(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas

1001 LUGARES PRA SE VIVER: Universidade de Salamanca

Fundada em 1218, está situada na Província de Castela e Leão, a mais antiga da Península Ibérica, completa 800 anos de funcionamento ininterrupto


30/01/2018 07:12 - atualizado 02/04/2018 18:32

 

Na dourada Salamanca, uma universidade enfrentou a Inquisição(foto: Universidade de Salamanca/Divulgação)
Na dourada Salamanca, uma universidade enfrentou a Inquisição (foto: Universidade de Salamanca/Divulgação)

A estátua de frei Luis de León (1527-1591) ergue-se à entrada do pátio do edifício gótico de Escuelas Mayores, da Universidade de Salamanca. De tradição agostiniana, o religioso humanista, um dos escritores mais importantes da segunda metade do Renascimento espanhol, teve a carreira acadêmica interrompida pela Inquisição. Lançado por cinco anos numa cela em porão escuro, registrou: “Aqui, a inveja e a mentira me encarceraram”.

 

Entre as acusações do tribunal religioso da então poderosa Igreja Católica estava a tradução do Cântico dos Cânticos para o castelhano. Quando libertado, retomou inabalável as cátedras de teologia. Mantida no estilo original, a sua sala de aula ainda guarda nas longas bancadas de madeira inscrições deixadas por seus alunos. Mais de quatro séculos depois, Luis de León segue como símbolo da independência e da autonomia acadêmica. Para a história, certas perseguições e injustiças ganham a dimensão da imortalidade.


Fundada em 1218, a Universidade de Salamanca, situada na Província de Castela e Leão, a mais antiga da Península Ibérica, completa 800 anos de funcionamento ininterrupto. O seu pátio do edifício das Escuelas Mayores foi a primeira intervenção urbanística de Salamanca, configurado como um espaço para a contemplação da fachada do século 16, espetacular exemplar do estilo plateresco. No interior do prédio está a Biblioteca General Histórica. Fundada por Afonso X, o Sábio, guarda séculos do pensamento: são 2.774 manuscritos, 483 incunábulos – livros do século 15, dos primeiros tempos da imprensa – e cerca de 62 mil volumes dos séculos 16 a 18 de valor incalculável.


Entre as obras preservadas está De revolutionibus orbium coelestium (Da revolução de esferas celestes), de Nicolau Copérnico (1473-1543). Nela, o astrônomo e matemático polonês expõe a sua teoria heliocêntrica – apoiada pela Universidade de Salamanca – em oposição à teoria ptolomaica geocêntrica, defendida pela Igreja. Antes mesmo de sua publicação, Martinho Lutero manifestou a sua desaprovação: “O louco vai virar toda a ciência da astronomia de cabeça para baixo. Mas como declara o Livro Sagrado, foi o Sol e não a Terra que Josué mandou parar”. O ensino de astronomia e astrologia na Universidade de Salamanca está representado no afresco do zodíaco batizado O Céu de Salamanca, de Fernando Gallego, no edifício das Escuelas Menores.


Salamanca foi conquistada por Aníbal em 220 a.C. Com a derrota dos cartagineses para Roma na Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.), a cidade foi anexada à província da Lusitânia e batizada de Salmántica. Após a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, foi dominada por povos iranianos do Nordeste do Cáucaso, os alanos. A estes seguiram-se os visigodos e, em 712, os muçulmanos, até o século 11. A partir daí, novos povoadores ocuparam a cidade, entre francos, castelhanos, serranos e portogaleses.

Encastelada numa colina sobre o Rio Tormes, o ponto de inflexão nesta, que é conhecida como a “Cidade Dourada”, em decorrência do tom das edificações conferido pelas pedras de arenito extraídas de minas na região, foi a fundação da universidade. Ao lado de Paris, Oxford e Bologna, está entre as primeiras instaladas na Europa. Com a conquista do Novo Mundo, a partir de 1551, as primeiras universidades americanas surgem sob o modelo da Universidade de Salamanca, que, entre os séculos 16 e 17 passou por expansão sem precedentes: 70% das universidades fundadas registram a influência do seu modelo. A riqueza carreada da manufatura têxtil e exportação de lã e da exploração do Novo Mundo financiou muitos dos tesouros artísticos e arquitetônicos dessa cidade medieval universitária,  vitrine da arquitetura renascentista e plateresca da Espanha.

 

Saiba mais no Blog 1001 LUGARES PRA SE VIVER. Acesse aqui  


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)