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DANÇA

Suellen Sampaio dança o amor em Marcapasso


Como dançar o amor e suas diversas facetas? Esse foi o desafio que a bailarina Suellen Sampaio se impôs. O solo de dança Marcapasso, que começou a ser desenvolvido em 2019, deu tão certo que Suellen foi selecionada para participar da segunda edição do mOno festival, idealizado pelo coletivo teatral paulista 28 Patas Furiosas.




“É um trabalho com o qual qualquer pessoa se identifica. A partir do momento em que entra o áudio, a pessoa pensa: Já passei por algo assim”, diz a artista belo-horizontina.


Marcapasso é um “processo de cura”, explica Suellen. “Um processo de construção de mim, como mulher negra e artista. É um presente que dei a mim mesma.” A pandemia a impediu de ir a São Paulo apresentar o solo. Neste sábado, 22, ele será filmado na sede do Teatro Espanca!, em BH, e transmitido pelo canal de YouTube 28 Patas Furiosas.


Foi o único solo mineiro selecionado para o festival, que recebeu 208 projetos de vários estados. “Fiquei muito surpresa. Uma coisa é passar em um festival em BH, onde venho construindo o meu espaço há mais de 10 anos. Outra é ser aceita em um festival em outro estado”, comemora Suellen.


A bailarina construiu o espetáculo com base em depoimentos sobre o amor enviados por outras mulheres negras. “O que é o amor para elas? Pedi para minha mãe, irmã e amigas me mandarem áudios falando sobre isso. A intenção era dançar as falas delas”, explica.




O processo foi sofrido. Durante o primeiro ensaio, ela não conseguiu dançar ao ouvir os depoimentos. “Eu me cobro muito. Sentei e comecei a chorar, porque não estava dando conta de fazer. Aí, abri o WhatsApp e mandei áudio para uma amiga falando da minha dificuldade de falar sobre amor, sobre o que as relações de amor trouxeram para mim como marca”, relembra. Foi esse áudio, com oito minutos, deu origem à coreografia de Marcapasso.


Durante o processo, Suellen promoveu debates com base nos textos da escritora, professora e feminista americana bell hooks. “Ela é uma autora negra que fala sobre o amor. A música (do espetáculo) também fala de um amor negro. A gente procurou sempre ter a presença negra em tudo”, diz a bailarina.


O título Marcapasso não foi escolhido em vão. “É o dispositivo que usamos no coração quando existe algo fora do normal. Como a performance fala de amor, a gente chegou neste nome de um instrumento científico que regula o coração.”




Suellen Sampaio diz que não teria conseguido desenvolver o espetáculo sem a ajuda dos amigos e parceiros do Espanca! – Alexandre de Sena, Jane Lucia, Preto Amparo, Aristeo Serra Negra e Pablo Bernardo. “Marcapasso não sou só eu, mas todos os envolvidos. Por mais que seja o meu corpo em cena, existem mais cinco pessoas ali”, conclui.

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
MARCAPASSO
Solo de dança de Suellen Sampaio. Neste sábado, 22/8, às 21h, no canal do coletivo 28 Patas Furiosas no YouTube