
Das 17 apresentações que compõem a grade alternativa, 14 são estreantes na maratona teatral. É o caso de Gostôsa - uma experiência no erótico feminino, solo de Maria Cecília Mansur com direção de Marcelo do Vale. Livremente inspirado no conto Monólogo, de Simone de Beuvoir, o espetáculo parte da pergunta “O que é uma mulher gostosa?” para discutir questões como objetificação feminina, papeis de gênero, sexualidade e outros correlatos.
“Eu parto do princípio de que o erotismo é uma consciência. A partir do momento em que a mulher é dona do prazer dela, torna-se mais segura, independente, capaz de dizer ‘não’. O que eu proponho, então, é um diálogo com a plateia sobre isso, ressignificando a palavra gostosa. Ela hoje é usada para nos impor um padrão goela abaixo. Mas seu sentido original é positivo. Está ligada ao prazer, e prazer é uma coisa boa. Dentro dessa perspectiva, toda mulher é gostosa, carrega dentro de si inúmeras possibilidades de sentir prazer. O prazer da mulher, o corpo dela é que é o x da minha questão”, explica Maria Cecília Mansur.
A performance de aproximadamente 40 minutos nasceu de pichações com frases eróticas deixadas por Maria Cecília por banheiros de Belo Horizonte, sob a assinatura “Gostôsa”. E não se encerra no palco. Trata-se de uma iniciativa transmídia, que inclui ainda um site, em que as visitantes deixam depoimentos sobre sua sexualidade, perfis em redes sociais e um videodocumentário, com lançamento previsto para 2018.
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Com enredo focado no debate de preconceitos e violências, Ignorância, da trupe Quatroloscinco, é outra produção apostar nos efeitos da mudança de público. Não que tenha sido concebida dentro de uma perspectiva intimista. Estreou em 2015 no também no CBB, onde ficará em cartaz para Campanha. Segundo o diretor Marcos Coletta, estar na campanha teatral representa uma oportunidade de encher a casa com um público que, normalmente, não frequenta espetáculos com o perfil dos encenados pela Quatroloscinco.