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Conflitos podem pôr fim permanente à história de monumentos e obras de arte

Com a Guerra Civil na Síria e as ações do Estado Islâmico (EI), pontos turísticos no Oriente Médio tornaram-se alvos do grupo extremista

Iana Caramori
O Templo de Baal-Shamin, na Síria, construído no ano 17, foi destruído pelo Estado Islâmico em abril de 2015 - Foto: Dario Bajurin/Reprodução

Ao longo dos anos, monumentos históricos deixaram de existir como consequência de diferentes combates. Esse pode parecer um cenário restrito ao passado, mas, recentemente, com a Guerra Civil na Síria e as ações do Estado Islâmico (EI), pontos turísticos no Oriente Médio tornaram-se alvos do grupo extremista. Perdas irrecuperáveis como as vidas dos moradores ou ferimentos graves e incapacitantes em sobreviventes – a maioria inocente – são tão imensuráveis quanto o patrimônio destruído. Construções centenárias, milenares, transformadas em destroços enterram parte da história das nações atingidas.

O Templo de Baal-Shamin, no Leste da Síria, por exemplo, foi bombardeado em agosto do ano passado pelos jihadistas. Antes de destruir o local com explosivos, o EI usou o monumento histórico como tribunal, prisão e espaço para execuções. Construído no ano 17 e ampliado no ano 130 pelo imperador romano Adriano, o templo fica em Palmira. A cidade – tomada pelo grupo em maio de 2015 – abriga ruínas de construções e templos do período do Império Romano e é considerada Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. Palmira foi reconquistada, mas especialistas disseram recentemente que é praticamente inviável reconstruir o que foi demolido.

O sítio arqueológico, na cidade de Hatra (Iraque), também foi destruído pelos terroristas do EI no passado - Foto: Alamy/National Geographic Image Collec
Outro local destruído pelo grupo terrorista foi o sítio arqueológico de Hatra, no Iraque.
Em vídeo divulgado na internet, os extremistas derrubam paredes e destroem estátuas a tiros. A justificativa dos jihadistas é de que os ídolos representados pelos artefatos estavam sendo venerados no lugar de Deus, o que vai contra as palavras do Alcorão. Hatra, que também é tombada como Patrimônio Mundial da Humanidade, foi a primeira capital do reino árabe. Fortificada por muros, a cidade resistiu às invasões dos romanos nos anos 116 e 198.

Pontos críticos O Itamaraty alerta – levando em conta infraestrutura, segurança, saúde e a situação geral do país – que Afeganistão, Eritreia, Iraque, Líbia, Níger, República Centro-Africana, Síria, Somália e Sudão do Sul se enquadram no nível mais alto de risco atualmente. A recomendação do órgão é para que os turistas brasileiros evitem viajar para essas regiões. Aqueles que já estiverem nesses países devem comunicar à representação diplomática brasileira. Para quem quer planejar uma viagem segura, a dica é entrar no Portal Consular do ministério e verificar a situação do país de destino. A página tem informações – como validade do passaporte e vacinas recomendadas – e alertas do Itamaraty para várias regiões do mundo.

Muro das Lamentações é visitado por milhares de turistas. Segurança no local é ostensiva - Foto: Juliana Moreira/cb/d.a press
Segurança redobrada

A luta armada entre israelenses e palestinos não é recente. As raízes do conflito datam do fim do século 19, depois da criação do movimento sionista. Com a fundação de Israel, em 1948, as tensões deram início a uma guerra entre judeus e árabes. Milhares de palestinos foram expulsos do território por tropas israelenses. Um acordo de paz entre os povos ainda não foi firmado, mas os conflitos são menores nos dias atuais. Vitor Carulla, de 37 anos, foi até Israel a trabalho, em meados de 2015, e não presenciou nenhum confronto.
“Lá me pareceu um local seguro. Eles são bem preparados. Tem bastante segurança e policiamento ostensivo, com armas em punho.”

Velha Jerusalém tem áreas delimitadas para cada religião - Foto: Juliana Moreira/cb/d.a press
Por causa das diferenças religiosas, as regiões são bem delimitadas. “Dentro da Velha Jerusalém, existe uma divisão religiosa entre os bairros. Por estar com um grupo judeu, não conseguia entrar na área muçulmana. Nem tentei ir, porque me avisaram que não podia”, conta Vitor. Apesar de ter um pouco de preocupação em visitar o país, o analista de sistemas foi tranquilizado antes da viagem. “O grupo com quem estava me avisou que era bem seguro, que existe um esquema de segurança muito forte. Tinha um pouco de receio, (porque) no extremo sul está a Faixa de Gaza, onde sempre há conflitos.” No Portal Consular do Itamaraty, Palestina e Israel atualmente não têm alertas para viagens.

Pátria independente

O movimento sionista defende a existência de um Estado judaico independente no território onde historicamente existiu o antigo Reino de Israel.

Guerras passadas

- Foto: Erhard Meyer/Reprodução
Vários países foram palcos de grandes conflitos, como a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. As mortes e a destruição marcaram a história dessas nações.
Em algumas cidades, as ruínas deram lugar a novas construções; em outros, as marcas das guerras permanecem. O Turismo destaca alguns desses monumentos:

» Ópera Real

Construída em 1866, a Ópera Real era um dos prédios mais bonitos da capital de Malta, Valleta. Durante a Segunda Guerra, o local ficou em ruínas após ser atingido por uma bomba. Muitos projetos de reconstrução foram abandonados até o espaço ser transformado em um teatro a céu aberto, em 2013. Elementos originais, como as pilastras que restaram da ópera, continuam no local apesar da intervenção de restauro.

» Antigo Palácio de Verão

Durante a Segunda Guerra do Ópio, em Pequim, China, o complexo, também conhecido como Jardins da Perfeita Claridade, foi atacado por tropas francesas e britânicas. O local – cheio de lagos, palácios, jardins e pontes – foi construído para servir como base de operações da dinastia Qing. Mesmo destruído, o palácio continua atraindo visitantes.

» Gedächtniskirche

Depois de um ataque aéreo, durante a Segunda Guerra, a Igreja Kaiser-Wilhelm-Gedächtnis (foto), em Berlim, Alemanha, pegou fogo, ficando de pé apenas a torre e uma parte do salão de entrada. A ideia era demolir o que restou do monumento, mas um protesto de moradores impediu o ato. Hoje, as ruínas dividem o espaço da praça com uma igreja nova e moderna..