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Novo eldorado africano, Cidade do Cabo revela lado cosmopolita e multicultural da África do Sul

Cidade mais ao Sul do continente africano foi eleita capital mundial do design (2014) e destino obrigatório por algumas das principais publicações dos EUA e Europa

Renan Damasceno

Movimento nas ruas da Praia de Camps Bay é sempre intenso - Foto: Renan Damasceno/EM/D.PRESS


Cidade do Cabo
– Se a Europa sustentou, por séculos, a condição de centro do mundo, a África do Sul era algo como uma esquina. Por ali passaram, do século 15 ao 17, algumas das navegações mais importantes para a descoberta do Oriente, que deram ao ponto mais ao Sul da África o nome de Cabo das Tormentas (Bartolomeu Dias, 1988) e, depois, Cabo da Boa Esperança, até a região ser colonizada e batizada como Cidade do Cabo, com o estabelecimento dos holandeses (1652).

Quatro séculos depois, a cidade mais populosa da África do Sul (2,6 milhões) volta a ocupar protagonismo no mapa, não mais como passagem, mas como um destino para turistas do mundo todo, oportunidade de emprego para outros países africanos, além de novo endereço de artistas, designers, chefs de cozinha e investidores. Eles aportaram ali nos últimos anos, ajudando a reconstruir a paisagem de uma das cidades mais divididas e consumidas pelo apartheid – regime de segregação vigente até 1994.

O processo de modernização foi impulsionado com a Copa do Mundo’2010 e acelerou em 2014, quando a cidade foi eleita capital mundial do design e principal lugar do mundo para se visitar por publicações como The New York Times (2014) e The Telegraph (2016). O Estado de Minas mostra por que a Cidade do Cabo é uma das mais efervescentes da atualidade.


Embora a história da Cidade do Cabo seja escrita há quase quatro séculos – com o estabelecimento de holandeses, ingleses, franceses, muçulmanos, indianos e escravos trazidos de antigas colônias do Sudeste asiático –, a impressão que se tem ao caminhar pelas principais regiões turísticas é que tudo parece ter surgido agora. Boa parte dos restaurantes mais disputados, o boom das cafeterias, maisons com marcas de grifes, galerias de arte e o moderno complexo gastronômico e de compras de Waterfront, na área portuária, nasceram ou foram revitalizados nos últimos 10 anos.

A Cidade do Cabo é o segundo destino mais visitado da África do Sul, atrás apenas de Johanesburgo, coração financeiro do país, que recebe os principais voos internacionais, servindo de hub para as regiões Sul e Central do continente. Atualmente, a South African Airlines (www.flysaa.com) opera 10 voos semanais de São Paulo para lá.
São cerca de 10 horas de duração – mais duas horas até a Cidade do Cabo. Desde a Copa do Mundo, o país recebe em torno de 10 milhões de turistas internacionais, número que girava em torno de 6,6 milhões em 2004, ano em que foi escolhida sede do Mundial.

Desde 2013, o Brasil passou a ocupar o top-10 da lista encabeçada por países vizinhos e Reino Unido. Segundo o relatório anual do Ministério do Turismo local, cerca de 30 mil brasileiros visitaram o país em 2015 para lazer e negócios. Em 2003, um ano antes de o país ser escolhido sede do Mundial, pouco mais de 17 mil brasileiros visitaram a terra de Mandela.

A Copa do Mundo, o título de capital do design e as recomendações das principais publicações internacionais aguçaram o interesse pela Cidade do Cabo nos últimos anos. Se, antes, o turista fazia apenas um pitstop, enquanto se preparava para expedições ou safáris, hoje ele gasta mais tempo explorando a cidade – a média de permanência na região é de 12 noites, bem acima da de outras províncias.

Pela Cidade do Cabo, hoje destino para turistas do mundo todo, passaram algumas das navegações mais importantes para a descoberta do Oriente - Foto: Renan Damasceno/EM/D.PRESS

MOEDA E PREÇOS


A moeda oficial da África do Sul é o rand – euro e dólar não são tão facilmente aceitos. A cotação é favorável aos brasileiros: um rand custa hoje cerca de R$ 0,23. Os preços são bem parecidos com os do Brasil: as entradas de museus custam entre R 20 e R 45 (R$ 5 a R$ 11), um espresso costuma ser vendido a R 15 (R$ 4) e um prato no jantar pode custar entre R 80 e R 120 (R$ 25 a R$ 40), chegando a R 300 (R$ 75) nos restaurantes mais disputados, como o The Shortmarket Club (88 Shortmarket Club), uma das referências da nova culinária da cidade.

TRANSPORTE

Para quem vai passar pouco tempo, o ideal é comprar um bilhete do Citysightseeing local, ônibus hop on hop off (que você pode subir e descer com um único bilhete). São três rotas pelos principais pontos turísticos da cidade. O bilhete para um dia pode ser comprado on-line no site www.citysightseeing.co.za e custa R 170 (R$ 42, adulto) e R 90 (R$ 22,50, crianças). Há outras modalidades, com maior duração ou passeios inclusos. Quem for alugar carro, fique atento: por ter sido de colonização britânica, o trânsito da África do Sul funciona com mão inglesa, com o motorista à direita.

* O repórter viajou a convite da South African Airlines.