No lado argentino, os visitantes costumam começar o passeio pelo fim. Depois de cruzar os portões do parque e tomar assento no trenzinho, o melhor é descer só na última estação.
Ela fica ao lado do Rio Iguaçu, em frente à trilha de acesso à Garganta do Diabo, a principal atração. É pouco mais de um quilômetro de caminhada em uma passarela de ferro suspensa, construída sobre ilhotas e o leito da parte superior do rio.
O passeio é recomendado mesmo para quem tem vertigem.
A imensa e densa nuvem de spray esconde o que há no fundo, impedindo a visão total da queda. Isso, porém, não torna o cenário menos impressionante. O volume de água e o barulho intermitente e ensurdecedor das quedas mantêm a beleza e a sensação de perigo.
Inusitado De volta ao trenzinho, desça na estação seguinte e escolha a próxima caminhada. Há dois circuitos de trilhas. Com 700m de extensão, o Circuito Superior permite uma visão das cataratas por cima, caminhando em uma passarela construída na beira do precipício.
Já o Circuito Inferior, com dois quilômetros e meio, é o mais desgastante (com escadas) e mais atraente. Ele passa por dentro da mata fechada e leva a pequenas cachoeiras, até chegar a uma área do conjunto das cataratas que não se vê direito do Brasil.
Terra de raiz guarani
O que poucos sabem é que Puerto Iguazú abriga comunidades indígenas em meio aos luxuosos hotéis da selva. Uma delas está aberta aos turistas desde 2012, com visitas guiadas, performances de dança e música e demonstrações do modo de vida mantido ao longo de séculos, mesmo com a urbanização da localidade.
A aldeia é ocupada pelo povo mbya guarani. A primeira empresa de turismo administrada por índios na província de Misiones é uma alternativa encontrada pelos integrantes da comunidade yyryapú (som das águas, em português) para arrecadar recursos e ajudar no desenvolvimento da tribo.
A reserva fica numa área do Parque Nacional Iguazú.
Os turistas podem comprar artesanato produzido pelo grupo, assistir a apresentações culturais e aprender sobre os costumes, a fauna e a flora da região em incursões por trilhas na selva.
Na aldeia moram 17 famílias, divididas em pequenos lotes, sem a separação de cercas ou outras barreiras. Elas se abrigam em casebres de madeira e de pau a pique, com telhado de palha. Vivem da agricultura de subsistência, com pequenas hortas. Cerca de 20 pessoas trabalham na empresa comunitária, que também beneficia diretamente mais de 50 artesãos. (RA)