Angkor Wat ou “Cidade que é um Templo”, no Camboja, ergue-se em meio à densa floresta.
A arquitetura khmer legou ao mundo a arte de construir templos. Nesse império, o sagrado e o poder se entrelaçaram numa forma teocrática de governo. Angkor Wat, templo principal e sede do palácio real, declarado Patrimônio da Humanidade, é demonstração disso.
A planta do complexo, como em geral os templos do período Khmer, representa o desenho sagrado de uma mandala. Traduz a simbiótica relação entre o microcosmo terrestre – o complexo de templos – e o macrocosmo dos céus, – o Monte Meru –, centro do universo e a morada mítica dos deuses hindus. O povo khmer acreditava ser a harmonia desta relação fundamental à prosperidade do reino.
Tudo é grandioso em Angkor Wat.
Em meio à passarela de 350 metros que abre passagem até a área central do complexo, um lago interno espelha a imagem invertida dos templos posicionados na plataforma sagrada de Angkor Wat. De base piramidal, “pois o quadrado é a forma perfeita”, quatro templos (prasats) e as respectivas torres de cume em forma de botão de lótus, referência ao Monte Meru, indicam, em terraços de alturas decrescentes, os pontos cardeais. Quilômetros de galerias circundam a base do complexo. Nestas, em baixo-relevo e em sentido anti-horário, é narrado um mundo mitológico que desvenda bailarinas celestiais – as apsaras – e guardiãs – as devatas.
A partir do século 15, o poder Khmer entrou em decadência. A genial obra de uma civilização foi lentamente sepultada pela floresta. Mas nunca abandonada, uma vez que ali permaneceram os budistas, força religiosa preponderante a partir do século 14 do já então débil reino Khmer. Foi em 1860 que o complexo de Angkor Wat chamou a atenção e se popularizou no Ocidente, por meio da apaixonada descrição do naturalista e explorador francês Henri Mouhot: “Um desses templos é rival ao de Salomão. Erigido por algum antigo Michelangelo, poderia ocupar um honorável lugar entre os nossos edifícios mais belos. É maior do que qualquer dos nossos legados de Grécia e Roma, e apresenta um triste contraste com o estado de barbárie em que agora se encontra sumida a nação.”.