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Estado de Minas O lixo nosso de cada dia

Performance de Peri Pane, 'Homem refluxo' faz alerta sobre o lixo

O artista escolheu Belo Horizonte para lembrar os 15 anos de criação da obra, nesta segunda-feira (12), no Espaço Real Fantasia, no Bairro Serra


12/11/2018 09:10 - atualizado 12/11/2018 11:11

(foto: Paulo Pereira/divulgação )
(foto: Paulo Pereira/divulgação )

O Programa da Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) estima que as cidades geram, anualmente, cerca de 1,3 bilhão de toneladas de resíduos sólidos. A quantidade de lixo pode dobrar até 2025. Você já parou para pensar sobre o quanto contribui para isso?

Diante dessa pergunta, o artista Peri Pane criou a performance Homem refluxo. Queria descobrir a quantidade de resíduos produzida por ele em uma semana. Em 2003, o trabalho estreou em São Paulo. “Notei que separávamos o lixo em casa, mas não quando estávamos na rua. Então, pensei como seria se a pessoa guardasse seu lixo por sete dias”, revela. A ação foi gravada em vídeo e registrada em livro-diário. O resultado foi exibido no Sesc Vila Mariana.

Não bastava só guardar o lixo. Era necessário ter ideia da quantidade de detritos gerada. Com a ajuda da artista plástica Marina Reis, Peri criou uma capa de plástico transparente com diversos compartimentos para manter o “acervo”. Ela foi batizada de parangolixo-luxo, referência aos parangolés de Hélio Oticica (1937-1980).

A performance já foi apresentada em São Paulo (2003), Barcelona (2006), Nápoles (2009), Praga (2011), Rio de Janeiro (2012), São José dos Campos (2015) e Sorocaba (2017). O artista mora há um ano em Belo Horizonte. Escolheu a cidade para lembrar os 15 anos de criação da obra, nesta segunda-feira (12), no Espaço Real Fantasia.

“Há muito tempo não realizava essa performance, mas guardo todas as capas das apresentações anteriores”, afirma Peri. Ele começou a guardar lixo no sábado (10). Na quarta-feira (14), estará em Inhotim.

“Em 2003, fiquei surpreso. No começo, não tinha ideia da quantidade de lixo produzida por mim. Fiquei dentro da média: seis quilos por semana”, conta. Seu parangolixo acumula lata de cerveja, garrafa de vinho, embalagens de pizza e bitucas de cigarro, entre outros resíduos.

HÁBITOS Desde que iniciou o projeto, Peri passou a prestar atenção aos próprios hábitos. Observou que a composição do lixo mudou. “Em algumas épocas, não estava bebendo, por exemplo. Minhas opções de consumo se refletem na performance, bem como o meu lugar social e o meu poder aquisitivo”, explica.

Peri costuma se apresentar nos locais por onde vem circulando “Sigo o curso da minha vida. Não existe um lugar para a performance. Ela acontece no cotidiano: pego ônibus, metrô e caminho pelas ruas.” Isso permite a interação com as pessoas. “No primeiro momento, questionam se estou vendendo algo. De longe, não conseguem enxergar o lixo. Perguntam se sou camelô”, explica.

Homem refluxo agrada especialmente às crianças. “Acredito que tem apelo por ser algo meio lúdico”, afirma. No decorrer do projeto, Peri percebeu o potencial da educação ambiental. “Fui convidado para apresentar o programa Eco prático na TV Cultura. Fizeram o convite em função da performance, que abriu caminho para pensar sobre as questões ambientais”, conclui. (MMC)

HOMEM REFLUXO
Performance de Peri Pane. Nesta segunda-feira (12), às 19h. Real Fantasia, Rua Luz, Serra. Quarta-feira (14), em Inhotim, Brumadinho. Entrada franca.


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