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ARTES CÊNICAS

Alessandra Maestrini e Eduardo Moreira protagonizam 'Ato'


Situado na fronteira entre o palco e o cinema, Ato, projeto que Bárbara Paz propõe no CenaWeb, é também um comentário sobre três tempos: o passado, o presente e o futuro. Estrelado pelos atores Alessandra Maestrini e Eduardo Moreira, o trabalho chega a público sob a forma de um média-metragem que estreia nesta terça-feira (8), na programação do Teatro EmMov Digital.



Um enfermeiro que perdeu a esposa para a COVID-19 contrata os serviços de uma mulher igualmente solitária, que ganha a vida oferecendo afeto por meio de carinhos, abraços e até uma noite de sono. Desenvolvido durante a quarentena junto a Cao Guimarães, que assina o roteiro, o “cineteatro” foi gravado em Ouro Preto e teve, entre suas locações, a Casa da Ópera, construída em 1770, o mais antigo teatro em funcionamento nas Américas.

“Assim como o artista tende oferecer ao público aquilo de que ele mais carece, Ava, minha personagem, dá aquilo de que ela mais precisa”, diz Maestrini. “Ela se sente muito só. E essa profissão que desempenha não é nenhuma novidade. Quando Bárbara me chamou para o projeto e comecei a pesquisar, conheci os cuddlers, pessoas contratadas para fazer companhia, algo bastante comum nos Estados Unidos, Japão, África do Sul e em outros lugares pelo mundo.”

Assim como no premiado documentário Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou (2020), dirigido por Bárbara Paz e candidato do Brasil à corrida do Oscar 2021, Ato tem a música como fio condutor. Alessandra Maestrini foi escolha certada para o elenco, pois é atriz e cantora.



“Em vários momentos, Ava canta. Tive a chance não só de atuar, como também de cantar. O som e a música são elementos extremamente importantes para essa narrativa”, comenta ela.

Ato é também um exercício imaginativo sobre o mundo pós-pandemia, momento em que a história se passa. Por conta disso, são expostos traumas gerados pelo isolamento social.

O mundo criado por Bárbara e Cao “não é muito bacana”, antecipa Alessandra. “Ele é sobre o interior emocional dos tempos que estamos vivendo. Não sabemos o que é verdade e o que é mentira; o que pode ou não ser vivido; o que é saudável e o que é insalubre. No meio disso está a extrema marginalização da arte. A arte perdendo seu valor e significado”, comenta.

“O que vivemos hoje no Brasil, diante desse governo de extrema direita, é a ruptura do afeto”, acrescenta a atriz. “É por isso que temos essa desvalorização. Sem arte, sem pensamento crítico, é mais fácil dominar e desumanizar.”



EXAMES

Antes de embarcar para Ouro Preto, toda a equipe foi testada para COVID-19. Além disso, diversas fases da produção ocorreram por videoconferência. “Até o teste de figurino foi feito pelo Zoom. Eles mandaram para a minha casa uma mala com as roupas, eu as vestia e mostrava para eles na frente do computador”, conta a atriz. Quem assina esse departamento é a figurinista Marina Franco, vencedora do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro pelo trabalho em A vida invisível (2019), de Karim Aïnouz.

Feliz com a oportunidade de poder trabalhar, a despeito da pandemia, Alessandra Maestrini conta que, ao longo da gravação, a equipe do projeto brincava que ele “tem tudo para virar um longa”.

ATO
De Bárbara Paz. Com Alessandra Maestrini e Eduardo Moreira. Disponível nesta terça (8), a partir das 18h30, até 8 de janeiro, em www.teatroemmovimento.com.br. Gratuito. Hoje, às 19h, Bárbara Paz, Alessandra Maestrini, Eduardo Moreira e Tatyana Rubim, idealizadora do Teatro em Movimento, batem papo no YouTube .