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Noruega encanta pela beleza de seus fiordes e simplicidade dos habitantes

Muito além do bacalhau e do passado viking, país surpreende o viajante com sua natureza e a simplicidade dos moradores, em contraste com a condição de um dos países mais ricos do mundo

Ver de perto um fiorde, vale de formação glacial muito estreito, longo e profundo, vale a viagem - Foto: Luciane Evans/EM/D.A.Press

Ele teria motivos de sobra para, no mínimo, ostentar: é o país do Prêmio Nobel da Paz, tem o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo, uma economia estruturada e um programa social de causar inveja em muitos governantes por aí. Mas, mesmo com tudo isso, a ostentação passa longe da Noruega, que ensina que a simplicidade das coisas é o segredo que a torna tão charmosa e surpreendente ao olhar de qualquer um. Aventurar-se por ali é desconstruir a imagem de que o principal atrativo desse país seria o bacalhau ou o passado viking. A Noruega vai muito além disso. Por isso, amigo viajante, nesta viagem, abandone velhos hábitos, permita-se encantar com os lindos ares de um fiorde, ou de se despedir do Sol só às 22h, e prepare-se para conhecer cidades ideais para nascer, crescer e envelhecer.


Apesar de ser um país rico, onde a produção de petróleo e o pescado são os pilares da economia, a paz é a principal riqueza norueguesa. E é possível encontrá-la na pacata capital Oslo, nas cidades menores e, principalmente, nos fiordes – ápice do turismo no país escandinavo. Um fiorde é um vale de formação glacial, muito estreito, longo e profundo, rodeado de paredões retos e altos. Em resumo: uma paisagem para nunca se esquecer. Por isso, entre o início de maio e o fim de setembro, meses de alta temporada na região por serem as estações da primavera e verão da noruega, turistas do mundo inteiro querem vivenciar esse passeio e trazer de volta na bagagem essa paz das águas e das montanhas.


É nesta época do ano que a Noruega recebe 2 milhões de turistas, e os dias são mais longos. Às 21h30, depois de um bom jantar, é possível ver o Sol se pondo e não há quem se emocione com essa despedida do dia tão tarde. Já a experiência com o Sol da meia-noite, a famosa aurora bureau, só encontra quem viaja para a porção Norte do país, acima do Círculo Polar Ártico.

Apesar da fama de ser um país caro para nós brasileiros, a Noruega, que tem 5 milhões de habitantes, é um país de pessoas simples, e que não ostentam o que têm. Não espere encontrar, por exemplo, museus diferentes demais do que já viu por aí. Em geral, eles são comuns, sem muita ostentação por fora, mas, por dentro, são raridades. É e essa forma de viver e de receber que faz dali um lugar especial e exemplar. A cada cidade, uma sensação diferente e única para o turista que, com certeza, vai tirar dali lições e recordações inesquecíveis.

Pelos fiordes

O comandante da embarcação avisa: “Olhem a cachoeira do lado direito”. Todos vão para a proa do barco, levantam a cabeça até conseguir ver o começo da queda das águas. “Uau, é muito alta!”, admira a turista. Poucos metros dali, outra queda d'água, e os mesmos comentários. E a viagem vai brincando de surpreender. Ora suspiros pelas montanhas rochosas que emolduram o caminho do mar, ora a paisagem que vai ficando para trás deixando saudades. E não há fotografias, vídeos ou relatos que consiga descrever a sensação de navegar por um fiorde noruguês.


A reportagem do Estado de Minas navegou pelo mais longo fiorde da Noruega, o Sognefjord, que tem 204 quilômetros de extensão e uma profundidade de 1.308 metros, e está localizado no Oeste do país. A saída é pelo porto de Bergen, e o passeio é conhecido como Sognefjord in a Nutshell, uma espécie de pacote turístico mais popular do país, que facilita a vida dos turistas, uma vez que com ele os vários bilhetes individuais, de barco, trem ou ônibus, são vendidos em conjunto. A viagem de barco é deliciosa, e o interessante são as paradas nas vilas para buscar passageiros. Nelas, a paisagem mistura o mar, as montanhas rochosas e as casinhas vermelhas. Um charme!


A navegação dura, em média, cinco horas. Mas há lanchonete, internet de graça e, claro, belissímas paisagens como companheiras. O destino é Flam, vilarejo com 350 habitantes e onde o turista tem a sensação de estar em uma cidadezinha de contos de fadas, tamanha a graciosidade do lugar. Por ali, desembarcam 6 mil turistas por dia. Há quem chegue de trem ou de barco, ou de luxuosos cruzeiros – comuns por ali. E é desse vilarejo que sai o ônibus turístico que leva aos mirantes, onde se pode observar os fiordes do alto. Aliás, as melhores imagens dessas paisagens são de cima. Durante a viagem de ônibus, que dura em média uma hora, há fones de ouvidos com a história local narrada em diversos idiomas. Quando se chega aos mirantes, a vontade é de ficar por muito tempo só para receber mais um pouco a paz que a paisagem vista de cima traz.
Um passeio por Flam dura um dia, mas, para quem pode, a dica é passar, pelo menos, uma noite por lá. Dá para conhecer a cervejaria local e ainda aproveitar o pôr do sol em meio ao fiorde. Para voltar a Bergen, o melhor é ir de trem e se surpreender com as paisagens do caminho.

Melhor IDH do mundo

Há cinco anos, a Noruega lidera o ranking do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (de melhor IDH do mundo). A expectativa de vida do país é de 81,5 anos, média de escolaridade de 12,6 anos e renda nacional bruta per capita de US$ 63.909 por ano. No país, com cerca de 5 milhões de habitantes, o serviço de saneamento ambiental atende a todas as residências e a taxa de mortalidade infantil é baixíssima: três óbitos para cada mil nascidos vivos. Todas as pessoas acima de 15 anos são alfabetizadas.

 

No país do bacalhau

Mas, onde está o tão famoso bacalhau da Noruega? Por toda a parte. Mas é na cidade de Alesund, onde 95% do bacalhau que chega ao Brasil é de lá, que a presença do peixe é mais forte. A cidade, marcada por um grande incêndio e erguida dos escombros, é a que mais reflete o modo de vida estreitamente ligado ao mar da Noruega. Foi da pesca que Alesund surgiu e se consolidou como o maior centro exportador de pescados e derivados de todo o país escandinavo. E, disso, a cidade, com os seus 45 mil habitantes, se orgulha.

Foi em 1904, que um grande incêndio destruiu a cidade em um período de 12 horas. A tragédia transformou em cinzas mais de 900 construções que eram feitas de madeira, e deixou cerca de 10 mil pessoas desabrigadas. Poderia ser o fim, mas ela foi erguida dos escombros por um grupo de arquiteto e teve seu estilo arquitetônico influenciado pelo art nouveau. Foi reconstruída em três anos e hoje é patrimônio da Unesco com seus prédios pequenos e coloridos. O passado é contado no Museu Alesund, que mostra como era a vida por lá, antes e depois do grande incêndio.

A cidade fica a 45 minutos de avião de Oslo. E, além de oferecer deliciosos pratos de bacalhau, é uma caixinha de surpresas para atrações incomuns. Uma delas é a Academia do Bacalhau que, a um grupo fechado de turista, ensina o visitante a fazer o próprio bacalhau, em diferentes receitas. Geralmente, eles fazem uma apresentação sobre os diferentes tipo do peixe , e, depois, desafiam os turistas. A noite é divertida e o visual da academia, de frente para o mar, deixa a atividade ainda mais especial. Além disso, é possível pescar no mar da Noruega o seu próprio bacalhau, com passeios oferecidos por barcos que ficam no porto de Alesund. Outro passeio que vale a pena é no aquário da cidade, o Atlanterhavsparken, que está localizado em meio a trilhas, monumentos e pontos de pesca. Foi inaugurado em 1998 pelos reis da Noruega e se tornou símbolo de orgulho para a nação.

Para se ter uma ideia de como é toda a cidade, o ideal é chegar até o observatório de Aksla. Partindo do Centro, dá para subir os 418 degraus até o mirante, que permite uma vista privilegiada do alto. Há também estrada para carros. Lá de cima, é possível ver o fiorde Borgund. Vá até o restaurante Fjellstua, que fica dentro do prédio do mirante, e peça smorrebrod, o sanduíche aberto supertípico da Escandinávia, que pode ser com carne ou salmão. O importante é admirar a vista arrebatadora de lá de cima.

Uma cidade para relaxar


Quando se pensa em uma capital, vem logo à mente o trânsito pesado, a correria do dia a dia... Mas se você está na Noruega, esqueça tudo aquilo que te remete a uma cidade grande. Oslo desconstrói tudo isso, sem pressa. Capital do país e com cerca de 600 mil habitantes, ela pode ser considerada o alimento para a mente do turista. Com uma vida pacata em que não se vê, inclusive, bares ou restaurantes varando madrugadas, estão ali os grandes museus, a boa comida e tudo aquilo que se espera de um país com o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IHD) do mundo.

Chegando em Oslo de avião, o turista tem a opção de seguir para a cidade de trem, pagando em torno de 180 NOK, ou cerca de R$ 80. Dessa forma, gasta-se cerca de 25 minutos. De carro ou ônibus, o trajeto durará cerca de 50 minutos, em uma distância de 50 quilômetros, pouco mais que o percurso do 40 quilômetros do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, ao Centro de Belo Horizonte. A cidade não é colorida como Bergen, mas tem o verde forte que marca todas as cidades norueguesas. O charme de Oslo está no convite que ela faz ao turista que, ao aceitar, é transportado do passado viking até a modernidade. Para quem quer curtir cada atração, a dica é adquirir o Oslo Pass, cartão que dá direito a entrada gratuita em mais de 30 museus e outras atrações, além de passe livre no transporte público e desconto em restaurantes.

O valor vai de 320 NOK (R$ 160) para quem optar pelo ticket de 24 horas, até 590 NOK (R$ 295) para quem vai ficar até 72 horas. Entre as muitas atrações, não deixe de visitar o Museu do Navio Viking e o ideal é chegar cedo, porque é um lugar lotado de turistas. Ali estão três embarcações do século 9, que foram desenterradas de um lodaçal no fiorde de Oslo. Esses barcos eram usados como parte de cerimônias fúnebres, e neles foram depositados ricos tesouros que acompanharam seus poderosos mestres para o outro mundo.

Para um contato com a produção artística norueguesa a partir do século 19, a pedida ideal são a Galeria Nacional e o Museu de Arte Contemporânea, que pertencem ao Museu Nacional. São centenas de pinturas e esculturas, com obras de artistas como Christian Krohg e J. C. Dahl. Os maiores destaques, no entanto, são mesmo as obras do norueguês Edvard Munch, com o célebre quadro O Grito.

Outra visita obrigatória é o Centro Nobel da Paz, que, além de funcionar como a sede do comitê que decide os vencedores do prêmio no mundo, serve como museu interativo. Há uma exposição permanente, que conta a história da premiação, dos vencedores desde a primeira edição, de 1901. A atração mais popular, e de graça, é o Parque Vigeland (Vigelandsanlegget), constituído por 212 esculturas em bronze e granito da autoria do escultor norueguês Gustav Vigeland (1869-1943).
 A escultura mais famosa é a Sinataggen – um menino mau-humorado. É tradição tocar na mão esquerda da estátua porque traz sorte. Mas é o monumento com 14 metros de altura e 121 figuras humanas em uma pedra única que chama mais atenção.

Quando ir
A dica é visitar o país entre março e setembro, aproveitando a primavera e o verão norueguês. Mas lembre-se: o que é calor para eles, pode ser frio para nós. Então, é sempre bom carregar roupas de frio na mala e capas de chuva já que, um dia ensolarado pode acabar em chuva na Noruega. E vice-versa. O verão começa no final de junho a início de agosto, e é quando são registradas as temperaturas mais altas, chegando a 30 graus, e os dias são longos e ensolarados. Ao Norte do país, o clima não é tão quente, muitas vezes, atinge uma máxima de 25 graus.

Wi-Fi
Em pontos turísticos, nos trens e nos hotéis há internet de graça.

Frozen
Arandelle, o reino congelado da animação Frozen, da Disney, foi inspirado na Noruega. Apesar de o filme ter sido baseado no conto A rainha de gelo, do dinamarquês Hans Christian Andersen – o mesmo criador de A pequena sereia, foi na Noruega que os animadores se inspiraram para criar o universo em que vivem as irmãs Elsa e Anna. A jornada para buscar o mundo mágico do filme começa por Bergen, a segunda maior cidade da Noruega, no Sudoeste do país. As coloridas fachadas de madeira das casas foi a área que inspirou os animadores da Disney a criarem boa parte da arquitetura que aparece nas ruas do vilarejo de Arendelle.

Trolls
Os trolls marcam uma presença importante no folclore norueguês. Por causa de sua aparência assustadora, o que nos faz lembrar os duendes, gerações e gerações de crianças norueguesas cresceram temendo essas estranhas criaturas. Mas não quer dizer que todos eles sejam maldosos. Os trolls são seres sobrenaturais, que vivem nas florestas, montanhas e cavernas, e em pequenas comunidades familiares. Eles têm uma boa habilidade para construir instrumentos de pedra e metal. No filme Frozen, eles são bonzinhos. Como há bonecos deles em todas as lojas de suvenir, é uma boa lembrança para levar. Os valores variam entre R$ 40 e R$ 200.

Prepare-se
A moeda usada é a coroa noruguesa (NOK) que está valendo mais do que o dobro do real. E é melhor preparar o bolso: uma garrafa de água mineral custa em torno de 36 NOK, algo em torno de R$ 18. Mas, assim como em outros países europeus, a água da torneira é potável. A dica é levar uma garrafinha para encher na própria torneira do hotel. Em geral, as coisas têm um preço mais alto para nós brasileiros. E não adianta reclamar e nem tentar negociar. Um maço de cigarros ou uma cerveja, por exemplo, custam em torno de 70/80 NOK. O melhor é trocar dólar ou euro ainda no aeroporto, já que em muitos lugares não são aceitas outras moedas.

Entrada no país
Todos os que viajam para a Noruega precisam de passaporte válido. Os brasileiros não precisam de visto, porém, a Noruega exige o seguro de saúde com validade para todo o período da viagem. O seguro vai garantir ao visitante a cobertura de tratamento médico se algo ocorrer durante a sua estadia por lá.

Idioma
O norueguês é o idioma da Noruega. Porém, a maioria dos habitantes fala inglês.