A primeira parada do navio ocorre a 85 quilômetros de Manaus. Os passageiros embarcam em lanchas e vão até a região dos igarapés, onde há cursos estreitos d'água para uma caminhada por trilhas da região. O guia leva o grupo mata a dentro para observação da vegetação com palmeiras, árvores, plantas medicinais e animais que são importantes para os povoados locais, como a Vila do Jaraqui, onde vivem cerca de 40 famílias. É de lá que a maioria dos indígenas que vivem na região tira seu sustento, assim como os remédios para as doenças que acometem a população das tribos.
Segundo o guia Edson Piro, ali é possível encontrar cura para diversas enfermidades como sinusite, osteoporose, reumatismo, malária, febre amarela e anestésicos. Piro afirma que as plantas são poderosos remédios. “É aqui que muitos laboratórios encontram a base para muitos remédios e cosméticos. O cipó-curare, por exemplo, é conhecido como o primeiro anestésico do mundo e até hoje é utilizado por alguns laboratórios com misturas químicas”, diz. Piro lembra ainda do breu-branco, que cura sinusite; carapanaúba para malária e febre amarela e afirma: “É importante tomar cuidado como cipó-da-bota, que pode causar até aborto.” O passeio pela mata leva cerca de uma hora.
Na mesma região, é feito também o passeio pelas ilhas da região de Três Bocas, que fazem parte do segundo maior arquipélago fluvial de água doce do mundo, o Parque Nacional de Anavilhanas. É nessa hora que você aprecia o voo das araras, dos tucanos, observa o bicho preguiça, cobras, sapos, macacos, jararaca e, se der sorte, encontra algum filhote de jacaré. O guia afirma que é importante que o grupo fale baixo e evite muitos barulhos para não assustar os animais. Algumas vezes, é possível que a volta para o navio se dê à noite, mas não precisa ter medo. A lembrança que você terá desse passeio é uma vista maravilhosa associada ao som único da floresta.
As aventuras pela Amazônia não param. Você consegue rir, ter medo e se divertir ao mesmo tempo, dependendo da situação. Você pode pescar falando, porque as piranhas são atraídas pelo barulho, você se depara com um macaco-de-cheiro dentro da lancha e, se não tiver medo, ainda pode pegar um jacaré. “O único cuidado que você precisar ter, é para não se engravidar do boto rosa”, brincam os manauras. Reza a lenda, muito conhecida na Amazônia, que o boto sai do rio nas noites de lua cheia e se transforma em um lindo homem, vestido de roupa branca, que seduz e engravida as jovens. Apesar da história, na prática, a única coisa que o boto sempre quer ao se encontrar com o turista, seja ele homem ou mulher, é seu peixe, que vira comida em menos de segundos. O mergulho com o boto é outra lembrança que não sai da memória. Eles passam muito perto dos turistas que entram na água na expectativa de tocar e tirar uma foto com o animal. Mansos, eles nadam bem próximo e chegam a tocar suas caudas pesadas no corpo dos que estão na água.
Medo mesmo você pode sentir quando sair à noite para a caçada de jacarés. Mas fique tranquilo: todos os passeios são seguros e você não deve deixar de ir, mesmo se tiver pânico de escuridão.