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Distância do litoral não afasta mergulhadores mineiros do mar; conheça as histórias

Paixão pelo mundo subaquático muda a vida da empresária Paula Loque, que tem no currículo aproximadamente 3 mil mergulhos catalogados em diversas localidades do Brasil e do mundo

Gustavo Perucci
- Foto: Paula Loque/Divulgação

Escondido da mãe, que “morria de pavor”, a empresária Paula Loque ganhou, aos 17 anos, após insistir com o pai, um curso de batismo de mergulho. De lá para cá, o interesse que nasceu ao assistir na televisão as aventuras do cineasta e oceanógrafo francês Jacques Cousteau, passou de hobby a paixão, sustento e motivação para conhecer países (e oceanos!!!) do todo o mundo.

Paula Loque se mudou para Belo Horizonte aos 11 anos e a distância do mar nunca foi empecilho para que ela praticasse duas de suas paixões: mergulho e fotografia - Foto: Paula Loque/Divulgação
“A sensação é de que você está sonhando, levitando. Parece que está voando. Para onde você olha tem vida, peixes pequenos, grandes, coloridos. E essa explosão de vida salta aos olhos e mexe muito com nossas emoções. Dá uma sensação de gratidão, de se maravilhar com o que está vendo, de estar mais próximo de Deus. É também um momento de relaxamento, de entrar em contato com seu subconsciente”, descreve Paula, com certa dificuldade de expressar tudo o que sente ao mergulhar.

Filha de pais juiz-foranos, ela nasceu em Manaus. Aos 11 anos, se mudou para Belo Horizonte, de onde não saiu mais.
E a distância do mar nunca foi empecilho para que ela praticasse uma de suas paixões. Depois de frequentar vários cursos, ela teve a oportunidade de comprar a escola de mergulho Mar a Mar, em 1996. Desde então, o hobby virou profissão.

Em cerca de 22 anos, ela já viajou o mundo todo e já fez quase 3 mil mergulhos. México, Colômbia, Filipinas, Galápagos e Cuba são alguns países que Paula visitou. No Brasil, João Pessoa, Recife, Fernando de Noronha, Abrolhos, Maceió e Cabo Frio... Nessas idas e vindas, um dos locais que mais surpreenderam a experiente mergulhadora é o Mar Vermelho, no Egito. “Adoro porque é muito colorido, coral mole, coral duro, peixes das cores mais variadas. Ali é um lugar mágico. Tem muita história, um lugar muito antigo, com vários naufrágios. Mergulhar nesses naufrágios encobertos de vida é lindo. Até as tragédias o mar transforma em vida”, relata.

- Foto: Paula Loque/Divulgação
“Outro lugar de chorar igual criança de lindo é Galápagos. Ter a oportunidade de mergulhar com o tubarão-baleia, um gigante de 15 metros de comprimento, um bicho grande sem senso de defesa nenhum. E, ao mesmo tempo, mergulhar com 300, 400 tubarões-martelo que não estão nem aí para você.
Eles estão em um hábitat superequilibrado e você não faz nenhuma diferença ali. Estar no meio de uma nuvem de tubarões é fantástico. Galápagos, com uma formação vulcânica, não tem coral, o solo é bem cinza, mas tem muita vida”, completa.

Mesmo viajando com grupos de alunos frequentemente ao litoral, Paula não deixa de mergulhar nem durante as férias. O seu grande motivador da escolha da cidade e país que vai visitar é o mergulho. Claro que ela não deixa de conhecer as atrações do local, mas seu interesse maior fica debaixo da água. A prática da atividade despertou outras paixões na empresária, como a fotografia. Espelhada em Jacques Cousteau, ela costumava fazer vídeos de suas aventuras no fundo do mar. Depois, começou a fotografar e não parou mais.

“Também comecei a me interessar cada dia mais pela vida marinha. Não tem como fugir. São peixes e outras espécies maravilhosas.
Não sou bióloga, mas sou instrutora da vida marinha, ensinando os alunos como reconhecer e identificar as espécies. Quando viajo, todo livro que fala das espécias endêmicas da região eu compro. Nesses 20 anos de Mar a Mar, quanto mais eu viajo, mais histórias e informações eu tenho para contar para a turma que estuda aqui”, conta.

- Foto: Paula Loque/Divulgação UNIÃO Um dos lados mais interessantes do mergulho é que é uma atividade realizada, no mínimo, em dupla. Não é permitido, muito menos recomendado, se aventurar no universo subaquático sozinho. Com isso, o convívio entre os praticantes é obrigatório. Para quem mora em Minas, então, as excursões que levam grupos de mergulhadores ao litoral rendem bons amigos.

“Não temos mar, mas, até por esse fato, viajamos em grupo. Saímos em conjunto e as viagens deixam de ser um programa só de mergulho. É uma atividade extremamente prazerosa, com o foco no bem-estar. Não é esporte, não tem competição. É uma atividade de lazer, terapêutica, de socialização e bastante inclusiva. Pode ser praticada de crianças de 10 anos até pessoas de 80. E pode ser atividade familiar também, que aproxime ainda mais os pais dos filhos”, afirma. Com décadas formandos novos mergulhadores, Paula brinca que quem pratica pela primeira vez vicia e ficar muito tempo longe do mar pode levar a uma crise de abstinência.

Com mais de 80 países no passaporte e tantos mergulhos durante a vida, ela quer conhecer ainda mais. Um de seus objetivos para este ano é visitar e mergulhar em Madagascar. Outro local que ela não foi e faz parte dos seus planos é a Austrália.

- Foto: Paula Loque/Divulgação SEM MEDO
“O culpado é o Spielberg”, brinca Paula ao explicar um dos maiores medos de quem pratica o mergulho. Diretor do clássico do cinema Tubarão, Steven Spielberg retratou em seu filme um animal sanguinário, com predileção à carne humana. Mas a empresária, que já mergulhou várias vezes próximas aos tão temidos animais, explica que a atividade é sempre realizada com muita segurança. “Na maior parte dos locais que mergulhamos, o tubarão não se aproxima muito do mergulhador. As próprias bolhas da respiração espanta o animal. As viagens que organizamos na Mar a Mar de mergulho com tubarões são as que lotam mais rápido. Até o shark feeding (alimentar os tubarões) fica lotado”, conta. .