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Estado de Minas

Leonardo Rocha estreia espetáculo solo inspirado na obra de Nise da Silveira

Ator do grupo Maria Cutia escolheu o tema da loucura para peça Engenho de Dentro, que estreia sábado (27), no Teatro de Bolso do Sesc Palladium


26/10/2018 08:30 - atualizado 26/10/2018 09:27

(foto: Tati Motta/divulgação)
(foto: Tati Motta/divulgação)


O ator Leonardo Rocha, do Grupo Maria Cutia, escolheu o tema da loucura para o espetáculo solo Engenho de Dentro, que estreia sábado (27), no Teatro de Bolso do Sesc Palladium. A temporada vai até 4 de novembro. Dirigida por Eduardo Moreira (Galpão), que assina a dramaturgia, a peça não parte do viés da denúncia de maus-tratos a pacientes em manicômios. Inspirado no legado da psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999), Leonardo aborda o universo da loucura como lugar da criação e inovação.

O ator interpreta um homem às voltas com delírios, preso a um quarto de hotel. “A loucura está muito mais próxima da gente do que imaginamos. Se você prender qualquer pessoa, ela vai criar uma realidade particular”, afirma ele. Leonardo mergulhou em textos de Miguel de Cervantes (1547-1616), Anton Tchekhov (1860-1904), Machado de Assis (1839-1908), Scott Fitzgerald (1896-1940) e Nicolai Gógol (1809-1852) sobre o tema. “É uma colagem de vários autores clássicos. Busquei situações de delírio, citadas por eles, para fazer a amarração.” Os enxertos são adaptações de romances, e não de textos teatrais.

A peça narra o último dia de vida do protagonista, cujos delírios lhe permitem acessar memórias e rever toda a sua trajetória. “Quando se faz um espetáculo sobre a loucura, é mais comum adotar a perspectiva da sociedade que olha para aquele indivíduo. Não é o caso dessa peça, em que a representação loucura está voltada para a liberdade. A loucura é muito mais libertadora do que a gente imagina. O louco não concorda com a convenção que chamamos de realidade. Ele cria a própria realidade”, explica o ator.

Leonardo encena um texto sarcástico, com posicionamento ácido sobre a sociedade. “O protagonista é quase um ombudsman, uma espécie de bufão com olhar mais crítico sobre o que se convencionou chamar de realidade”, adianta. Integrante do Grupo Maria Cutia, ele sempre atuou coletivamente. Desta vez, subirá sozinho ao palco. “É uma tentativa de me desafiar artisticamente como ator”, observa.

Como sentiu falta de parceiros, Leonardo decidiu interagir com os móveis do cenário. “Eles têm um papel fundamental, são meus interlocutores. Não foram construídos para o espetáculo, são antigos, portanto já têm uma história. A cama tem 60 anos, pessoas dormiram nela, e carrega essa energia. São quase personalidades da peça.”

Em 2002, Leonardo conheceu o Museu Imagem do Inconsciente, criado por Nise da Silveira, em 1952, no Rio de Janeiro. A pioneira psiquiatra usou artes plásticas e animais no tratamento de pacientes com transtornos mentais. Alguns deles se revelaram artistas geniais.

“Fiquei impactado profundamente. Fernando Diniz, Adelina Gomes, Arthur Bispo do Rosário produziram obras lindíssimas”, observa Leonardo. “Bispo costumava dizer que o doente mental é como o beija-flor, pois nunca pousa. Ele está sempre a dois metros do chão. Por esse motivo, os móveis ficam suspensos no ar”, diz.


ENGENHO DE DENTRO
Solo de Leonardo Rocha. Direção e dramaturgia: Eduardo Moreira. Sábado (27), às 20h. Temporada de 31 de outubro a 3 de novembro, às 20h, e 4 de novembro, às 19h. Sesc Palladium. Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia-entrada). Vendas on-line no site Ingresso Rápido.


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