Uai Entretenimento

Projetos dos parques do SeaWorld pretendem melhorar vida dos animais e agradar turistas

Depois de amargar fortes prejuízos e ter a reputação abalada, propostas para os parques nos Estados Unidos preveem tanques maiores para melhorar a vida das orcas e recuperar a simpatia dos turistas


Um projeto ambicioso vai dobrar o tamanho dos tanques que abrigam as orcas nos três parques do SeaWorld. Batizado de Blue World, a iniciativa tem objetivo de fortalecer a imagem do cuidado da empresa com seus animais, e melhorar a experiência dos visitantes dos parques. O primeiro dos parques a receber o novo habitat será o de San Diego, na Califórna. Com um volume total de 38 milhões de litros de água – quase o dobro do atual –, e 16 metros de profundidade, o novo tanque terá área de superfície de seis mil metros quadrados, com mais de 106 metros de comprimento. Um vidro com 12 metros de altura proporcionará uma bela visão aos turistas, e será a maior área para observação subaquática de orcas do mundo.


Com previsão de conclusão das obras em San Diego para 2018, o novo habitat promete proporcionar uma vida melhor aos animais. Um dos recursos previstos no projeto é uma 'corrente de águas rápidas', que fará com que as orcas nadem contra o fluxo da água, ajudando elas a desenvolver a agilidade. Está planejado investimentos na área de reprodução e cuidados dos animais, facilitando o acesso dos treinadores e veterinários.

Como parte do projeto Blue World, o SeaWorld disponibilizou US$ 10 milhões a projetos de preservação às baleias que estão na natureza.

O SeaWorld sofreu alguns duros golpes em sua reputação nos últimos anos, que chegaram, inclusive, a afetar o movimento e lucro de seus parques. E a proposta da empresa para recuperar simpatia e credibilidade vem por meio de uma intensa campanha de marketing, que tem como objetivo abrir e publicizar o trabalho e pesquisa realizados pela empresa em seus mais de 50 anos de existência. Segundo maior mercado dos parques em venda de ingressos pela internet, atrás somente do Reino Unido, o Brasil também é um importante foco das ações de reconquistar o público da rede.

Na última quinta-feira, o grupo anunciou uma queda de 84% nos lucros do segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A explicação da queda do lucro (de US$ 37,4 milhões, em 2014, para US$ 5,8 milhões, em 2015) se dá, além da queda de 1,6% no público e diminuição do faturamento, pelo aumento dos gastos com marketing.

Primeiro foi a morte da treinadora Dawn Brancheau, em 24 de fevereiro de 2010, após ataque da orca Tilikum, durante uma apresentação no parque de Orlando, na Flórida. Depois, toda a repercussão negativa do documentário Blackfish, de 2013, dirigido por Gabriela Cowperthewaite, que, através do acidente com a adestradora, questiona as condições e razões de se manter esses animais em cativeiro. Grupos de defesa dos direitos animais aproveitaram esse momento e também voltaram suas forças contra os parques do grupo.

A transparência foi a forma encontrada para rebater as críticas. Reforçar a conscientização que o contato com animais gera nas pessoas foi um dos argumentos apresentados pela veterinária brasileira Gisele Montano, do centro de pesquisa de reprodução do SeaWorld Parks & Entertainment, em evento realizado em Belo Horizonte. “O show é muito importante, porque o expectador sai das apresentações apaixonado pelos animais. Mas também é bem importante para a própria orca, o exercício físico e estímulo mental é crucial para o bem-estar dela”, explica.

Desde o acidente que resultou na morte da treinadora Dawn Brancheau, não é mais permitida a interação dos adestradores com as orcas durante as apresentações. “O novo show foi montado de uma maneira bem flexível, deixando o ambiente bem estimulante para as orcas. Se uma delas não está se sentindo bem ou não quer participar, não a obrigamos. E não existe nenhum tipo de castigo ou punição.”

PRESERVAÇÃO A rede de parques reforça a visibilidade de suas ações de cuidados e preservação da vida selvagem. Nesses 51 anos de existência, já foram resgatados e recuperados mais de 26 mil animais. Todos passam por um processo de reabilitação para, depois, serem devolvidos à natureza. Uma pequena parcela desse animais, sem condições de serem reinseridos a seu habitat, acabam ficando sob os cuidados do parque.

Outra ação importante do grupo apresentado é o Fundo de Preservação do SeaWorld e Bush Gardens, que apoia, por meio de aporte financeiro, organizações de preservação animal em ambientes selvagens. Criado em 2003, o fundo já gerou US$ 11 milhões em doações para mais de 800 organizações pelo mundo. No Brasil, o projeto Tatu-Canastra, que atua no Pantanal, foi um dos beneficiados.

Parques temáticos


O SeaWorld Parks & Entertainement, fundado em 1964, é, hoje, uma rede que conta com 11 parques temáticos. Com o tema da vida marinha e exposição de animais como orcas e golfinhos, o SeaWorld tem três unidades nos Estados Unidos. O primeiro a ser inaugurado foi em San Diego, na Califórnia. O segundo em Orlando, na Flórida, e o terceiro em San Antonio, no Texas. Hoje, são 30 orcas mantidas nas dependências dos três parques. E, há três décadas, nenhum animal é retirado da natureza para ser levado ao cativeiro. O zoológico Bush Gardens, onde a interação com animais é o carro-chefe, também faz parte do grupo.