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Estado de Minas

Homenagem a Domingos Montagner marca Festival de Circo, em BH

Pirueta, malabarismo, equilíbrio, música e palhaçada tomam conta da cidade a partir de hoje, com a 18ª edição do evento


09/08/2018 09:37 - atualizado 09/08/2018 09:41

 (foto: Les Rois Vagabonds/Divulgação )
(foto: Les Rois Vagabonds/Divulgação )
Um dos eventos circenses mais conceituados da América Latina, o Festival Mundial de Circo (FMC) atingiu a maioridade. Ao longo dos anos, essa arte milenar sofreu transformações e nessa 18ª edição aposta na diversidade, multiplicidade de linguagens e estéticas do circo.

 

“Quando idealizamos o festival, no ano 2000, o circo tradicional estava começando a entrar em crise, por causa da proibição do uso de animais. Fomos o primeiro festival da América Latina dedicado exclusivamente ao circo. Naquele momento, países como o Canadá (Cirque du Soleil), França, Bélgica e Austrália já mostravam uma nova estética e aí fomos acompanhando todas essas novidades”, ressalta Juliana Sevaybricker, idealizadora e coordenadora geral do Festival Mundial de Circo. O evento começa nesta quinta (9) e segue até 18 de agosto em diversos pontos de Belo Horizonte.


Ruas, praças, teatros, espaços urbanos, comunidades rurais e, claro, a lona de circo, já serviram e ainda servem de palco para o festival. Em 2018, atrações do Brasil e da França compõem a programação com espetáculos gratuitos ou a preços populares.

A abertura será logo mais com os franceses da Cia. Les Rois Vagabonds, formado por Julia Moa Caprez e Igor Sellem. O duo vem ao Brasil especificamente para as três apresentações em BH, no Galpão Cine Horto (quinta, sexta e sábado). O uruguaio Luis Musetti, produtor do Les Rois há dois anos, ressalta a importância de se apresentar na abertura do evento.

 

“É a primeira vez que eles vêm a Belo Horizonte. É um misto de responsabilidade e alegria, porque sabemos da importância desse festival, uma referência para todos os latino-americanos”. O espetáculo escolhido é Concerto pour deux clowns (Concerto para dois palhaços), montagem lúdica que combina acrobacia, dança, mímica e música ao vivo. “Os dois são instrumentistas muito virtuosos e combinam a música com a palhaçaria. Eles tocam em cena clássicos de Vivaldi, Strauss, Bach. É uma produção concebida em 2013 e, ao longo do tempo, foi ganhando elementos, amadurecendo. Está em constante transformação”, afirma Musetti.


Domingos Montagner (dir) em espetáculo da LaMínima em 2012(foto: Carlos Gueller)
Domingos Montagner (dir) em espetáculo da LaMínima em 2012 (foto: Carlos Gueller)
Organizador de um festival internacional de circo realizado em setembro, em Montevidéu, Luis destaca a universalidade da linguagem circense. Existe um preconceito de que picadeiro só atrai criança. Elas gostam sim, mas também os adultos, jovens e idosos. O circo tem a surpresa, a adrenalina, a destreza e ainda traz ingredientes contemporâneos como música e dança. Isso tudo é mágico.”

Como de costume, o festival faz questão de incluir atrações para ocupar o espaço público. “O artista fica mais próximo do espectador, ainda mais o palhaço, que tem esse papel importante de fazer reivindicações e criticar o sistema de uma forma tão divertida”, aponta Juliana Sevaybricker.

No sábado (11) pela manhã, os acrobatas mineiros Liz Braga e Pedro Guerra, do Coletivo Na Esquina, mostram o espetáculo Oteto, no Parque Municipal. Vivendo na ponte aérea Brasil-França há cerca de 10 anos, a escolha da saudade do tema é natural. Pedro conta que Oteto integra um projeto maior, o espetáculo Abasedotetodesaba (“um palíndromo mesmo”), com previsão de estreia em novembro, em São Paulo, e em 2019, na França.

Oteto surgiu da necessidade de um espetáculo de menor formato, para facilitar a logística, e do desejo de proximidade com a plateia. Misto de acrobacia, canto e música, a peça conta com banda formada pelos músicos José Luiz Braga (Graveola), Juninho Ibituruna (Xafú, Tião Duá) e Pedro Fonseca (Dom Pepo, Filhos Trio de Sandra), em terá participação da malabarista Clarice Panadés.

Pedro Guerra ressalta a importância do Festival de Circo para a sua formação. “Fiz várias oficinas nos tempos de estudante, assisti a diversos espetáculos e conheci muita gente. Sem contar que, logo depois, já estava me apresentando como profissional. Eu e Liz temos uma história muito forte ligada ao festival.”

Presente desde os primórdios do evento, a Cia. LaMínima, de São Paulo, traz duas montagens para esta edição. À la carte, criada em 2001, esteve presente na primeira edição do FMC. Com direção do italiano Leris Colombaioni, faz homenagem à clássica arte do palhaço. Já Pagliacci – com texto de Luiz Alberto de Abreu e direção de Chico Pelúcio – estreou em 2017 durante as comemorações dos 20 anos do grupo.

 

Pagliacci foi idealizado por Domingos Montagner (1962-2016) e Fernando Sampaio, criadores da LaMínima. Os dois sempre estiveram presentes aqui no festival. Mesmo sem o Domingos, o Fernando e a Luciana Lima (viúva do ator) levaram adiante o projeto. O Festival Mundial de Circo 2018 é dedicado à memória de Domingos Montagner, uma figura que sempre reverenciou o circo e o palhaço”, reforça Juliana Sevaybricker. Na programação, será exibido também o documentário Pagliacci, dirigido por Chico Gomes, Julio Hey, Luiza Villaça e Pedro Moscalcoff. O longa conta a história da Cia. LaMínima e traz reflexões filosóficas sobre o “ser palhaço” e a importância de rir de si mesmo.

 

Catarina Garcia(foto: Rafael Grampá/Divulgação)
Catarina Garcia (foto: Rafael Grampá/Divulgação)
A última princesa Catarina Garcia, de 26 anos, carrega no sangue e no sobrenome uma das famílias mais importantes da história do circo no Brasil. Bisneta de Antolín Garcia, conhecido como O Rei do Circo e fundador do Circo Garcia, ela praticamente nasceu no picadeiro. “Aos 5 anos, eu já estava fazendo entrada cômica como clown. Ao longo dos anos, fui aprendendo contorcionismo, dança, bambolê, trapézio. Aprendi tudo com minha família”, afirma Catarina.


O Circo Garcia foi o mais famoso e importante do país e circulou pelo Brasil ao longo de 75 anos. Com o fim das atividades, em 2003, parte da trupe do Garcia – incluindo o pai de Catarina, o mágico Romano Garcia, e o irmão, Rodrigo Garcia, palhaço – foi trabalhar no Circo Tihany Spectacular. O circo está ligado diretamente à vida da artista, pois os pais se conheceram, obviamente, por causa do circo. Coincidentemente, em Minas Gerais. “Minha mãe estava na plateia e se apaixonou pelo papai e pelo picadeiro. Estão juntos até hoje e ela confecciona as roupas dos artistas”, conta.

Atualmente, Catarina se dedica à carreira de atriz, apesar de, vez por outra, ser convidada a se apresentar no circo. “Passei muitos anos fora do Brasil e, quando voltei, me convidaram para ser modelo. Acabei gostando e hoje faço trabalhos modelando e atuando.” Catarina Garcia participou do musical Chicago, aberturas de novelas da Rede Globo, filmes (Os parças, com Tom Cavalcante e Whindersson Nunes, e Não se aceitam devoluções, com Leandro Hassum) e campanhas publicitárias.

 

PROGRAME-SE 

 

QUINTA (9/8)

Concerto pour deux clowns, com Les Rois Vagabonds (França)

21h, no Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3.613, Horto). Tambem amanhã, 21h; e sábado, 19h. Ingresso: R$ 20 (inteira)

SEXTA (10/8)
A sanfonástica mulher lona, com Lívia Mattos (BA)
20h, no Sesc Palladium / foyer (Avenida Augusto de Lima, 420); e às 21h, no Edifício Maletta. Entrada franca

SÁBADO (11/8)

Oteto (MG), com Coletivo Na Esquina
11h, no Parque Municipal, Praça do Sol (Av. Afonso Pena, 1.377, Centro).
Entrada franca

DOMINGO (12/8)

À la carte, com Cia LaMínima (SP)
17h, no Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3.613, Horto). Ingresso: R$ 20 (inteira)

TERÇA (14/8)
Exibição do filme Jonas e o circo sem lona
17h, no cinema do Sesc Palladium (Av. Augusto de Lima, 420, Centro). Também amanhã, 17h. Entrada franca

QUARTA (15/8)

Exibição do filme Pagliacci
17h, no cinema do Sesc Palladium (Av. Augusto de Lima, 420, Centro). Entrada franca.

Pagliacci, com Cia LaMínima (SP)
19h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Av. Augusto de Lima, 420, Centro). Ingresso: R$ 20 (inteira)

. Festival Mundial de Circo. De hoje a 18 de agosto. Vários locais. Informações: festivalmundialdecirco.com.br.


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