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Estado de Minas

Nova peça da Luna Lunera defende a resistência em tempos de crise

Em cartaz no CCBB, 'E ainda assim se levantar' marca os 18 anos da companhia mineira. Um jovem, uma mulher e um idoso lutam para vencer a exaustão imposta pelo mundo contemporâneo


Personagens de Anderson Luri , Letícia Castilho e Cláudio Dias nuscam a esperança em meio ao caos(foto: Kika Antunes/divulgação)
Personagens de Anderson Luri , Letícia Castilho e Cláudio Dias nuscam a esperança em meio ao caos (foto: Kika Antunes/divulgação)
Lutar ou desistir? Esse é o desafio enfrentado pelos três personagens de E ainda assim se levantar, peça da Cia. Luna Lunera que estreia nesta sexta-feira (16), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), comemorando os 18 anos do grupo mineiro.

Um jovem rapaz, um homem maduro e uma mulher – interpretados por Anderson Luri, Cláudio Dias e Letícia Castilho – dividem-se entre o cansaço diante da vida e a necessidade de seguir adiante. A dramaturgia é parceria de Marcos Coletta com os integrantes da companhia.

O jovem pensa estar no caminho rumo ao topo, ao sucesso. Porém, vê-se perdido, com nó na garganta e vontade de chorar. Quer retomar o menino que pede colo. A mulher não consegue identificar de onde vem tanta exaustão. Trabalha arduamente, é obrigada a encontrar forças para se fazer ouvida, provar diariamente que não é objeto de desejo. Mas não desiste. Cansado de lutar, o homem maduro – artista, gay e militante – sente o peso de envelhecer, o fardo das derrotas e dos golpes que sofreu. A morte está por perto, mas a saída é apostar na vida e na arte. “Ele sabe que a cada dia deverá renascer novamente, insistir. A batalha não está ganha, ao contrário, está longe de terminar”, comenta a diretora Isabela Paes.

Criação coletiva, a peça foi gerada dentro da sala de ensaios. “Os questionamentos apresentados pelos atores foram conduzindo os trabalhos. Se em espetáculos anteriores as questões estavam relacionadas a uma dimensão mais íntima, neste o ambiente é mais amplo, pois expõe situações que nos afetam política e socialmente. Cada ator traz consigo não só seus dramas pessoais, mas todo esse contexto que dividimos”, afirma Isabela.

A ideia surgiu a partir do projeto A potência da precariedade, realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. “Começamos a investigar aquelas situações em que não aguentamos mais. Momentos de extremo cansaço, quando você acha que dali não sai mais nada. Porém, eles também podem ser paradoxais, perigosos. Não se trata de um elogio a esses momentos, mas, ao mesmo tempo, conseguimos encontrar neles reações transformadoras e lutar com forças até então desconhecidas”, comenta a diretora.

A ideia não é oferecer respostas prontas ou lição de moral. “Não é uma mensagem, mas a capacidade de afetar as pessoas, fazendo com que elas saiam do teatro com vontade de ação. Ao mesmo tempo, o espetáculo tem momentos duros, pois cada ator vai se aprofundando em questionamentos pesados”, explica Isabela Paes. O ator Cláudio Dias lembra que a sobrevivência, muitas vezes, passa pela valorização da alegria, no “respiro potente” do carnaval, por exemplo.

Integrantes da Cia. Luna Lunera se voltaram para os afetos que potencializam a vontade de viver – ou não. “São afetos que também parecem nos paralisar, nos bloquear. Criamos uma dramaturgia não linear, mas pensando em entender este momento que estamos vivendo agora. Na realidade, o espetáculo questiona como podemos nos erguer em situações de iminente esgotamento”, observa Isabela.



MOSTRA O grupo mineiro planeja mostra retrospectiva para comemorar os 18 anos de trabalho. O projeto já foi aprovado pela lei municipal, mas a data não está fechada. “A ideia é fazermos um espetáculo por mês ou mesmo por dia. Enfim, será uma temporada de cada peça, um retorno histórico das montagens da Luna”, informa Isabela Paes.

Fazem parte do repertório da companhia as montagens Perdoa-me por me traíres (2000), Nesta data querida (2003), Não desperdice sua única vida ou... (2005), Aqueles dois (2007), Cortiços (2008), Prazer (2012) e Urgente (2016).

E AINDA ASSIM SE LEVANTAR
Peça da Cia. Luna Lunera. De sexta a segunda-feira, às 20h10. Até 9 de setembro. CCBB. Praça da Liberdade, 450, Funcionários, (31) 3431-9400. R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). Vendas on-line no site Eventim.


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