Outros clichês são facilmente vencidos, como a suposição de que a capital norte-americana seja uma cidade puramente administrativa e institucional, formada por cidadãos burocratas e um cotidiano formal. Mera lenda. De fato, vamos esbarrar com todos aqueles monumentos cívicos exaltados pela indústria, principalmente a cinematográfica. Mas nada que provoque à cidade um clima protocolar. Justamente o oposto.
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Convite para um passeio a pé
A capital americana nos convida a explorá-la a pé e, assim, contemplar as ruas arborizadas e os jardins que adornam as charmosas residências. Os variados cafés, com ambientes tão bucólicos, também são difíceis de resistir. Em frente aos museus, famílias fazem piqueniques. Nos parques, casais de namorados molham os pés nas fontes, enquanto alguns jovens preferem a companhia de um bom livro e do Spotify. Nem de perto lembra uma cidade administrativa. Pelo contrário: a sede do poder dos Estados Unidos se mostra, em tantos aspectos, um destino poético.
Nem todos os monumentos icônicos do turismo mundial impressionam. Há quem reclame da estatura do Cristo Redentor. Muitos chegam por lá e se mostram decepcionados com o tamanho da obra. A vista carioca, no entanto, compensa. O mesmo vale para a abarrotada Estátua da Liberdade. Encarar os estreitos degraus e subir ao topo frustra muitos turistas. Melhor vê-la de longe, e de baixo.
A Casa Branca deve entrar nessa lista.
Inaugurada em 1800, a cidade de Washington D.C. comumente se confunde com o estado de Washington, que nem perto fica. Mas, por conta do nome, muitos estrangeiros acreditam se tratar do mesmo local.
Nada disso. D.C., iniciais para Distrito de Colúmbia, não pertence a qualquer estado norte-americano. Trata-se de uma entidade administrativa independente.
Tente a visita Visitar alguns cômodos do endereço mais famoso no mundo não é tarefa fácil. A maioria absoluta dos turistas acaba se contentando com fotos em frente à Casa Branca. Mas, vale dizer, não é impossível. O brasileiro interessado precisa recorrer à embaixada brasileira em D.C. e agendar a visita, desde que o pedido seja feito com, no mínimo, 21 dias de antecedência. E, ainda assim, não há garantia de que a requisição será aceita.
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Encanto e história nos museus
Embora o cartão-postal oficial seja o conhecido National Mall – o parque que engloba desde o Lincoln Center ao Capitólio dos Estados Unidos –, a cidade se mostra igualmente bela por entre os bairros residenciais e as áreas distantes do centro político, a exemplo da descolada Georgetown, que reúne desde restaurantes contemporâneos a edificações históricas, como a delicada Old Stone House, uma das mais antigas casas de D.C., construída em 1765.
A emoção fica a cargo de Abraham Lincoln, figura central do memorial que leva seu nome. A imponente figura do presidente, que liderou o país durante a Guerra Civil e aboliu a escravidão, chega a marejar os olhos, principalmente dos visitantes nativos. O Lincoln Memorial talvez esteja entre os monumentos que melhor representam o orgulho e o patriotismo americano. E serve como ponto inicial para quem pretende atravessar todo o National Mall, que se estende pelas margens do Rio Potomac.
Toda a paisagem do National Mall remete a símbolos conhecidos, como o espelho d’água em frente ao Lincoln Center, outro local exaustivamente retratado em filmes, mas nem por isso menos interessante. Dali, caminha-se até o Monumento a Washington, um dos obeliscos mais conhecidos do mundo. Área ideal para famílias abrirem toalhas pelo gramado e aproveitar a vista.
Não muito longe estão os sempre concorridos museus mantidos pelo Instituto Smithsonian. Ao todo, são 19 prédios e mais de 142 milhões de itens em coleções, que versam sobre as mais diversas facetas da jornada americana, desde as luvas de Muhammad Ali (no Museu da História Americana) aos históricos selos em homenagem a Juan Ponce de Leon, o desbravador espanhol que descobriu a Flórida (no Museu Postal). O passeio termina no Capitólio dos Estados Unidos, sede do Poder Legislativo, formado pelo Senado e por uma Câmara dos Representantes, a exemplo de nosso Congresso Nacional.
Diferentemente do que se possa imaginar, o visitante que deseja conhecer as principais locações da série House of cards da Netflix, protagonizada por Francis Underwood, terá que se deslocar para Baltimore, a uma hora de distância. Foram raríssimas as cenas, de fato, gravadas em D.C., isso porque os incentivos fiscais para produções cinematográficas na capital não são nada convidativos.
*O repórter viajou a convite da Capital Region USA, da Copa Airlines e contou com o seguro-saúde da GTA – Global Travel Assistance.