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América Latina inspira 'Azúcar', o novo espetáculo do grupo Sala B

Azúcar remete à substância refinada da cana, bem doce. Nos países caribenhos, o termo também é empregado como palavra de motivação para dançarinos. Azúcar é o nome do novo espetáculo do grupo de dança contemporânea Sala B, que se apresenta até domingo (21), no Teatro do Corpo, em BH.



“É uma gíria muito usada no Caribe para incentivar as pessoas enquanto elas dançam e tocam. Expressa o desejo de força e energia”, diz Fernando de Castro, responsável pela concepção e direção do espetáculo.

A proposta nasceu do desejo da companhia de apresentar a América Latina. “O açúcar influenciou a história de vários países latino-americanos, inclusive do Brasil”, lembra Castro. O grupo busca refletir sobre a instabilidade política e social da área. Em diferentes momentos, países da região foram comandados por governos autoritários, diz ele. “Temos a cena que denominamos ambientes repressivos para falar sobre o autoritarismo. Essa é uma característica latino-americana.”

O espetáculo também aborda a crise dos imigrantes – recentemente, chama a atenção o drama dos venezuelanos que deixaram suas casas em direção a outros países, inclusive o Brasil.


Apesar da dureza dos temas abordados, Fernando destaca o aspecto poético do espetáculo. Azúcar se divide em 15 cenas – nove delas com temas criados por compositores cubanos. “Tem mambo, bolero, chá-chá-chá. A ideia inicial era construir um repertório que abordasse os vários países, mas a maior parte veio dos cubanos. A cultura musical de Cuba é muito forte”, explica.

SALÃO

O trabalho do grupo é voltado para a dança contemporânea, mas esse projeto transita pelo balé clássico e a dança de salão. “Convidamos a professora cubana Francis Ramos, doutora em danças populares”, diz Fernando. Sala B reúne nove bailarinos formados em técnicas distintas, multiplicidade que resulta na diversidade de linguagens.

“Somos um grupo heterogêneo. Estamos interessados na mistura de técnicas e de saberes”, diz Fernando. De acordo com ele, era necessário fazer uma reflexão sobre o contexto histórico da região. A imersão na cultura da América Latina não seria completa se apenas tangos e boleros fossem coreografados. “A ideia é não ser panfletário. As cenas são muito poéticas”, garante.


A construção do espetáculo se deu de maneira colaborativa, envolvendo toda a companhia. “Temos integrantes com experiências técnicas diferenciadas, que passaram por vários grupos. Pessoas do Mato Grosso, do Rio Grande do Sul e de São Paulo, por exemplo. Alguns se formaram no Bolshoi, outros são de formação mais contemporânea e outros do jazz. Essa mistura de conhecimentos é muito importante”, conclui.


AZÚCAR
Concepção e direção: Fernando de Castro. Com grupo de dança Sala B. Teatro do Corpo. Avenida Bandeirantes, 866, Mangabeiras. Sexta-feira (19) e sábado (20), às 20h; domingo (21), às 19h. R$ 20.
Ingressos à venda no local. Informações: (31) 3221-7701.