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Vou de carro

Estudo do Ministério do Turismo indica que viagens autoguiadas são as preferidas dos belo-horizontinos. Com a alta dos combustíveis, no entanto, opção merece planejamento

Maria Thereza Pinel conta que prefere viajar de carro, mesmo com o aumento da gasolina, pelo conforto que a opção oferece - Foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press

Várias pessoas preferem usar o próprio veículo como meio de transporte para viagens turísticas, seja para ter autonomia de fazer as próprias paradas ou para ter a sensação de pegar o volante em longos percursos. As vantagens de fazer uma viagem autoguiada são várias, principalmente quando o assunto é o orçamento, já que por conta própria o preço pode ficar bem mais em conta do que adquirir um pacote. De acordo com levantamento feito pelo Ministério do Turismo, quando o assunto é viagem, a paixão dos belo-horizontinos é pegar a estrada por conta própria. Dos moradores da capital que têm a intenção de viajar nos próximos seis meses, 30,6% afirmaram a preferência pelo automóvel como meio de transporte. Em comparação ao ano passado, foi registrado aumento de 120% dos que escolhem essa forma de viajar.

“Os mineiros são os próprios turistas de Minas Gerais”, afirma o coordenador da comissão dos receptivos da Associação Brasileira de Agências de Viagens em Minas (Abav-MG), Ricardo Campos. Segundo o especialista, quando a viagem é feita de carro, os destinos são os mais próximos. Exemplo disso são as cidades históricas de Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, São João del-Rei e Diamantina, e até mesmo o Museu Contemporâneo de Inhotim, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Ouro Preto, um dos principais cartões-postais do estado, fica a cerca de 100 quilômetros da capital. Ao chegar na cidade, dá para perceber a quantidade de mineiros, principalmente de BH, que passeiam por lá. Basta olhar as placas dos carros”, comenta Campos. O coordenador da Abav conta que outro ponto que também atrai as viagens guiadas são as serras, que compõem lindas paisagens no cenário mineiro.

Para Ricardo Campos, cerca de 70% do público que tem preferência pelas viagens autoguiadas são famílias com filhos. “As famílias têm um custo muito maior em uma viagem, então o carro é um meio de transporte que minimiza esse gasto. Os viajantes analisam também a questão do deslocamento já no destino. Se o grupo familiar tem cinco integrantes e eles vão de carro, fica mais fácil conhecer os locais dentro da região a ser visitada. Contudo, se eles optam por viajar usando outro meio de transporte, provavelmente terão de pegar um táxi, e cinco pessoas já não cabem em apenas um carro, teriam que ser dois táxis”, afirma.

GASOLINA Apesar das diversas vantagens em pegar o carro e sair com ou sem rumo por aí, parar onde quiser, lanchar na hora que a fome apertar, com a crise econômica e o aumento significativo no preço da gasolina a vantagem de gastar pouco viajando de carro pode se tornar uma dificuldade. “Prevemos uma pequena redução nesse número de turistas que preferem viajar de carro. O lado bom que tentamos tirar dessa condição é que, com isso, os turistas podem optar por utilizar os passeios com as agências. Dessa forma, o valor gasto vai compensar, porque assim podem garantir maior qualidade na experiência com a presença de guias, idas aos melhores restaurantes, entre outras vantagens”, destaca.

A diretora da Exodus Turismo Virgínia Camara afirma que a relação do aumento da gasolina com passeios autoguiados é uma situação peculiar. “Quando a crise afeta o preço dos combustíveis, o primeiro setor a ficar prejudicado é o de automóvel. Depois vem o turismo, justamente por essa preferência pelas viagens autoguiadas. Em uma casa, as pessoas não deixam de comer, então o setor alimentício está garantido. Se a pessoa para o veículo, logo em seguida o produto turístico é afetado e o lazer é deixado de lado. Apesar de Minas Gerais ser composto de belos equipamentos turísticos, a previsão é de que caia o número de visitas nesses locais”, explica.

Apaixonada por viagem, a estudante de letras da Universidade Federal de Minas Gerias (UFMG) Maria Thereza Pinel conta que não vai deixar de fazer seus passeios pelo aumento do valor da gasolina. Quando não tem a filha, Lara, de 4 anos, como sua acompanhante, Maria Thereza divide o combustível com amigos. O próximo destino será fora do estado. “Vou para Guarujá, no litoral paulista. Provavelmente, vão comigo um primo e um tio, então dividiremos o combustível”, destaca. A estudante afirma ainda que, mesmo com o preço, a viagem de carro vale a pena, por conta do valor das passagens. “A passagem de ônibus também fica mais cara e, viajar de avião, somente se achar uma promoção que fique realmente em conta”, destaca.

Segundo Maria Thereza, os passeios de carro são mais fáceis, principalmente pelo fato de estar com uma criança dentro do carro. “De carro, eu tenho liberdade de fazer as paradas no meio da estrada, não só para ir ao banheiro ou comer alguma coisa, mas também para desviar um pouco a tensão de dirigir e a tensão dela de ficar presa na cadeirinha. Quando há outro adulto para dividir o volante, a vantagem é maior ainda”, conclui.