente 40 centímetros, o artista detalha mais aspectos do corpo humano, tais como massas musculares, tendões, veias, cabelos e outras texturas. Tira-se um molde dessa segunda peça da qual se funde uma reprodução idêntica em gesso. A partir das referências visuais do modelo em gesso, o artista transfere as medidas para a escala final, no bloco de mármore, com a ajuda de um sistema mecânico pantográfico baseado em medições por um processo de três compassos. Começa, então, a remoção das partes não aproveitadas da pedra que, assim como na Antiguidade, vai sendo trabalhada cuidadosamente pelo artista com serras, rompedores, martelos, cinzéis, gradinos e outras ferramentas, até atingirem a forma final, com o realismo que o artista pretendeu.

Marco Aurélio utilizou mármore preto para o crânio e mármore branco de Carrara para as duas figuras principais. O mármore, original da cidade italiana de Carrara, é famoso desde o século I a.C., quando foi utilizado para construir templos e edifícios da Roma Antiga. No Renascimento, surgido no século XIV e que homenageava a estética e os valores humanistas da Antiguidade, o mármore de Carrara foi novamente empregado em monumentos e obras célebres, como o Davi de Michelangelo, que retrata o herói bíblico com realismo em impressionantes cinco metros de altura.

Para Marco Aurélio, seu ofício de engenheiro não está tão dissociado de seu talento para esculpir, como poderia presumir o senso comum. &ldquoA engenharia é uma profissão racional, matemática, firme, imutável e, aparentemente, distante do campo da arte. Mas a arte também pode ser rigorosa e absoluta, como no caso da escultura, por exemplo. Esculpir uma forma em mármore é retirar pedaços de matéria. Uma vez removidos do todo, não se pode voltar atrás. De certa forma, a arte também pode se revelar rigorosa, imutável&rdquo, diz o artista.

 

Programação paralela

O Programa Educativo terá sua atuação estruturada no tripé Técnica, Linguagem, Biografia. No eixo Técnica, serão abordadas práticas, ferramentas e materiais relacionados aos processos da escultura em mármore, tema central da exposição. No eixo Linguagem, os temas principais serão conceitos, estruturas e estratégias da poética escultórica, sobretudo quando presentes nos trabalhos do artista. Finalmente, no eixo Biografia, o artista torna-se tema da mediação - sua trajetória, formação e inspiração (motor de sua verve criativa).

Durante o período da exposição, o Programa Educativo da Casa Fiat de Cultura vai oferecer visitas mediadas para públicos agendados e espontâneos e visitas acessíveis a pessoas com mobilidade reduzida e com deficiência visual parcial ou total - estas pessoas poderão tocar as esculturas com a mediação dos educadores. O público poderá ainda conhecer materiais, ferramentas e objetos utilizados pelo artista no processo de criação das esculturas.

Além disso, será realizado o Ateliê Aberto de Escultura, que oferecerá aos visitantes a oportunidade de experimentar e vivenciar alguns materiais, técnicas e práticas que fazem parte do universo da escultura. Os participantes poderão criar pequenas esculturas em sabão e cimento autoclavado para, assim, compreender melhor os processos de criação de objetos tridimensionais. Crianças de até 12 anos poderão esculpir sachês a partir de sabonetes, experimentando, também, memórias do tempo das vovós. Já os maiores de 12 anos, aprenderão a construir peças em blocos de cimento celular autoclavado. Todos os interessados deverão usar roupas confortáveis e adequadas ao manuseio de tintas, adesivos e outros materiais. E as crianças menores de 10 anos deverão ser acompanhadas por um adulto responsável.

 

Casa Fiat de Cultura

 

Há 10 anos, a Casa Fiat de Cultura cumpre importante papel na transformação do cenário cultural mineiro, ao apresentar, em Belo Horizonte, 30 importantes exposições, de renomados artistas brasileiros e internacionais. A grande arte de Caravaggio, Chagall, De Chirico, Rodin, Tarsila do Amaral e outros pôde ser apreciada e discutida de forma gratuita ao longo dos anos, por todos os públicos, de todas as idades e classes sociais.

 

Sempre com mostras inéditas, a instituição, mantida pelas empresas do Grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e CNH Industrial, desenvolve um Programa Educativo que é peça fundamental nesse trabalho de valorização e de ampliação do conhecimento proporcionado a seu público. Para cada exposição, são idealizados conceitos e temáticas a serem trabalhados em atividades educativas, em um modelo de Ateliê Aberto, que proporciona aos visitantes um espaço de experimentação livre e de participação nos processos do fazer criativo. 

 

Cerca de 2 milhões de pessoas já visitaram a Casa Fiat de Cultura e mais de 300 mil pessoas participaram das atividades educativas. Para cada público, uma abordagem especial é adotada, com o intuito de encantar e transformar, de maneira positiva, o imaginário de cada visitante. É com esse espírito de envolvimento e inclusão que a Casa Fiat de Cultura tornou-se referência no Brasil, por meio da arte e da cultura, ao proporcionar experiências memoráveis ao público.

 

 

Serviço

Exposição Prazer e Morte: a escultura atemporal de Marco Aurélio R. Guimarães na Casa Fiat de Cultura

24 de janeiro de 2017 a 2 de abril de 2017

Terça a sexta, das 10h às 21h sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h

Entrada gratuita

 

Ateliê Aberto de Escultura

25 a 29 de janeiro 4, 5, 11, 12, 18, 19, 25, 26 de março 1 e 2 de abril

Das 10h às 12h para crianças até 12 anos

Das 14h às 18h para maiores de 12 anos

Vagas limitadas a 20 pessoas por horário, não é necessária a inscrição

Entrada Gratuita

 

Agendamento de grupos e escolas: (31) 3289-8910

 

Casa Fiat de Cultura

Circuito Liberdade

Praça da Liberdade, 10, Funcionários &ndash BH/MG

Horário de funcionamento: terça a sexta, das 10h às 21h sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h

 

Informações

(31) 3289-8900

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