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Muito além de cachoeiras

Entre becos e ruelas de Pirenópolis, o visitante vai descobrir inúmeras preciosidades, a começar pela Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída em 1728 e reconstruída em 2003, depois de ter parte destruída

Marta Vieira


Das janelas coloridas que emolduram o casario do século 18, a vista da cidade fica mais bela ainda - Foto: Marta Vieira/EM/D.A PRESS

Da janela das coloridas construções do século 18, Pirenópolis mostra que tem muito a mostrar além do seu conhecido cinturão de cachoeiras. O município também oferece um banho de cultura. Divida o tempo reservado à natureza e se embrenhe pelos becos e ruelas dessa cidade histórica. A experiência instigante pode ser vivida, da mesma forma, na Cidade de Goiás, ou Goiás Velho, nome reprovado pelos goianos, onde nasceu Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas. A poetisa descoberta por Monteiro Lobato e Carlos Drummond de Andrade foi uma guerreira em tempos de proibição à vida livre e ao trabalho das mulheres no Brasil.

 

 

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, matriz de Pirenópolis, pode ser um bom ponto de partida para conhecer a antiga vila barroca do século 17. Dedicada à padroeira da cidade, a construção começou em 1728, um ano depois que mineradores atraídos pelo ouro encontrado às margens do Rio das Almas fundaram o então Arraial das Minas de Nossa Senhora do Rosário.


A imagem trazida de Portugal dá sentido à matriz, erguida originalmente em estilo colonial, com alicerces de pedra de cantaria, material essencial da arquitetura de Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, e um sistema misto de pilão, adobe, alvenaria de pedra e madeira. Parte da beleza e raridade da ornamentação foi consumida por um incêndio em 5 de setembro de 2002. O telhado e todo o patrimônio interno da igreja desapareceram entre as chamas, ainda inexplicáveis para alguns moradores.

A reconstrução levou três anos, com início em 2003, assim como as obras de restauração.

Vizinho da matriz, o Theatro de Pyrenópolis é outro fruto da determinação de goianos admirados na promoção da cultura e da arte, neste caso, do intendente, juiz, vereador, ator e coreógrafo Sebastião Pompeu de Pina, sétimo de oito filhos de um capitão. O prédio foi construído entre 1889 e 1901, contando com a entrega de donativos pela comunidade. Antes de ter sido adquirido e restaurado nos anos 1980, pelo governo estadual, funcionou ainda como cinema, serraria e comércio.

Figuras dos mascarados da Festa do Divino no Museu do Divino, em Pirenópolis - Foto: Marta Vieira/EM/D.A PRESSNão deixe de fazer uma bela visita à Casa de Câmara e Cadeia, onde funciona o Museu do Divino. Respire história e conheça os mascarados, que mais se parecem Pierrôs amaldiçoados em suas cabeças de touros. Realizada há quase dois séculos, a Festa do Divino se estende por 50 dias, desde o começo dos festejos na roça, quando os cavaleiros levam a bênção às casas. Nas manifestações folclóricas, os mascarados surgem durante as cavalhadas, representando aqueles grupos sociais que eram vetados na festa, a exemplo dos pretos, exibem o colorido de suas roupas e comandam a algazarra.

 

 

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