Para celebrar essa cultura antiga no Brasil, no fim deste mês ocorre, em Urupema (SC), o 1º Encontro Nacional do Tropeirismo (Enat). O município foi escolhido para receber o evento por ser o primeiro caminho de tropas do Brasil. O evento, marcado para os dias 29 e 30, vai contar com vasta programação para propagar a valorização e reconhecimento da cultura desses homens, que tanto influenciaram a história econômica do país. Serão palestras e workshops monitorados por vários especialistas em tropeirismo no Brasil.
Os tropeiros, explica ela, andavam cerca de três a quatro léguas por dia para chegar a cada rancho, o que equivale a cerca de 24 quilômetros. A quilometragem corresponde a aproximadamente a distância de uma cidade a outra que compõe a história desses cavaleiros. Por onde esses viajantes comerciais passavam, deixavam sua marca. Dessa forma, existem inúmeras cidades que eram roteiro dos tropeiros. “Minas Gerais é o grande berço do tropeirismo, e pode-se dizer que a Estrada Real também conta com uma rica característica da linhagem”, explica.
O que há 400 anos movimentava a economia das regiões por meio das vendas de mercadorias hoje movimenta justamente por conta do turismo. É o caso de Itabira, a 111 quilômetros de Belo Horizonte, na Região Central do estado. A cidade conta, desde 2013, com o título de Capital Estadual do Tropeirismo, por causa do Museu do Tropeiro, instalado no distrito de Ipoema. O museu tem como um dos seus fundadores a própria Eleni, itabirana que tem o sangue tropeiro em suas veias. “Meu avô era tropeiro e meu pai tinha a carteirinha de agenciador de tropas”, lembra. O instituto apresenta uma vasta coleção de artefatos deixados por antigos cavaleiros. Somente em 2014, o museu recebeu quase 9 mil visitantes de todo o Brasil.
Anualmente, é feita uma festa no espaço que envolve toda a cidade. De acordo com a Secretaria de Turismo de Itabira, é feito um trabalho com as escolas e com a comunidade por meio da semana tropeira. Há ainda sinalizações no decorrer do caminho tropeiro, onde os cavaleiros passavam com suas cargas.
A fonte tinha a função de abastecer tanto os moradores como os animais da região, além de servir para a lavagem de roupas. “Os tropeiros tinham uma relação muito grande com os santos. Eles eram muito religiosos. Em suas carteiras, eram guardadas orações de Santa Rita de Cássia, Nossa Senhora Aparecida, São Benedito, São Sebastião, Nossa Senhora de Santana, São Joaquim, São José de Botas e de Nossa Senhora das Neves. Todos eles são considerados santos do tropeirismo”, comenta Eleni.
Tiradentes conta ainda com a Serra de São José de Botas, trilha utilizada por esses comerciantes. O município histórico de Diamantina também apresenta várias características desses viajantes brasileiros. “Na cidade, existia o mercado dos tropeiros. Até hoje é possível ver as estacas que eles usavam para amarrar muares”, acrescenta.
Serviço
1º Encontro Nacional do Tropeirismo
Dias 29 e 30 de maio, em Urupema (SC)
Informações
Prefeitura Municipal de Urupema
(49) 3236-3000
Núcleo de Amigos da Terra e Água (NATA)
(41) 9226-5170
tropeirobrasil2015.blogspot.com.br
Museu do Tropeiro
Travessa Professor Manoel Soares,
217, Ipoema, distrito de Itabira,
(31) 3839-2991 ou 3839-2992.