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Estado de Minas

Milhares de pessoas estão hoje no Chile para ver o espetáculo do eclipse total do Sol

Moradores na região do deserto do Atacama, situados na faixa de escuridão total vivem o frenesi dos últimos preparativos e a chegada maciça de dezenas de milhares de turistas, que não querem perder este aguardado evento astronômico


A zona zero está localizada em uma faixa de 150 quilômetros nas regiões de Coquimbo e Atacama, onde o dia luminoso dará lugar a um noite curta de cerca de 2 minutos e 36 segundos(foto: Jongsun Lee/Unsplash)
A zona zero está localizada em uma faixa de 150 quilômetros nas regiões de Coquimbo e Atacama, onde o dia luminoso dará lugar a um noite curta de cerca de 2 minutos e 36 segundos (foto: Jongsun Lee/Unsplash)
 

Milhares de turistas invadiram o Chile para observar nesta terça-feira o eclipse total do Sol que mergulhará em completa escuridão uma faixa de 150 quilômetros do Norte do país e Centro-Norte da Argentina, antes de perder-se no Atlântico. Favorecido pelos céus imaculados do norte do Chile e pela proliferação de observatórios na capital mundial da astronomia, esse eclipse total tornou-se um fenômeno de massa, um século após outro fenômeno semelhante, que ocorreu em Sobral, no Brasil, permitido a um grupo de cientistas verificar pela primeira vez a teoria da relatividade de Albert Einstein e consolidar uma das maiores revoluções na história da ciência.

 

Embora o eclipse desta terça-feira, iniciado no Pacífico, possa ser observado em boa parte do Chile, a "zona zero" está localizada em uma faixa de 150 quilômetros nas regiões de Coquimbo e Atacama, onde o dia luminoso dará lugar a um noite curta de cerca de 2 minutos e 36 segundos a partir das 16h38 local (17H38 de Brasília). As autoridades esperam mais de 300.000 pessoas. 

 

Acampamentos com barracas, carrinhos de comida, conexão com a internet e banheiros químicos foram instalados em uma dúzia de pequenas cidades que estão animadas com as boas vendas em um único dia. Quem não pôde viajar para o Norte, onde estão os céus mais límpidos do país, também poderão ver o eclipse. Em Santiago, a capital, cobrirá 92% do sol. Outro eclipse total do sol ocorrerá em 14 de dezembro de 2020 no sul do país.

 

 
Frenesi 

Outro eclipse total do sol ocorrerá em 14 de dezembro de 2020 no sul do país(foto: Joson Howell//Unsplash)
Outro eclipse total do sol ocorrerá em 14 de dezembro de 2020 no sul do país (foto: Joson Howell//Unsplash)
 

 

Ontem, véspera do eclipse total do Sol, que será visível nesta terça-feira, oitenta crianças cruzaram três regiões do Chile e chegaram ao povoado de La Higuera depois de 16 horas de viagem para observar ao vivo o evento astronômico. Poucos minutos depois de chegar, essas crianças e seus professores acabavam de se instalar dentro do teatro da pequena cidade de La Higuera, até onde "nunca tinha chegado tanta gente", segundo um de seus moradores, assombrado com a quantidade de turistas no local. "O entusiasmo das crianças é impressionante", muitas das quais não conseguiram chegar aqui por meios próprios, disse à AFP Valezca Cepeda, diretora do projeto que trouxe os pequenos de localidades tão remotas como Colchane, no planalto de Iquique.


Na praça de La Higuera, o local do Chile onde será possível observar o eclipse melhor e por mais tempo, um palco acabava de ser preparado, enquanto na única escola da localidade, professores distribuíam aos alunos lentes especiais para ver o eclipse. Um a um, eles recebiam os óculos com as instruções para poder desfrutar de forma segura do evento, que porá na vitrine esta empobrecida localidade, com ruas de terra e casas de madeira.


Tornar prático o abstrato 


Em uma esplanada, quase no meio do nada, o astrônomo Luis Barrera, diretor do departamento de Física da Universidade de Ciências da Educação (Unce), calibrava o telescópio com o qual espera não perder nem um único momento do aguardado evento, que só ocorre no mesmo lugar a cada cerca de 360 anos.


Na região de Coquimbo só se registraram três eclipses em mais de 500 anos. O primeiro de que se tem registro ocorreu em junho de 1592 e o último, em março de 1839. Para um cientista que dedicou a vida à astronomia, ver com seus próprios olhos este tipo de fenômeno é uma oportunidade única. Também é para o grupo de alunos que o acompanha em um pequeno acampamento montado na empoeirada esplanada e que poderão comprovar in situ as teorias ensinadas por seu professor.


"É uma instância de tornar prático aquilo que parece abstrato", diz à AFP Barrera, que terá uma observação privilegiada deste fenômeno. O astrônomo conta que elegeu La Higuera porque será este lugar, no limite das regiões de Coquimbo e Atacama, onde o eclipse total se estenderá por mais tempo, 2 minutos e 36 segundos.


"Mais tempo de duração de eclipse permite captar mais imagens (...) Com a minha câmera, por exemplo, posso capturar em 10 segundos mil imagens", relata. Os preparativos também seguiam no acampamento base situado no acesso ao observatório de La Silla. Aqui, as autoridades esperam a chegada de 20 mil turistas.


Em La Serena, enquanto isso, centenas de 'motor homes', de todos os tipos e tamanhos, lotavam a cidade, que já estava repleta de visitantes, como costuma ocorrer no verão, só que agora em pleno inverno, um dia antes do único eclipse total do sol que se verá este ano. Quem não pôde viajar para o norte, onde estão os céus mais límpidos do país, também poderão ver o eclipse. Em Santiago, a capital, cobrirá 92% do sol. Outro eclipse total do sol ocorrerá em 14 de dezembro de 2020 no sul do país.

 

 
Eclipses totais do sol: do medo ao êxtase popular 

 

Observatório de La Silla espera a chegada de 20 mil turistas (foto: Steve Halama//Unsplash)
Observatório de La Silla espera a chegada de 20 mil turistas (foto: Steve Halama//Unsplash)

 


Este é um processo que ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua estão no mesmo plano. "Normalmente, a Terra gira em torno do Sol, formando um plano imaginário, chamado de eclíptica, mas a Lua com a Terra forma outro plano, e esse plano está inclinado em cinco graus. Portanto, nem sempre estes três corpos estão no mesmo plano. Quando estão no mesmo plano, temos os eclipses, seja da Lua, ou do Sol", explicou à AFP o diretor do Departamento de Física da Universidade Nacional de Ciências da Educação (Unce), o astrônomo Luis Barrera.


Os mais comuns são os eclipses anulares, que significa que a Lua está um pouco mais longe da Terra e não chega a cobrir completamente o disco do Sol, permanecendo como um anel. O que vai acontecer nesta terça-feira é um eclipse total, ou seja, o disco da Lua estará um pouco maior do que o disco do Sol, cobrindo sua totalidade.


Enquanto em culturas antigas, muitas vezes os eclipses eram motivo de angústia e medo para as pessoas, hoje, a partir da dinâmica dos movimentos dos corpos no sistema solar, é possível saber sua ocorrência com uma precisão muito alta. "Podemos prever eclipses em 10 mil anos", diz Barrera.


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