Rebeliões em senzalas, a resistência dos quilombos e a luta dos negros desde a época do Brasil colônia. Esse é o tema de Mata rasteira, peça que estreia nesta sexta-feira (8), no Sesc Palladium, e fica em cartaz até 17 de março. A produção é dos integrantes do grupo Caras Pintadas, Rodrigo Negão e Gabriel Coupe, que adaptaram o romance homônimo de Abner Laurindo. O autor vai bater papo com o público depois da sessão de hoje.
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A montagem se baseia em extensa pesquisa bibliográfica a partir do trabalho de historiadores como Clóvis Moura. A partir dos anos 1950 e 1960, esse especialista abordou a reação dos negros à escravidão. “Antes do abolicionismo, a única forma de resistência era a luta dos próprios escravos nos mocambos e quilombos”, observa o diretor.
Coupe diz que não pretende estimular debates com base em opiniões ou ideologias, mas em dados científicos. “Mostramos como esse tipo de resistência ocorre até hoje e como o escravismo é fundante da sociedade contemporânea, desigual e despolitizada”, afirma. Na opinião dele, a ausência de ferramentas que levem à mudança estrutural da sociedade brasileira é sintoma da “falsa abolição”.
“Essa abolição formal converteu escravos em maus cidadãos, em pessoas que não conseguem ser plenas na sociedade, pois são historicamente alijadas de direitos”, diz Coupe.
A representatividade também vai entrar em cena. O diretor destaca o fato de a equipe da peça ser majoritariamente negra. “Só tem um branco, a cota”, brinca.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
MATA RASTEIRA
Direção e dramaturgia: Gabriel Coupe. Concepção e atuação: Rodrigo Negão. Em cartaz até 17 de março. Sessões às sextas e sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h. Teatro de Bolso do Sesc Palladium. Avenida Augusto de Lima, 420, Centro. R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia).