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O lado inusitado de Budapeste

A capital húngara é uma das cidades europeias que mais guardam boas surpresas para quem a visita. Há opções de roteiros tradicionais e outros nem tanto

Ponte sobre o Rio Danúbio: a cor da água e a exuberância do local encantam quem passa por ali - Foto: Laszlo Balogh/Reuters

Acredite, se quiser: há turistas desencantados que dizem que todas as principais capitais europeias são iguais. Lugares bonitos com construções antigas e atravessados por um rio no meio. Por mais que diversas cidades de fato tenham essas características, tal tipo de reducionismo esconde as surpresas escondidas nelas. E Budapeste é, sem dúvida, um dos roteiros clássicos na Europa que mais conseguem surpreender, graças a uma série de atividades dificilmente encontradas nos outros destinos mais visados do continente.

A capital da Hungria foi resultado da unificação de três cidades vizinhas em 1873: Buda, Pest e Óbuda. E caso você escolha fazer um tour a pé ofertado por diferentes companhias turísticas, uma das primeiras coisas que ouvirá é o guia lhe ensinar a forma correta de se pronunciar o nome da cidade: chiando o “s” no fim, emitindo o som de “ch”, ou seja, parecido com “Budapesht”.

Participar desse passeio vale a pena, acredite. A maioria das empresas oferece um roteiro clássico. Os turistas passeiam pelas bordas do famoso Rio Danúbio, atravessam uma das pontes da cidade (muito provavelmente, a Ponte Széchenyi Lánchíd, a mais bela) e sobem até o Distrito do Castelo, onde está o Castelo Buda, que abrigou por muitos anos a família real húngara.

Esses lugares, juntamente a museus, parques e praças, compõem a rota turística clássica na cidade e merecem ser visitados. Mas se restringir a esses destinos é perder alguns passeios únicos que apenas a capital húngara pode proporcionar. A começar por um dos maiores charmes da cidade: os banhos termais.



ÁGUAS QUENTES

Surgidos ao longo de séculos, esses locais com águas quentes para relaxar datam desde a época em que os romanos ocupavam o território, no século 2 a.C. Mas foi com a ocupação dos otomanos à cidade, iniciada em 1541, que os banhos termais realmente se proliferaram em Budapeste, graças ao hábito dos turcos de se banharem em piscinas quentes.

A tradição se manteve de forma tão marcante que Budapeste é considerada até hoje a capital europeia dos spas e dos banhos termais. Algumas das termas mais antigas criadas durante a ocupação otomana ainda estão de pé. Para quem tem interesse em conhecer um desse locais, é uma boa ideia visitar o Veli Bej (lê-se “véli bei”), considerado o banho turco mais antigo da cidade.

Após séculos de existência, o lugar passou por obras de revitalização e reformas, mas ainda preserva artes originais nas paredes e a mesma arquitetura básica original. Veli Bej conta com uma grande piscina central, cercada por duas menores. Jacuzzis, saunas e duchas completam o ambiente e dão mais opções ainda de relaxamento.

O lugar é também uma boa escolha para os mochileiros que estão de olho no orçamento, por ser um dos banhos termais mais em conta de Budapeste. Para entrar, pagam-se 2.800 forints húngaros (aproximadamente, R$ 30) para ter o direito de ficar até três horas no estabelecimento. Pode parecer um pouco caro a princípio, mas trata-se de uma oportunidade única de vivenciar um verdadeiro banho termal turco, e três horas é tempo mais do que suficiente para repousar nas águas quentes. Ao sair, você se sentirá não apenas mais relaxado, mas também com energias renovadas.

Vista de Budapeste, um dos roteiros clássicos da Europa que consegue surpreender o turista - Foto: Laszlo Balogh/Reuters

Segredos sob a terra

Para quem não fizer um esforço e investigar bem as opções de atividades que Budapeste oferece, há o grande risco de perder um segredo surpreendente da capital: as cavernas subterrâneas. Formadas graças às mesmas águas quentes utilizadas nos banhos termais, há diferentes cavernas sob o solo que podem ser visitadas por turistas, mesmo sem experiência prévia em cavernismo. Esses tours são organizados por empresas privadas e podem custar até 6 mil forints húngaros (aproximadamente R$ 65).

A principal atração, para quem quiser conhecer esses terrenos subterrâneos, é a caverna Pálvölgyi, um complexo com mais de 13 quilômetros de extensão localizado no Parque Nacional Duna-Ipoly, que oferece duas opões de passeios. O primeiro deles é mais simples, com duração de aproximadamente uma hora, e usa um sistema de iluminação e pisos artificiais. Essa é a melhor opção para aqueles que não pretendem se cansar muito ou se sentir muito confinados entre as paredes.

Mas aqueles que tiverem espírito mais aventureiro e disposição física podem escolher a alternativa mais longa, com quase três horas de duração e uma rota totalmente natural. E não é um caminho fácil. Em alguns trechos, é necessário deitar-se de barriga para baixo e se arrastar no chão para deslizar entre passagens estreitas. Mas todo o esforço é recompensado pela incrível vista da geologia subterrânea intocada.

Ao sair das cavernas, caso queira aproveitar para repor as energias sem gastar muito e experimentar as comidas tradicionais, a melhor ideia é ir ao Grande Mercado, sentar-se em uma das mesas simples e pedir um goulash, um dos pratos mais populares da cozinha húngara.

Repousar depois de uma visita às cavernas também é uma boa opção para quem pretende aproveitar a vida noturna da cidade, que tem também algo único: os bares de ruínas. Trata-se de bares que foram construídos em meio a edifícios que foram destruídos por bombardeios na Segunda Guerra Mundial. São diversos estabelecimentos desse tipo e quase todos têm uma decoração artística exuberante ou curiosa, por terem sido criados com a ajuda de artistas jovens que viviam na capital no período pós-guerra.

Esses roteiros podem dar um pouco de trabalho e cansar um pouco mais do que as rotas turísticas mais tradicionais, mas a sensação de ter conhecido um lado de Budapeste que nem todos turistas exploram é, sem dúvida, inigualável.