Escondido da mãe, que “morria de pavor”, a empresária Paula Loque ganhou, aos 17 anos, após insistir com o pai, um curso de batismo de mergulho. De lá para cá, o interesse que nasceu ao assistir na televisão as aventuras do cineasta e oceanógrafo francês Jacques Cousteau, passou de hobby a paixão, sustento e motivação para conhecer países (e oceanos!!!) do todo o mundo.
“A sensação é de que você está sonhando, levitando. Parece que está voando. Para onde você olha tem vida, peixes pequenos, grandes, coloridos. E essa explosão de vida salta aos olhos e mexe muito com nossas emoções. Dá uma sensação de gratidão, de se maravilhar com o que está vendo, de estar mais próximo de Deus. É também um momento de relaxamento, de entrar em contato com seu subconsciente”, descreve Paula, com certa dificuldade de expressar tudo o que sente ao mergulhar.
Filha de pais juiz-foranos, ela nasceu em Manaus. Aos 11 anos, se mudou para Belo Horizonte, de onde não saiu mais.
Em cerca de 22 anos, ela já viajou o mundo todo e já fez quase 3 mil mergulhos. México, Colômbia, Filipinas, Galápagos e Cuba são alguns países que Paula visitou. No Brasil, João Pessoa, Recife, Fernando de Noronha, Abrolhos, Maceió e Cabo Frio... Nessas idas e vindas, um dos locais que mais surpreenderam a experiente mergulhadora é o Mar Vermelho, no Egito. “Adoro porque é muito colorido, coral mole, coral duro, peixes das cores mais variadas. Ali é um lugar mágico. Tem muita história, um lugar muito antigo, com vários naufrágios. Mergulhar nesses naufrágios encobertos de vida é lindo. Até as tragédias o mar transforma em vida”, relata.
“Outro lugar de chorar igual criança de lindo é Galápagos. Ter a oportunidade de mergulhar com o tubarão-baleia, um gigante de 15 metros de comprimento, um bicho grande sem senso de defesa nenhum. E, ao mesmo tempo, mergulhar com 300, 400 tubarões-martelo que não estão nem aí para você.
Mesmo viajando com grupos de alunos frequentemente ao litoral, Paula não deixa de mergulhar nem durante as férias. O seu grande motivador da escolha da cidade e país que vai visitar é o mergulho. Claro que ela não deixa de conhecer as atrações do local, mas seu interesse maior fica debaixo da água. A prática da atividade despertou outras paixões na empresária, como a fotografia. Espelhada em Jacques Cousteau, ela costumava fazer vídeos de suas aventuras no fundo do mar. Depois, começou a fotografar e não parou mais.
“Também comecei a me interessar cada dia mais pela vida marinha. Não tem como fugir. São peixes e outras espécies maravilhosas.
“Não temos mar, mas, até por esse fato, viajamos em grupo. Saímos em conjunto e as viagens deixam de ser um programa só de mergulho. É uma atividade extremamente prazerosa, com o foco no bem-estar. Não é esporte, não tem competição. É uma atividade de lazer, terapêutica, de socialização e bastante inclusiva. Pode ser praticada de crianças de 10 anos até pessoas de 80. E pode ser atividade familiar também, que aproxime ainda mais os pais dos filhos”, afirma. Com décadas formandos novos mergulhadores, Paula brinca que quem pratica pela primeira vez vicia e ficar muito tempo longe do mar pode levar a uma crise de abstinência.
Com mais de 80 países no passaporte e tantos mergulhos durante a vida, ela quer conhecer ainda mais. Um de seus objetivos para este ano é visitar e mergulhar em Madagascar. Outro local que ela não foi e faz parte dos seus planos é a Austrália.
“O culpado é o Spielberg”, brinca Paula ao explicar um dos maiores medos de quem pratica o mergulho. Diretor do clássico do cinema Tubarão, Steven Spielberg retratou em seu filme um animal sanguinário, com predileção à carne humana. Mas a empresária, que já mergulhou várias vezes próximas aos tão temidos animais, explica que a atividade é sempre realizada com muita segurança. “Na maior parte dos locais que mergulhamos, o tubarão não se aproxima muito do mergulhador. As próprias bolhas da respiração espanta o animal. As viagens que organizamos na Mar a Mar de mergulho com tubarões são as que lotam mais rápido. Até o shark feeding (alimentar os tubarões) fica lotado”, conta. .