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Coreógrafa Fátima Carretero apresenta sua versão da ópera 'Carmen', de Bizet

A ópera Carmen, composta pelo francês Georges Bizet na segunda metade do século 19, conta a história da cigana que usa seus encantos para hipnotizar os homens. Arma de sedução da protagonista, a dança é ressaltada na adaptação criada pela coreógrafa Fátima Carretero, que será encenada no Teatro Raul Belém Machado, no fim de semana.



É a terceira vez que a artista leva aos palcos sua releitura, em versão flamenca, do clássico de Bizet. O projeto nasceu na década de 1980, a partir de um conselho da veterana Bibi Ferreira, que recomendou a Fátima adaptar o drama para a dança.

 

“Carmen é uma ópera muito popular, está entre as mais famosas em todos os tempos, mas nem todo mundo está aberto a assistir a uma ópera. A dança é uma forma acessível de contar essa história”, avalia a coreógrafa. Nesse processo de adequação de linguagens, Fátima transpôs a trama para a realidade brasileira. Inclusive, mudou a grafia do título, que passou a ser Carmem com “m”. Entretanto, fez questão de manter os quatro atos originais. A diretora só lamenta ainda não ter conseguido apresentar o projeto ao ar livre. “Carmem é essencialmente uma peça para a praça pública”, defende.

FEMINISMO

Por conta de sua protagonista libertária e sensual, Carmen foi rotulada como a primeira ópera feminista da história. Amoral, a cigana foi de encontro ao ideal de heroína operística de sua época. Além de ritmos e elementos da cultura brasileira, o espetáculo de Fátima Carretero ressalta uma discussão contemporânea: a violência. A adaptação prega a pacificação, mostrando que tanto a vítima quanto o assassino têm a vida ceifada.




“Não posso dizer que a obra original e o nosso espetáculo sejam feministas. Há uma abordagem da violência contra a mulher, mas nossa mensagem é contra a violência de uma forma geral, a favor do respeito ao próximo”, diz Fátima.

FAMÍLIA

A direção de arte e a cenografia são assinadas pelo artista plástico Carlos Carretero, marido da coreógrafa. A personagem principal é defendida pela bailarina Lilian Vieira, sobrinha do casal.  Aixa Carretero, filha deles, interpreta Premonição, uma espécie de alma da protagonista, encarregada de guiar o espectador pela trama.
A família Carretero, que comanda o Centro de Cultura Flamenca, dedica-se a manter viva a tradição espanhola em BH. Reconhecida pela Embaixada da Espanha, a instituição promove o espetáculo em parceria com o Instituto Cervantes.


A trilha sonora, gravada pelo diretor de ópera Francisco Mayrink, não é executada ao vivo. Em poucos trechos, a diretora aposta no talento vocal de seu elenco, mas esclarece que o foco é mesmo a dança. “Se investíssemos nesse sentido, precisaríamos de cantores líricos, o que tornaria mais complicado todo o nosso processo de concepção”, conclui Fátima Carretero.

CARMEM
Sexta-feira (20) e sábado (21), às 20h. Teatro Raul Belém Machado. Rua Leonil Prata, s/nº, em frente à Praça Paulo VI, Bairro Alípio de Melo. (31) 3277-6437. Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada ou antecipado).