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Estado de Minas

Diretor de 'Vai que cola' trocou Minas pelo Rio e colou na comédia

Aos 15 anos, César Rodrigues se mudou de Muriaé para o Rio de Janeiro. Por sugestão de Miguel Falabella, foi estudar teatro. Hoje, aos 55, se consolidou na carreira de diretor com humorísticos de sucesso no cinema e na TV


13/10/2019 04:00 - atualizado 13/10/2019 08:05

César Rodrigues e a atriz Ilva Niño, do elenco de Os Roni, sitcom do Multishow que ele dirige (foto: Edu Viana/Divulgação)
César Rodrigues e a atriz Ilva Niño, do elenco de Os Roni, sitcom do Multishow que ele dirige (foto: Edu Viana/Divulgação)

Você pode até não conhecer seu rosto, mas certamente já assistiu a alguma produção que tem a assinatura desse mineiro de Muriaé (Zona da Mata). César Rodrigues, de 55 anos, é o diretor de sucessos do cinema e da televisão, como Vai que cola (filme e seriado), Minha mãe é uma peça 2 (filme) e Os Roni (seriado).


Em breve, Cesinha, como é chamado pelos mais íntimos, estará no comando de uma nova empreitada, um humorístico no Multishow estrelado por Leandro Hassum e que terá no elenco também Cacau Protásio e Paulinho Serra.
 
A estreia deve ocorrer no começo do ano que vem. “Estamos gravando o piloto. É uma oportunidade que o canal está dando para experimentar, entender os personagens, a história. Leandro é uma pessoa extraordinária, um talento brilhante. Está sendo uma delícia fazer esse projeto”, comenta o diretor.

Foi precisamente no Multishow, que César Rodrigues começou a se destacar na direção, sobretudo das chamadas comédias de situação (sitcoms). O primeiro sucesso veio com Vai que cola. O mineiro dirigiu cinco das sete temporadas da atração ambientada numa pensão no Méier, na Zona Norte carioca, e que tem entre seus atores Paulo Gustavo, Catarina Abdalla, Marcus Majella, Cacau Protásio, Fiorella Mattheis, Samantha Schmütz, Emiliano D'Ávila e Sílvio Guindane.
 

Cesinha credita o êxito do programa, um dos mais assistidos da TV a cabo brasileira, ao elenco e à sua comunicação bem popular com o espectador. “É aquela ideia do sitcom clássico, que já vem desde Família Trapo, Sai de baixo. A gente avançou foi com a ideia do palco giratório, uma inovação que incorporamos ao formato. Ainda que eu não tenha dirigido as duas últimas temporadas, ajudei na supervisão. Sou parte do Vai que cola”, afirma o diretor, responsável também pelos filmes da franquia – Vai que cola – O filme (2015) e Vai que cola – O começo, que está em cartaz.

Na opinião de César Rodrigues, Vai que cola foi além de garantir uma boa audiência da grade do Multishow, ele acabou dando uma identidade ao canal. “Com ele o Multishow descobriu sua vocação, que é o humor. A partir de então, surgiram outros produtos nessa linha e que também se sobressaíram”, diz.

O próprio Vai que cola gerou derivados como Ferdinando show (2014-2018), estrelado pelo concierge Ferdinando (Marcus Majella), e Aí eu vi vantagem (2015), com Jéssica (Samantha Schmütz), outra personagem do sitcom. “O spin off (obra derivada de uma já existente) acaba sendo algo natural, por se tratar de um produto tão forte e com grande apelo popular. E ele agrega ao canal.”

Também têm a direção de Cesinha no canal por assinatura os humorísticos Trair e coçar é só começar (2014 e 2015), inspirado no sucesso teatral de Marcos Caruso, Planeta B (2017), com os atores da companhia brasiliense de teatro, Os melhores do mundo e o mais recente deles, Os Roni, que chegou à telinha em abril passado e acaba de estrear a sua segunda temporada.
 
Os Roni conta a história de uma família de nordestinos que vive em São Paulo. A ideia do programa foi apresentada pelo influenciador digital piauiense Whindersson Nunes, um dos protagonistas.
 
“Foi ele quem teve essa sacada de fazer um programa só com artistas do Nordeste. Achei isso muito legal. Só o Oscar Magrini  é paulista. Família é algo que todos se identificam, porque todo mundo tem. É um projeto de que gosto muito”, afirma César, que destaca a participação da veterana atriz Ilva Niño no seriado. “Ela é minha parceria de anos. Sempre que posso, quero tê-la ao meu lado. E, nas gravações de Os Roni, a garotada tem um respeito enorme pela Ilva. É um exemplo de figura humana, de atriz.”

César Rodrigues se mudou para o Rio de Janeiro aos 15 anos em busca de melhores oportunidades do que as que teria em sua cidade natal. Ele chegou a estudar administração, mas acabou se formando em comunicação. Na faculdade, descobriu o teatro com um professor chamado Miguel Falabella.
 
“Foi ele que me indicou uma escola de teatro, a CAL (Casa das Artes de Laranjeiras). O teatro foi a descoberta do meu lugar no mundo. O trabalho de ator acaba sendo o espaço de encontro com você mesmo, com o pensamento das pessoas. Foi uma janela que me abriu várias portas”, reflete.

César chegou a fundar com o amigo e colega Roberto Bomtempo um grupo teatral juvenil e, a partir dali,  percebeu que seu caminho no teatro estava indo para a direção. Passou a ter mais contato com gente da área, até que sua história se cruzou com uma pessoa fundamental em sua trajetória: o diretor e produtor Daniel Filho.
 
 
“Ele foi meu grande mentor. Fizemos muita coisa bacana. Minha estreia como diretor na TV foi como assistente dele,  em Confissões de adolescente, em 1994, na TV Cultura. Era o primeiro trabalho em película para a televisão. Daniel queria algo mais experimental e foi um sucesso”, recorda.

Já na Globo, onde chegou pelas mãos de Daniel Filho, César Rodrigues passou por produções como A vida como ela é (1996), Você decide (no final da década de 1990), os seriados A justiceira (1997) e Mulher (1998), e a minissérie Labirinto (1999).
 
O próximo passo acabou sendo o cinema, como diretor assistente de longas como A partilha (2001) e A dona da história (2004), mais uma vez ao lado de Daniel Filho; e Sexo, amor e traição (2003), de Jorge Fernando. “Mais do que escolher trabalhos, fui escolhendo pessoas que me fizessem crescer. E tudo isso foi abrindo um espaço de confiança e de oportunidades.”

Um dos projetos de que ele mais se orgulha é a série Um menino muito maluquinho, exibida em 2006 pela TVE, do Rio de Janeiro. Baseada na série de livros homônima do cartunista mineiro Ziraldo, a produção tinha roteiro de Cao Hamburguer e Anna Muylaert. O personagem já fazia parte da trajetória de Cesinha algum tempo antes, já que ele havia tomado parte na direção de Menino maluquinho 2 – A aventura.

“Sou amigo do Ziraldo. Então foi uma experiência mais bacana ainda. Gostei tanto desse universo que dirigi a adaptação de Uma professora muito maluquinha (com Paola Oliveira no papel-título), em 2011. São personagens e histórias universais das quais todo mundo gosta”, diz.

Amigo de Ziraldo, o diretor mineiro levou à telona a adaptação Uma professora muito maluquinha, com Paola Oliveira no papel-título(foto: Páprica Fotografia/Divulgação)
Amigo de Ziraldo, o diretor mineiro levou à telona a adaptação Uma professora muito maluquinha, com Paola Oliveira no papel-título (foto: Páprica Fotografia/Divulgação)
Dirigir muitas atrações ligadas ao humor não foi algo planejado em sua carreira. No entanto, ele faz questão de ressaltar que o seu grande barato é o trabalho do ator. “Apesar de não ter seguido na atuação, minha paixão é o ator. Tudo começou por ali. Venho me aprimorando para contemplar cada vez mais a qualidade artística e os valores de produção. O que me orgulha é ver o elenco brilhando. É o que me move.”

LARISSA 

Atualmente, o diretor prepara um filme para a Netflix, Modo avião, que reúne a estrela juvenil Larissa Manoela e o astro da música Erasmo Carlos, com lançamento previsto para o mês de janeiro.

Apesar de ter deixado Muriaé há décadas, César Rodrigues não esquece suas origens. Ainda tem família (pai, irmão, sobrinhos) vivendo na cidade mineira e, sempre que pode, vai visitá-los. “Os laços são muito fortes. A gente não perde jamais a nossa identidade. É aquele velho ditado: a gente sai de Minas, mas Minas não sai da gente”, afirma.

O diretor roteirizou recentemente o curta A luta, a partir de uma história ocorrida em Muriaé que lhe foi contada por seus tios. O filme é dirigido pelo conterrâneo Bruno Benec e conta a história de um garoto morador da roça, no pequeno distrito de Divisório, na Zona da Mata mineira, cuja grande expectativa é acompanhar a luta de boxe entre o norte-americano Joe Louis e o alemão Max Schmeling, associado aos ideais racistas de Hitler, que o apontava como exemplo da superioridade da raça ariana.

A disputa é considerada até hoje uma das maiores de todos os tempos e marcou uma das primeiras transmissões esportivas ao vivo do rádio nacional, na década de 1930. “Meus tios sempre me falaram desse caso. Eles eram garotos e ouviram a luta pelo rádio. E, como a transmissão falhava muito, eles não conseguiram saber quem ganhou a luta. Ficaram naquela expectativa. Imagina... (risos). Ficou um curta bem poético.”


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