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Estado de Minas

Teatro: 14ª edição do FIT apresenta 28 espetáculos em BH

Peças discutem outras versões da história, questões de gênero e construção de identidade


28/08/2018 08:00 - atualizado 28/08/2018 08:50

Chapeuzinho vermelho, do Rio Grande do Sul, mostra versão atual da história infantil, abordando o medo do desconhecido (foto: Adriana Marchiori/Divulgação)
Chapeuzinho vermelho, do Rio Grande do Sul, mostra versão atual da história infantil, abordando o medo do desconhecido (foto: Adriana Marchiori/Divulgação)
Feminismo, racismo, construção de identidade, questões de gênero, diversidade e revisão da história são alguns dos assuntos que estarão em cena nos espetáculos da 14ª edição do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte (FIT-BH). “Não são necessariamente temas. Mas é uma maneira de alargar e expandir perspectivas sobre a nossa realidade, sobre o que é ser brasileiro. Há uma necessidade de reorganização de pensamento e de construção de reflexões”, ressalta a atriz, dramaturga e diretora Grace Passô. Ao lado da crítica teatral, performer e professora Soraya Martins, e da jornalista e crítica Luciana Romagnolli, Grace forma a equipe curadora do evento, a ser realizado de 13 a 23 de setembro, em vários pontos da capital mineira.

O FIT-BH – permeado pelo conceito “corpos-dialetos”, traz nove espetáculos internacionais, 11 nacionais e, pelo menos, oito locais (a seleção vai ser concluída provavelmente amanhã). A presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Fabíola Moulin, destaca a importância da construção coletiva do festival, apontando que a programação reflete o que é o teatro contemporâneo. “Temos produções de oito países, inclusive africanos, de 11 estados brasileiros, sendo que, pela primeira vez, o FIT tem uma companhia da Região Norte”, afirma Fabíola a respeito da representatividade e diversidade das produções escolhidas. Ela acrescenta que “os espetáculos estarão literalmente ocupando Belo Horizonte e distribuídos por todas as regiões, como Barreiro, Cabana do Pai Tomás, Bairro São Geraldo, Parque Lagoa do Nado e as ocupações Vitória e Dandara”.

Uma novidade é que qualquer cidadão – artista ou não – pode se inscrever gratuitamente nas residências artísticas dos espetáculos Batucada (Piauí), concebido pelo coreógrafo Marcelo Evelin, e Looping: Bahia overdub (Bahia), idealizado pelos artistas Felipe de Assis, Leonardo França e Rita Aquino, que será apresentado na abertura do evento. “A ideia é que a cidade abrace o FIT e que as pessoas façam parte dessas duas performances que vão ocorrer no Parque Municipal. São produções de grupos nordestinos que, aliás, estão bem presentes nesta edição, e que evocam questões como celebração, insurgência, rebeldia, além de ter relação com a questão do corpo, que é o nosso foco”, analisa Luciana Romagnolli.

Um destaque nacional é Do repente, da Lamira Artes Cênicas (Tocantins), que traz outra tônica forte deste FIT: a soma de linguagens, já que mistura circo, música, teatro e dança. “Eles têm um trabalho muito forte com o corpo”, diz Luciana. Assembleia comum, da Trupe Estrela (BH), grupo criado na Ocupação Luiz Estrela, apresenta obra que se completa com a participação do público no jogo cênico, estimulado por personagens alegóricos. “O espetáculo será apresentado em espaços que têm tudo a ver com essa proposta: embaixo do Viaduto Santa Tereza e nas ocupações Vitória e Dandara”, lembra Grace Passô.

Já Chapeuzinho Vermelho, texto do dramaturgo francês Joël Pommerat, será encenado pelo Projeto Gompa (Rio Grande do Sul). A peça, para crianças e adultos, também mescla teatro, dança, contação de história e música. Nessa versão contemporânea do clássico, a protagonista entediada vive o dilema entre a curiosidade sobre o que não conhece e o medo. Representante da vertente do teatro de bonecos, o espetáculo Simón, el topo, do grupo Teatro La Plaza, do Peru, é baseado no livro de Carmen de Manuel e discute a diversidade sexual, apresentando às crianças uma visão contra a homofobia.

Duas artistas africanas que desenvolvem trabalhos na Europa integram a programação do festival. A performer de Ruanda, Dorothée Munyaneza, que vive na França, apresenta Unwanted, uma visão das mulheres vítimas de estupro durante o genocídio da etnia tutsi pela maioria hutu, em 1994. A artista recolheu depoimentos de mulheres para compor coreografia com música ao vivo, executada pela cantora americana Holland Andrews e pelo compositor francês Alain Mahé. Também tem música ao vivo, Black off, da artista de origem sul-africana Ntando Cele, radicada na Suíça, que discute o racismo com ironia e humor. “Um dos pontos importantes da nossa curadoria foi valorizar projetos que mostram essas histórias não contadas, que mudam o protagonismo ou revisitem a história”, explica Soraya Martins.

A história política portuguesa é o foco narrativo de Um museu vivo de memórias pequenas e esquecidas, criado e apresentado pela artista Joana Craveiro ao longo de cinco horas de espetáculo, incluindo o intervalo com um jantar. “Um museu vivo... sai da história oficial e mostra uma história contada a partir de outros pontos de vista. É um museu em constante atualização”, explica Soraya. “O FIT 2018 lança um olhar sobre a cena nordestina, as diásporas africanas, com debates estéticos e políticos sobre questões estéticas e políticas. O objetivo principal não é apenas entreter, mas promover uma revisão e uma reflexão crítica sobre vários assuntos”, reitera Luciana Romagnolli.

INGRESSOS
Os ingressos vão custar R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) e começam a ser vendidos em 3 de setembro. Além da internet (www.vaaoteatromg.com.br), as entradas podem ser adquiridas no Mercado das Flores (Av. Afonso Pena, esquina com a Rua da Bahia, Centro) e na Biblioteca Pública Estadual (Praça da Liberdade, 21, Funcionários). Informações: www.fitbh.com.br.


Atividades especiais
O FIT-BH teve orçamento total de R$ 3,4 milhões, praticamente os mesmos recursos da edição passada. Nesta edição, realizará ações de formação, reflexão e intercâmbio – oficinas, residências artísticas, workshop, debates pós-espetáculo e produção de críticas. Outro destaque é o Memória FIT, conjunto de exposições que recordam espetáculos locais que fizeram parte da história do festival. O Ponto de Encontro, no Parque Municipal, marca presença mais uma vez com programação especifica.


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