Coreógrafa e dançarina de flamenco, a espanhola María Pagés está no Brasil com o espetáculo Óyeme con los ojos (Ouça-me com os olhos), que ela apresenta em BH nesta quinta-feira (17), no Sesc Palladium. No encontro com o público belo-horizontino, ela pretende compartilhar também suas reflexões e inquietações a respeito da própria trajetória na dança.
Para esse que é seu primeiro espetáculo solo em mais de 30 anos de uma premiada carreira, María Pagés se inspirou em um poema do século 17 que a ajuda a definir “o momento particular” que atravessa “como mulher e coreógrafa profissional, depois de muitos anos de experiência”.
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PRESENTE Os músicos são as únicas companhias de María Pagés em cena. Acostumada a dividir o palco e ainda dirigir 20 ou 30 profissionais por espetáculo, vendo-se sozinha em cena pela primeira vez, ela diz: “É diferente. Dirigir uma companhia é um grande esforço, mas agora é um mundo dentro de nosso mundo. É especial, porque se refere à minha pessoa. Os solos permitem que a gente se concentre apenas em si mesma, diferentemente de quando há várias pessoas no palco. É um presente que ganho, necessário no momento de maturidade da minha vida. Tenho mais de 50 anos, e é preciso aproveitar da minha sabedoria e de todos esses anos de trajetória, saber como administrar o corpo e desfrutar de tudo que aprendi”, diz a coreógrafa, premiada mais de 10 vezes por seu trabalho na Espanha e também em festivais internacionais de dança em países como Itália e Chile. Em 2012, ela ganhou o prêmio do público no Festival de Jeréz, por Utopía, obra que montou inspirada na obra do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer.
Ainda sobre o fato de se apresentar sozinha, ela diz que “o flamenco tem uma origem individualista”. Para Pagés, ainda que seja uma arte tradicional, o flamenco também leva em sua essência a possibilidade de se reinventar com o tempo. “A tecnologia nos permite conhecer mais coisas, e o flamenco é uma arte popular que convive com tradição e evolução. Ele nasce no Sul da Espanha da reunião de muitas culturas. Ali estavam os mouros, cristãos, judeus, africanos e, depois, o diálogo com a América. Então ele segue revolucionando; não fica impassível diante das coisas”, argumenta.
Óyeme con los ojos vem a BH como parte da Temporada Pólobh, depois de passar por Saõ Paulo e Rio. Antes da apresentação do espetáculo, haverá um encontro com a coreógrafa, às 15h, também no Sesc Palladium. As vagas são limitadas e as inscrições devem ser feitas por telefone.
Óyeme con los ojos
Espetáculo solo da bailarina de flamenco Maria Pagés. Nesta quinta-feira (17), às 20h30, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Ingressos: R$ 50 (lote promocional) e R$ 120 (Lote 1). Mais informações: (31) 3270-8100.