Os atores Viviani Rayes e Yashar Zambuzzi são casados há 18 anos e nunca haviam contracenado um com o outro. Até que, em 2013, a “ficha caiu” e eles decidiram procurar por um projeto para estender essa parceria também aos palcos. Depois de analisar vários textos, Yashar encontrou Blackbird, do escocês David Harrower. “Quando a gente leu, não pensou duas vezes. Era um texto superpremiado, encenado em vários países e que favorecia nós dois em cena. Foi um presente para nós como atores e como cidadãos. Além de falar o que é necessário, essa peça vai além do entretenimento. Ela vai ao encontro de uma linha teatral que a gente gosta muito, que é a de levar à reflexão e ter responsabilidade sociocultural”, afirma Viviani.
A montagem estreia nesta quinta-feira (3) no Centro Cultural Banco do Brasil, na Praça da Liberdade, onde fica em cartaz até 14 de maio. O texto é inspirado em um caso real de pedofilia. Na história, um homem de 56 anos e uma jovem de 27 se reencontram, 15 anos depois de terem tido uma relação amorosa, portanto, quando ela tinha apenas 12 anos de idade e ele, 41.
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VERDADE Por ser um texto de um realismo psicológico grande, a atriz afirma que era fundamental transmitir a sensação de verdade em cena, o que exigiu bastante dela e de Yashar. “Não dá para fazer com truques, fazer de conta. Apesar de tudo ser ensaiado, de ser ficção, a plateia precisa olhar e acreditar. Aconteceu muitas vezes de pessoas que assistiram comentarem conosco que entraram tanto na história que se esqueceram de que estavam no teatro. Isso é muito gratificante para a gente, porque é uma peça que exige muita concentração e respeito”, diz.
Com direção de Bruce Gomlevsky, Blackbird estreou no Rio de Janeiro, em setembro de 2014. A peça também foi encenada no Festival de Curitiba. Recentemente, uma montagem na Broadway, com Jeff Daniels e Michelle Williams, recebeu indicações ao Tony Awards de melhor texto, ator e atriz. Há também uma versão cinematográfica da história, chamada UNA (nome da personagem feminina), que foi lançada no ano passado.
O nome da produção tem uma história curiosa. Viviani Rayes conta que, quando o texto foi encomendado a David Harrower, ele enviou a sinopse sem um título. “Ele precisava de um nome e não achava. Foi então que batizou de Blackbird porque, na cabeça dele, o protagonista escutaria a canção Blackbird, dos Beatles, enquanto fugia. Foi uma fantasia do autor. Só mais tarde David veio a descobrir que o canto do pássaro blackbird é um canto sedutor e que a palavra também é uma gíria para ex-presidiário. Intuitivamente, ele acabou acertando em cheio.” (Com Agência Estado)
Blackbird
De: David Harrower. Direção: Bruce Gomlevsky. Com Viviani Rayes e Yashar Zambuzzi. Até 14 de maio, no CCBB (Praça da Liberdade, 450, Funcionários. (31) 3431-9400). De quinta a segunda, às 20h. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Venda de ingressos: bilheteria do teatro e www.eventim.com.br. Classificação: 16 anos.