As boas vindas são dadas com um pote de tinta vermelha, feita da semente de urucum, das mãos de um nativo, que pinta o rosto do turista para que ele sinta parte da aldeia. Depois do ritual, os visitantes se reúnem no galpão da igreja, onde escutam um pouco sobre a cultura dos Kambeba. A comunidade fica há 60 quilômetros de Manaus, às margens do Rio Cuieiras, afluente do Rio Negro, e o passeio até o local a partir do navio Iberostar Grand Amazon é feito de lancha. O objetivo é interagir com os índios, conhecer sua cultura, a casa de saúde, as escolas, as moradias, o artesanato e as plantas cultivadas no local.
“Seguimos todo o cronograma proposto pelo Ministério da Educação, com os mesmos livros e conteúdos, acrescido do ensinamento de nossas tradições. Ninguém da comunidade precisa sair daqui para estudar”, fala com orgulho o professor. A escola tem infraestrutura completa, com sala de informática, biblioteca, internet, toda tecnologia disponibilizada pela Samsung e recebe alunos de outras comunidades ribeirinhas. O transporte escolar é feito por barcos. A visita à comunidade termina em uma feira de artesanato, onde produtos feitos por um grupo de mulheres Kambeba são comercializados. Cada família é responsável por sua banca, onde encontramos arco e flecha, miniaturas do boto-rosa feitas em madeira, bonecas e outros artigos. Os preços variam entre R$ 5 e R$ 20 e o dinheiro é empregado no sustento das famílias.
Para fechar o passeio com chave de ouro, não deixe de comer a melhor tapioca que você vai provar na vida, na comunidade de caboclos, às margens do Rio Negro. A farinha de mandioca é produzida ali mesmo e cozida em fogão a lenha, na panela de ferro, preparada pela dona Neide. Manteiga e castanha do Amazonas são os únicos ingredientes que se misturam à farinha bem branca e o resultado é de deixar qualquer um de queixo caído. Se puder e gostar, traga um pacote da iguaria.
Logo depois, o grupo segue para o Museu do Seringal, uma das tomadas da gravação do filme A selva, uma adaptação do romance de Ferreira Castro, e depois transformado em atrativo turístico.
O espetáculo final da viagem fica por conta do encontro das águas dos rios Negro e Solimões e ocorre bem cedinho, na sexta-feira, antes mesmo que você possa tomar o café da manhã. O relógio marca entre 5h45 e 6h, quando as águas escuras do Negro correm ao lado das barrentas do Solimões, que só se misturam cerca de sete quilômetros depois, formando o Rio Amazonas. De acordo com o guia Edson Piro, o fenômeno acontece porque os rios têm velocidades, acidez, temperaturas e densidades diferentes, o que dificulta que eles se misturem de imediato. A visão a partir do deque do navio é brindada com o nascer do sol.
* A repórter viajou a convite da rede Iberostar.