A companhia apresenta Dom Quixote e Paquita, obras do repertório clássico da companhia ucraniana. A reportagem conversou com o diretor Ruslan Bentsianov e com os bailarinos Serge Livinenko, que interpreta Dom Quixote, e Jan Vaña, que faz o papel de Lucien em Paquita.
Para a turnê brasileira, a companhia optou por apresentar as duas obras no formato suíte: Dom Quixote com 80 minutos de duração e Paquita com 35 minutos. “Nos preocupamos em incluir no formato suíte tanto o drama como a comédia, com os pontos altos das interpretações individuais dos solistas, é uma apresentação dinâmica”, adianta.
A primeira adaptação de Dom Quixote para a dança foi feita na Áustria por Franz Hilverding, em 1740. “É sempre um desafio, mas um prazer também fazer essa montagem se você tiver em mente o respeito pelos aspectos tradicionais da obra”, diz Ruslan. A obra de Cervantes, publicada em 1605, na Espanha, trata da busca universal dos seres humanos. “A mensagem continua a mesma, todos temos nossos moinhos de vento para enfrentar e devemos manter vivos nossos sonhos e esperanças”, afirma.
Paquita é apresentado em dois atos e três cenas. Foi criado na Ópera de Paris, em 1º de abril de 1846, por Joseph Mazilier (1801-1868) e Paul Foucher (1810-1875), com música de Édouard Deldevez (1817-1897) e Ludwig Minkus (1826-1917). Em Paquita, os bailarinos apresentam mímicas, gestos, expressões fisionômicas e corporais. Chamado balé pantomima, é considerado o modelo do balé clássico. “Paquita é um balé cujo diferencial está nos detalhes, principalmente, técnicos e coreográficos, que exigem perfeição plástica dos movimentos e sincronia do corpo de baile”, destaca o diretor.
Jan Vaña lembra que, apesar de ser um balé de curta duração, há muita exigência física e técnica do bailarino. “Exige muita atenção nos detalhes técnicos. Aí reside nosso desafio”, diz. Ele lembra da rotina de treinos diários, físicos e técnicos, ensaios coreográficos de, no mínimo, duas semanas para cada remontagem e cuidados com alimentação e saúde em geral.
VIRTUOSE A companhia ucraniana vem ao Brasil com 38 profissionais, entre solistas, corpo de baile, técnicos e equipe de produção. Referência mundial em balé clássico, os dançarinos seguem rotina pesada de treinamento para apresentar os movimentos com perfeição, são seis horas de atividades diárias, seis vezes por semana.
Serge Livinenko entrou no Kiev Ballet aos 19 anos. Fez papeis secundários, mas sempre focados na interpretação. Agora, assume a responsabilidade de dar vida a Dom Quixote. “Com o tempo, somos mais especializados em papéis como esse, que necessita mais atuação dramática do que elementos técnicos mais complexos da dança”, afirma.
Nesta turnê, a companhia passou por Florianópolis (SC) e Curitiba (PR). Depois de BH, segue para São Paulo. “Essa temporada está sendo diferente da realizada no ano passado, quando minha esposa estava no grupo. Conhecer cidades do Brasil e as diferentes plateias foi um grande impacto. Neste ano, estou mais focado na interpretação e sentindo a reação dos espectadores, o que não tira a possibilidade de mais surpresas deste país tão diverso”, afirma Jan Vaña.
DOM QUIXOTE E PAQUITA
Com Kiev Ballet, direção de Ruslan Bentsianov. Quinta (9), às 21h, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400.) Ingressos: Plateia 1: R$ 350 (inteira) e R$ 175 (meia). Plateia 2: R$ 300 (inteira) e R$ 150 (meia). Plateia superior: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia).