Pela primeira vez, o coreógrafo Mário Nascimento não assinará um espetáculo da companhia que leva seu nome. A missão coube a Rosa Antuña, que, em Dança de brinquedo, explora um ambiente pouco desbravado pela dança contemporânea: o público infantil. No fim de semana, o espetáculo será apresentado no Teatro Marília.
A ideia era oferecer algo inédito para comemorar os 20 anos do grupo. “A gente quis fazer coisas que nunca tínhamos feito. Já havia dirigido trabalhos autorais fora da companhia, mas lá dentro é o primeiro”, diz Rosa, que há 15 anos trabalha com Mário Nascimento.
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O trabalho foi ainda mais desafiador por se voltar para o público infantil. “Nosso objetivo é fazer as crianças acreditarem que ali está um brinquedo de verdade, sem pensar que há uma pessoa por trás da maquiagem. Elas são o público, o investimento na arte do futuro. A criança precisa descobrir a arte para se interessar e, depois, levá-la com ela”, diz.
Os projetos individuais de Rosa Antuña extrapolam a dança. A trilogia Feminino – que reuniu os espetáculos Mulher selvagem, O vestido e A mulher que cuspiu a maçã – vai virar um longa-metragem, com lançamento em breve. “Minha produtora está no estúdio editando o filme. Tudo é bem autoral mesmo. Afinal, a gente não conta com muito investimento. Falta estímulo à arte aqui no Brasil, mas a gente se esforça porque esse é o nosso sonho”, desabafa.
E o sonho de Rosa vem dos tempos de criança. “Eu cantava, dançava, fazia desenhos. Estudei música, teatro e performance. A diferença é que pensava em ser bailarina clássica, mas fui percebendo outras áreas da dança e me tornei o que sou hoje. É até engraçado. Na reunião dos amigos de escola, todo mundo virou algo diferente do que queria na infância, mas posso dizer: sou o sempre sonhei”, conclui.
DANÇA DE BRINQUEDO
Coreografia: Rosa Antuña. Com Cia. Mário Nascimento. Sábado (10) e domingo (11), às 16h. Teatro Marília. Avenida Professor Alfredo Balena, 586, Centro. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). Informações: (31) 3277-4697.